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pde caderno pedagó - Secretaria de Estado da Educação

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO<br />

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO<br />

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE<br />

CADERNO PEDAGÓGICO<br />

ABORDAGENS DO MOSAICO NO AMBIENTE ESCOLAR<br />

Autora: Mary Rosane Vicente Dacól<br />

Orientadora: Keila Kern<br />

CURITIBA 2008


SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................... 4<br />

1 UNIDADE 1 – MOSAICO ..................................................................................................................................................5<br />

1.1 Tessela.............................................................................................................................................................................6<br />

1.2 Meu primeiro encontro com o mosaico/1ª experiência na escola....................................................................................8<br />

1.3 Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s .......................................................................................................................................................................11<br />

2 UNIDADE 2 – ORIGEM E BREVE HISTÓRIA DO MOSAICO..........................................................................................15<br />

2.1 Curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sobre Pompéia .........................................................................................................................................18<br />

2.2 Território geográfico <strong>da</strong> Arte Musiva ..............................................................................................................................19<br />

2.3 Mosaico do antigo ao novo, o que mudou? ...................................................................................................................23<br />

2.4 Como não falar <strong>de</strong> Gaudí ...............................................................................................................................................24<br />

2.5 Mosaico: Método direto e indireto ..................................................................................................................................25<br />

2.6 Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.......................................................................................................................................................................26<br />

3 UNIDADE 3 - MOSAICO NO BRASIL, AONDE TUDO COMEÇOU................................................................................30<br />

3.1 Calça<strong>da</strong>s Portuguesas/Calça<strong>da</strong>s Brasileiras..................................................................................................................32<br />

3.2 Exemplos <strong>de</strong> calça<strong>da</strong>s em mosaico................................................................................................................................33<br />

3.3 Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s .......................................................................................................................................................................34<br />

4 UNIDADE 4 - CURITIBA E O MOSAICO ........................................................................................................................39<br />

4.1 Franco Giglio ..................................................................................................................................................................39<br />

4.2 Poty Lazarotto e o mosaico ............................................................................................................................................42<br />

4.3 Artistas brasileiros e o mosaico no Brasil........................................................................................................................43<br />

2


4.4 Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ........................................................................................................................................................................46<br />

5 UNIDADE 5 MOSAICISTAS DE CURITIBA FAZENDO HISTÓRIA.................................................................................49<br />

5.1 Guido Schille .................................................................................................................................................................. 49<br />

5.2 Vera Romano, uma <strong>de</strong>ntista que se tornou mosaicista ..................................................................................................52<br />

5.3 A mosaicista Selma <strong>de</strong> Oliveira ......................................................................................................................................56<br />

5.4 Mosaico, arte, artesanato. Qual é a fronteira ..................................................................................................................57<br />

5.5 Reaproveitamento ...........................................................................................................................................................58<br />

5.6 Mauro Dacól, um empresário que <strong>de</strong>scobriu a Arte Musiva ...........................................................................................61<br />

5.7 Bea Pereira, a artista que escreveu um livro: “Mosaico sem segredos”..........................................................................65<br />

5.8 Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s .......................................................................................................................................................................70<br />

5.9 Exposições <strong>de</strong> mosaico em Curitiba ..............................................................................................................................72<br />

6 UNIDADE 6 PRODUÇÃO DE MOSAICO COM BASE EM MDF ...................................................................................75<br />

6.1 Consi<strong>de</strong>rações finais ......................................................................................................................................................77<br />

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................78<br />

3


INTRODUÇÃO<br />

ARTE DO MOSAICO E POSSÍVEIS ABORDAGENS NO AMBIENTE ESCOLAR<br />

Este é um <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico que vai abor<strong>da</strong>r o tema “Mosaico” a fim <strong>de</strong> tornar possível o conhecimento <strong>de</strong>ssa<br />

arte na escola. Através <strong>de</strong> uma abor<strong>da</strong>gem teórica e também prática, apresento sugestões <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s artísticas que<br />

vão <strong>de</strong> encontro a novas maneiras <strong>de</strong> trabalhar o mosaico no ambiente escolar.<br />

