O CLAUSTRO ESTÁ NA RUA! - Universidade de Coimbra
O CLAUSTRO ESTÁ NA RUA! - Universidade de Coimbra
O CLAUSTRO ESTÁ NA RUA! - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
PÁGI<strong>NA</strong> 4 O <strong>CLAUSTRO</strong><br />
Em 1834, com a extinção das Or<strong>de</strong>ns religiosas, o edifício<br />
vê-se abandonado e, à semelhança <strong>de</strong> tantos outros colégios,<br />
ficará ao <strong>de</strong>us-dará. Em 1841, será entregue à Misericórdia e<br />
Casa dos Expostos, o que lhe valerá a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> Colégio<br />
dos Órfãos. Em 1967, um violento incêndio esvaziará novamente<br />
o espaço. E em 1985 nele estabelecerá morada a nova<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Psicologia e <strong>de</strong> Ciências da Educação da <strong>Universida<strong>de</strong></strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>.<br />
Ora, eis-nos chegados a 2010, 33 anos <strong>de</strong> um Curso, 30<br />
anos da criação <strong>de</strong> uma Faculda<strong>de</strong>, 25 anos da conquista <strong>de</strong><br />
um espaço-tempo-Faculda<strong>de</strong> autónomo e ao dia em que O<br />
Claustro, materializado em formato <strong>de</strong> jornal, se vê, <strong>de</strong><br />
novo, arribado à luz do dia - essa utopia criada há alguns<br />
anos atrás, suspensa por tempo (in)<strong>de</strong>terminado, e que (re)<br />
nasce, agora, renovada. Eis-nos num lugar fluido, num lugar<br />
que fala aos seus habitantes e nos permite falar <strong>de</strong>les, lugar<br />
cheio <strong>de</strong> projectos, <strong>de</strong>sejos e esperanças, i<strong>de</strong>ias e letras<br />
impressas. Inscrições.<br />
É <strong>de</strong> inscrições que se enche a nossa abordagem ao Claustro.<br />
Porque é, e sempre o assumimos, espaço <strong>de</strong> Encontro,<br />
lugar <strong>de</strong> transformações.<br />
Propomo-nos, então, da fruição <strong>de</strong> tempo(s) <strong>de</strong> comemoração,<br />
reflectir o espaço: Acompanhem-nos, façam-nos o gosto!<br />
Reparem, a história <strong>de</strong> um edifício só se concretiza verda<strong>de</strong>iramente<br />
com a sua componente humana, transformadora.<br />
Se pensarmos o Claustro nesta perspectiva <strong>de</strong> percurso<br />
possível, do espaço–tempo arquitectónico ao espaço–tempo psicológico,<br />
percebemos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assumir outro <strong>de</strong>safio:<br />
“um novo espaço (exige) uma nova mentalida<strong>de</strong>”. Ora, a<br />
FPCEUC é um novo espaço, a <strong>Universida<strong>de</strong></strong> é um novo<br />
espaço, especialmente para todos que, a cada ano académico<br />
que <strong>de</strong>sponta, se (a)percebem chegados como novos rostos<br />
que aí/(aqui) se iniciam e vão ganhando (a)feição... A ser<br />
assim, chegar à <strong>Universida<strong>de</strong></strong> é também (re)nascer <strong>de</strong> outra<br />
maneira. É, para cada um, apossar-se <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo e começar<br />
como se fosse a primeira vez que se vive. Isso foi visível<br />
na expressão e nas vozes <strong>de</strong> todos os que, no dia 23 <strong>de</strong><br />
Setembro, respon<strong>de</strong>ram à chamada, ao encontro: <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />
apren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> conviver, <strong>de</strong> interagir – - comunicar...<strong>de</strong><br />
ser...(Feliz).<br />
Mas se o <strong>de</strong>sejo não se transforma, o Acontecimento não nasce e<br />
nada/ninguém se inscreve (cf. José Gil, Portugal Hoje – O<br />
medo <strong>de</strong> existir, 2005). O que significa que, se, em termos<br />
<strong>de</strong> pertença, uma ida à Secretaria Geral permite a inscrição<br />
num Curso, por exemplo, a I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> exige, claramente,<br />
outros Percursos <strong>de</strong> inscrição! É <strong>de</strong>stes que gostamos <strong>de</strong><br />
cuidar. São estes percursos que po<strong>de</strong>m ver-se pon<strong>de</strong>rados,<br />
sonhados, preparados, tão melhor quanto mais se ouvem as<br />
vozes e se sentem os <strong>de</strong>sejos, as forças, as vonta<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emergir<br />
daqueles que compreen<strong>de</strong>m e assumem a urgência <strong>de</strong> se<br />
inscreverem e <strong>de</strong> o fazerem para bem; em palavras, actos e<br />
missões que, aproveitando a esses poucos, num primeiro<br />
momento, tenham como valioso fim aproveitar a toda a<br />
Humanida<strong>de</strong>. Em sintonia. Em sincronia. Como? No<br />
encontro. Encontro, enquanto momento privilegiado da<br />
acção <strong>de</strong> encontrar, na sua multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acepções: no<br />
encontro <strong>de</strong> si (modo reflexivo: encontrar-se) e com o Outro<br />
(ir ao encontro <strong>de</strong>); no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta; no sentido <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>safio (num convite à discussão, à interrogação, à investigação);<br />
em pluralida<strong>de</strong> (encontros; porque até em engenharia<br />
civil é ponto assente que sem encontros não se po<strong>de</strong>m lançar<br />
pontes!). No encontro da sua própria voz e da escuta<br />
(activa) da voz d’O Outro. On<strong>de</strong>? Em todos os lugares on<strong>de</strong><br />
haja uma pessoa (re)nascida. On<strong>de</strong>? Em lugares on<strong>de</strong> seja<br />
impossível não nos ouvirmos. On<strong>de</strong> seja impossível não<br />
ouvir O Outro. Lugares como este Nosso Claustro: aqui é<br />
impossível não nos ouvirmos porque é impossível ficarmos<br />
indiferentes à(s) nossa(s) própria(s) voz(es), em diálogo(s) ,<br />
mesmo que esta(s) só nos segre<strong>de</strong>(m), só nos sussurre(m),<br />
só fale(m) baixinho e quase que a medo dos <strong>de</strong>sejos que aqui<br />
nos/vos trouxeram e a todos os que já nos prece<strong>de</strong>ram, no<br />
tempo.<br />
Filipe Pereira