Iracema - Repositório Institucional UFC
Iracema - Repositório Institucional UFC Iracema - Repositório Institucional UFC
CAPITULO III ALENCAR NO RASTRO DE VIRGÍLIO Camila em combate entre troianos e seus inimigos. Fonte: Públio Virgílio Marão. L'Eneide, (Le Avventure di Enea), traduzione di Annibal Caro, Firenze: Casa Editrice G. Nerbini, 1929 100
3.1 A imitatio e a originalidade Analisar uma obra de arte é sempre uma tarefa árdua, mas ao mesmo tempo prazerosa, pois faz parte do crescimento humano refletir sobre as questões abordadas pelos grandes autores. É por causa deste pressuposto que nos debruçamos não apenas sobre uma, mas sobre duas grandes obras literárias: para tentarmos extrair-lhes algo que demonstre uma aproximação entres elas, não obstante as diferenças que as distanciam. O estudo de caráter comparativo entre Iracema, de Alencar, e a Eneida, de Virgílio, nasceu da consciência de que faz parte da tradição greco-latina a retomada pelos escritores, de modelos preexistentes pelos escritores. A imitatio, como é designado esse processo pelos Romanos, por consistir em retomadas de outros textos, das formas mais variadas, possibilita estabelecer um confronto entre eles e, através desse diálogo, criar efeitos de sentido. Como tal, o estudo comparatista entre Iracema e Eneida pretende tornar possível a visualização de conexões do romance alencariano com o poema virgiliano; relações que se encontram subjacentes aos textos - “uma ‘mensagem’ não expressa concreta e diretamente no enunciado do texto alusivo, um código que cabe ao leitor desvendar e explicitar” 416 . Para que se possa fazer aparecer essa “mensagem”, é necessário, antes de tudo, detectar a alusão, ou a presença das relações que se estabelecem entre o texto romântico de Alencar e o clássico de Virgilio. Não é difícil encontrar as fontes principais em que se inspirou Alencar. Este seguiu Chateaubriand, assim como Virgílio seguiu Homero: Iracema é, num certo sentido (não o contemporâneo da imitação, mas o da imitatio clássica), a transposição de Atala, de Chateaubriand, autor que Alencar confessou ter lido bastante. Temos, pois, o caso de uma composição homóloga, pois apresenta vários pontos em comum: o tema da felicidade primitiva dos chamados “selvagens”, que começa a se corromper diante da primeira aproximação do dito “civilizado”; a idéia do “bom selvagem”; o amor de uma índia por um estrangeiro; a morte das duas heroínas; o exótico da paisagem; enfim, o conflito 416 Vasconcellos, 1996, 52. 101
- Page 49 and 50: as tuas ondas, / quantos escudos, c
- Page 51 and 52: Por sua vez, Turno, o antagonista d
- Page 53 and 54: 1.14 Dido e Enéias A rainha Dido
- Page 55 and 56: Para além desta inconciliável sep
- Page 57 and 58: oracular. Por meio do sofrimento (p
- Page 59 and 60: necessidade mecenática do literato
- Page 61 and 62: "Tudo pelo Brasil, e para o Brasil"
- Page 63 and 64: idéia da vontade geral de Rousseau
- Page 65 and 66: A Cultura Clássica exprime, como t
- Page 67 and 68: A personagem Dido, na Eneida, é co
- Page 69 and 70: a Martim que não mate Caubi (o Sen
- Page 71 and 72: 2.7 O sacrifício da conciliação
- Page 73 and 74: 2.8 Iracema, a heroína “dos láb
- Page 75 and 76: profecia do Pajé, consumando, na
- Page 77 and 78: Tragicamente, porém, nova profecia
- Page 79 and 80: traz o semblante toldado pelos sina
- Page 81 and 82: É este primeiro contato que suscit
- Page 83 and 84: Após o combate em que os tabajaras
- Page 85 and 86: consumido seu belo corpo, mas a sua
- Page 87 and 88: certamente, de um triângulo amoros
- Page 89 and 90: dos encantos do romance, sempre ext
- Page 91 and 92: “- Vieste? - Vim: respondeu o des
- Page 93 and 94: estrangeiro Martim à grande taba d
- Page 95 and 96: O bosque de Tupã, desvendado pela
- Page 97 and 98: Mas, saturado de felicidade 392 , o
- Page 99: O contraste entre o passado de feli
- Page 103 and 104: proposição, o poema começa, com
- Page 105 and 106: os seus companheiros, para fundar,
- Page 107 and 108: 3.4 Os heróis Virgílio canta “a
- Page 109 and 110: poder / dos deuses das alturas, dev
- Page 111 and 112: 3.5 Iracema e Dido Tanto Iracema qu
- Page 113 and 114: 3.6 Iracema e Lavínia Acabamos de
- Page 115 and 116: Camila é uma jovem guerreira, furi
- Page 117 and 118: Os jovens Lauso e Palante não vão
- Page 119 and 120: dia”. Como sinais da expansão da
- Page 121 and 122: nação” 511 . A comparação dos
- Page 123 and 124: 3.11 A miscigenação e a incultura
- Page 125 and 126: subversão dos códigos do domínio
- Page 127 and 128: Também Martim é acolhido pelos Ta
- Page 129 and 130: velho, com o renascimento da sua ju
- Page 131 and 132: ventos (...)/ o deus poderoso a rep
- Page 133 and 134: sintonia com o mundo que os cerca,
- Page 135 and 136: sustentar a robustez do corpo; e no
- Page 137 and 138: Em paratexto, o autor acrescenta um
- Page 139 and 140: desencadeada pelo deus da adivinha
- Page 141 and 142: dos reinos vegetal e animal: a ele
- Page 143 and 144: Dr. Jaguaribe, o escritor brasileir
- Page 145 and 146: Sabemos que o principal representan
- Page 147 and 148: com Peri e Ceci, sobreviventes que
- Page 149 and 150: protagonista e de uma união de amo
CAPITULO III<br />
ALENCAR NO RASTRO DE VIRGÍLIO<br />
Camila em combate entre troianos e seus inimigos.<br />
Fonte: Públio Virgílio Marão. L'Eneide, (Le Avventure di Enea), traduzione di Annibal Caro,<br />
Firenze: Casa Editrice G. Nerbini, 1929<br />
100