O <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico compõe o Projeto <strong>de</strong> Intervenção na Escola e se constitui <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gens sobre o mosaico<br />

através <strong>de</strong> textos, imagens, <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> artistas, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, numa tentativa <strong>de</strong> levar a você, aspectos<br />

relevantes <strong>da</strong> arte do mosaico do passado e mais precisamente do panorama <strong>da</strong> Arte Musiva na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, por<br />

acreditar na extrema importância do assunto no contexto <strong>da</strong> arte e como conhecimento para o aluno. É uma proposta<br />

<strong>de</strong> encaminhamento para o professor, acompanhado <strong>de</strong> sugestões <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para os alunos, pauta<strong>da</strong> num estudo<br />

teórico e prático <strong>da</strong> arte do mosaico.<br />

As sugestões <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s priorizam o trabalho com conceitos <strong>de</strong> “construção, planejamento e trabalho em<br />

etapas”, elementos essenciais quando se trata <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> mosaicos e po<strong>de</strong>m ser a<strong>da</strong>ptados ao contexto escolar.<br />

Ca<strong>da</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> do Ca<strong>de</strong>rno Pe<strong>da</strong>gógico contém texto/imagens, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o indicativo <strong>da</strong>s mídias, cd ou dvd que<br />

complementam ca<strong>da</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

4


1 MOSAICO<br />

Mosaico é uma técnica artística executa<strong>da</strong> com pequenas peças <strong>de</strong> pedra ou <strong>de</strong> outros materiais (vidro, mármore,<br />

cerâmica ou conchas), formando <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong>senho. O objetivo do mosaico é preencher algum tipo <strong>de</strong> plano, como pisos<br />

e pare<strong>de</strong>s.<br />

A palavra "mosaico" tem origem na palavra grega mouseîn, a mesma que <strong>de</strong>u origem à palavra música, que significa<br />

próprio <strong>da</strong>s musas.<br />

É uma forma <strong>de</strong> arte <strong>de</strong>corativa milenar, que nos remete à época greco-romana, quando teve seu apogeu. Na sua<br />

elaboração foram utilizados diversos tipos <strong>de</strong> materiais e teve diferentes aplicações através dos tempos<br />

A técnica <strong>da</strong> arte musiva (relativo à mosaico), consiste na colocação <strong>de</strong> tesselas, que são pequenos fragmentos <strong>de</strong><br />

pedras, como mármore e granito, pedras semi-preciosas, pastilhas <strong>de</strong> vidro, seixos e outros materiais, sobre qualquer<br />

5


superfície. Nos dias <strong>de</strong> hoje, o mosaico ressurgiu, <strong>de</strong>spertando gran<strong>de</strong> interesse, sendo ca<strong>da</strong> vez mais utilizado,<br />

artisticamente, na <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> ambientes interiores e exteriores. 1<br />

No dicionário, o significado <strong>de</strong> Mosaico, é um embutido <strong>de</strong> pedrinhas ou <strong>de</strong> outras peças <strong>de</strong> várias cores dispostas <strong>de</strong><br />

modo a formar <strong>de</strong>senhos. Qualquer trabalho composto <strong>de</strong> várias partes distintas. (BARBOSA e PEREIRA, 2002, p.468).<br />

1.1 O QUE É UMA TESSELA?<br />

Tessela, <strong>de</strong>riva <strong>da</strong> palavra tessere, que significa cubo. É usa<strong>da</strong> para <strong>de</strong>nominar as peças com que são executados os<br />

mosaicos. Elas existem em diferentes materiais tais como pedra, seixos rolados, vidro, sementes, argila, madrepérola,<br />

conchas, louças quebra<strong>da</strong>s, azulejos, entre outros.<br />

As tesselas também são chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> pastilhas e há diversos tipos, sendo que as mais comuns são as <strong>de</strong> vidro. As<br />

tesselas são os fragmentos <strong>de</strong> uma composição musiva, assim como os elementos formais <strong>da</strong>s artes visuais são partes<br />

integrantes <strong>da</strong> composição. Fayga Ostrower, tem uma explicação para os elementos formais fora <strong>de</strong> um contexto:<br />

