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Iracema - Repositório Institucional UFC

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constitui “a maior audácia literária da Antigüidade e a Fortuna a ajudou”, segundo<br />

Francisco Edi de Oliveira Sousa 1 , que ilustra seu conceito com a frase de Turno, no canto<br />

X, quando este procura animar seus soldados em meio da batalha: ''Audentis Fortuna iuuat''<br />

(''A Fortuna ajuda os audaciosos''). “Do ponto de vista da composição, a Eneida é soberba,<br />

dentro de uma moldura épica, trabalha modelos e técnicas de diversos gêneros literários” 2 ,<br />

completa o mestre.<br />

Importa, antes de mais, frisar que não pretendemos comparar características formais<br />

de obras tão diferentes quanto à composição, mas tão-somente a respectiva perspectiva<br />

mítico-fundacional.<br />

Ao lermos a saga indianista alencariana, pondo à parte o espaço onde as narrativas<br />

ocorrem, sobretudo, sempre tivemos a sensação de estar lendo uma epopéia. Observamos<br />

que, nessas obras, o autor sugere narrativas míticas através de ações dinâmicas, apropriadas<br />

para a epopéia, que divergem das regras formais do gênero, por ser escrita em prosa. Daí<br />

uma interrogação: será tal intuição o devaneio de um leitor passional ou outros leitores<br />

também identificam no conjunto da obra indianista do autor de O Guarani nuanças de uma<br />

epopéia?<br />

Afinal, quem pode afirmar que José de Alencar não intentou construir um poema<br />

das origens da sua terra natal que ombreasse ao que Virgílio, poeta romano, fez para Roma<br />

e os Romanos? Efetivamente, sabemos que Alencar tencionava escrever a sua <strong>Iracema</strong> em<br />

verso, e antes mesmo dessa obra tentou, sem sucesso, escrever um poema épico para ofertar<br />

ao seu povo 3 . Infelizmente Alencar não logrou sucesso nessa empresa 4 . Com a humildade<br />

inerente aos sábios, o autor de <strong>Iracema</strong> reconheceu que o seu talento como escritor não<br />

caminhava junto ao metro, e em respeito aos seus leitores desistiu de escrever o poema,<br />

pois, “suporta-se uma prosa medíocre, mas o verso medíocre é a pior triaga que se possa<br />

impingir ao pior leitor” 5 .<br />

1 Professor de Filologia Românica, Língua e Literatura Latina da Universidade Federal do Ceará – <strong>UFC</strong>.<br />

[Jornal O POVO - 03.08.2005].<br />

2 Ibid.<br />

3 “Então tentou, em vão, durante cinco meses, produzir o grande poema épico nacional, Os Filhos de Tupã,<br />

que pretendia oferecer aos brasileiros como Camões oferecera Os Lusíadas aos compatriotas”( NETO, Lira.<br />

IRACEMAS: imagens de uma lenda/Gabinete do Governador do Estado do Ceará. Fortaleza: Barbarela B<br />

Comunicação e Marketing, 2006).<br />

4 “O longo poema, contudo permanecia para sempre inacabado.” (Ib.)<br />

5 “Escreveria Alencar ao amigo Jaguaribe”( Ibid.).<br />

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