Iracema - Repositório Institucional UFC

PALAVRAS DA MESTRANDA
Pretendemos, neste breviário em primeira pessoa, apresentar as motivações pessoais
que suscitaram o trabalho comparatista entre Eneida e Iracema. Eneida, poema épico da
literatura latina cujos versos inspiraram a literatura ocidental, em especial o poeta Dante
Alighieri, que o elegeu como a “luz dos demais poetas”, além de Luis de Camões que se
inspira diretamente neste grande Épico romano para escrever Os Lusíadas. Iracema, poema
em prosa romântica da literatura brasileira, cuja composição tem inspirado ao longo dos
anos poetas, compositores, pintores, repentistas, além das mais variadas considerações
críticas e estudos científicos.
Afinal, o que motivou o estudo comparativo de duas obras tão distantes no espaço
temporal? Obras pertencentes a correntes literárias e modalidades também distintas?
Não pretendemos diminuir o mérito do autor romano, eleito por Dante para
ciceronear o visitante da Divina Comédia em seu ''passeio'' ao mundo dos mortos,
comparando-o ao nosso Alencar. Pretendemos sim, colocar o autor de O Guarani para o
Brasil à altura do que foi Virgílio para Roma, no que tange à questão do mito fundacional, e
assim, não desmerecer o crédito do maior prosador romântico da literatura brasileira, a
quem o realista Machado de Assis chamou “meu mestre”.
Conhecemos as distinções estruturais entre as duas composições. Iracema é uma
narrativa curta, chamada por seu autor de “lenda do Ceará”, fato que não diminui a sua
grandiosidade literária, pois a estilística do romance é vigorosa e Machado de Assis
considerou-a como um poema em prosa, enquanto a Eneida, a grande epopéia romana,
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