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Iracema - Repositório Institucional UFC

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Na Eneida, os Troianos são acolhidos com a maior galhardia pela rainha Dido, de<br />

Cartago. Depois de receber uma delegação troiana, pedindo a sua proteção 531 , oferece aos<br />

estrangeiros a cidade que fundou 532 . Dirigindo-se a Enéias, reconhece a sua filiação<br />

divina 533 e declara ter sabido da sorte de Tróia, do nome do herói e dos reis gregos 534 .<br />

Solidarizando-se com a sorte dos refugiados, encoraja-os, partilhando a experiência do seu<br />

sofrimento 535 . Os gestos da hospitalidade compreendem a ação de graças nos templos da<br />

cidade 536 , o fornecimento da alimentação a toda a tripulação 537 , o alojamento luxuoso e um<br />

banquete suntuoso 538 . Enéias retribui a hospitalidade com presentes preciosos trazidos da<br />

destruída Tróia 539 . Vênus, sua mãe, porém, receia a viragem hospitaleira da rainha fenícia,<br />

no momento crucial. Por isso, inflama-a com um incêndio amoroso 540 . Paradoxalmente,<br />

seria a decepção posterior que inspiraria o seu suicídio. Entretanto, é ela que reconhece a<br />

hospitalidade como uma lei prescrita por Júpiter, ao suplicar ao pai dos deuses uma jornada<br />

feliz, na companhia de Baco e de Juno 541 . Após as libações rituais e a entrega noturna a um<br />

longo amor 542 , pede ao herói que lhe conte as aventuras da ruína de Tróia e da sua errância,<br />

ao longo de sete longos anos 543 .<br />

Paradoxalmente, também, por interferência da rainha Amata, junto de quem Juno<br />

enviara a insidiosa fúria Alecto 544 , Enéias não pôde receber o acolhimento hospitaleiro que<br />

o esposo da rainha, o rei Latino, estava disposto a dispensar-lhe 545 , nem o cumprimento<br />

imediato dos fados segundo os quais lhe estava destinada em casamento a filha do rei<br />

indígena 546 . Só no desenlace da narrativa, após prolongada guerra, o herói vencedor poderá<br />

unir-se à esposa destinada.<br />

531 Cf. Aen., I, 521-568.<br />

532 “É vossa a cidade que fundei ( Aen., I, 573).<br />

533 “tu, nascido de uma deusa” ( Aen., I, 615).<br />

534 “soube do teu nome, da cidade de Tróia e dos reis Pelasgos ( Aen., I, 623-624).<br />

535 “Também semelhante sorte me atingiu com muitos sofrimentos / justamente quando quis lançar-me sobre<br />

esta terra. / Não foi sem sofrer que aprendi a socorrer os infelizes ( Aen., I, 628-630).<br />

536 Cf. Aen., 632.<br />

537 Vinte touros, cem porcos, cem cordeiros – Cf. Aen., I, 634-635.<br />

538 Cf. Aen., I, 637-642.<br />

539 Cf. Aen., I, 647-655.<br />

540 Cf. Aen., I, 670-675.<br />

541 Cf. Aen., I, 731-734.<br />

542 “Entretanto, retomando recorrentemente o diálogo durante a noite / a infeliz Dido bebia um longo amor” (<br />

Aen., I, 748-749).<br />

543 Cf. Aen., I, 753-756.<br />

544 Cf. Aen., VII, 286-405.<br />

545 Cf. Aen., VII, 192-248.<br />

546 Cf. Aen., VII, 268-273.<br />

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