“Num processo <strong>de</strong> composição na área <strong>de</strong> artes visuais, os elementos formais – linha, superfície, volume, luz e cor”<br />

não têm significados preestabelecidos, na<strong>da</strong> representam, na<strong>da</strong> <strong>de</strong>screvem, na<strong>da</strong> assinalam, não são símbolos <strong>de</strong> na<strong>da</strong>,<br />

não <strong>de</strong>finem na<strong>da</strong> - na<strong>da</strong>, antes <strong>de</strong> entrarem num contexto formal “. (OSTROWER 1983, p. 65)”.<br />

Assim, são os fragmentos na composição musiva, on<strong>de</strong> os caquinhos (tesselas) passam à significação quando se<br />

unem formando um mosaico. Essa proposta <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gica consi<strong>de</strong>ra fragmentos, tanto os elementos formais <strong>da</strong>s artes<br />

1 Texto baseado no site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mosaico<br />

6


visuais, que passam a ter significação apenas no contexto, como qualquer material que resulte em composição musiva:<br />

cacos, pedras, vidro, papel, sementes, tesselas em geral.<br />

A proposta apresenta<strong>da</strong> nesse <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico é <strong>de</strong> ampliar o significado e a utilização <strong>da</strong>s tesselas, <strong>de</strong> cacos e<br />

usar “fragmentos <strong>de</strong> imagens impressas” com a função <strong>de</strong> tesselas. Utilizar também imagens inteiras associa<strong>da</strong>s a outras,<br />

como partes <strong>de</strong> um mosaico e outras formas <strong>de</strong> fragmentação possíveis <strong>de</strong> serem feitas com papel, buscando novas<br />

soluções <strong>de</strong> composição.<br />

O mosaico é uma técnica <strong>de</strong> representação artística e como tal, exige o conhecimento <strong>de</strong> composição e o exercício <strong>da</strong><br />

mesma, além <strong>de</strong> estar contextualiza<strong>da</strong> na História.<br />

As composições musivas, na história po<strong>de</strong>m ser compreendi<strong>da</strong>s através <strong>da</strong>s técnicas específicas em pare<strong>de</strong> (parietal),<br />

chão (pavimental), no teto <strong>de</strong> igrejas, nas casas e, sobretudo com a evolução <strong>de</strong> materiais, como foi com a <strong>de</strong>scoberta do<br />

“smalti”, ou “pasta vítrea”, que hoje conhecemos como pastilhas <strong>de</strong> vidro se assemelhando ao smalti. Muitos foram os temas<br />

<strong>de</strong>ssas composições no passado, e hoje, basta querer conhecer e produzir mosaicos, pois os materiais são abun<strong>da</strong>ntes.<br />

Através dos exercícios <strong>de</strong> composição, é possível trabalhar:<br />

- Gêneros: retrato: frontal/perfil; paisagem, natureza-morta, cenas históricas, cotidianas, religiosas, mitológicas.<br />

- Recursos Formais <strong>de</strong> Representação: figuração, abstração, estilização, <strong>de</strong>formação, realismo, i<strong>de</strong>alização.<br />

- Formatos: retangulares, circulares, triangulares, isso é possível <strong>de</strong> acordo com o suporte (base) escolhido.<br />

- Estrutura <strong>da</strong> composição: divisão em partes, com figura e fundo, fundo chapado, fundo em perspectiva.<br />

Muitos são os recursos para aprimorar a composição, mas para isso, se faz necessário exercícios com conteúdos<br />

estu<strong>da</strong>dos e conhecidos dos alunos, porém que se materializem nas representações em mosaico: peso visual, ritmo visual,<br />

7


equilíbrio simétrico, assimétrico, elementos formais, tipos <strong>de</strong> formas, cor e luz, enfim, um conjunto <strong>de</strong> elementos que venham<br />

<strong>da</strong>r coerência e significado à produção artística.<br />

O papel é um material acessível para esses exercícios <strong>de</strong> composição e cria infinitas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s através <strong>de</strong><br />

fragmentos em papel, representando tesselas.<br />

Dessa forma, vamos trabalhar a colagem com a idéia <strong>de</strong> mosaico e o mosaico propriamente dito e buscar soluções<br />

compositivas para ca<strong>da</strong> conjunto dos materiais a ser utilizado, mas, sobretudo conhecer a Arte Musiva e sua importância<br />

histórica.<br />

Os conteúdos estruturantes e específicos que orientam as Diretrizes Curriculares <strong>de</strong> Arte 2008 estão sendo<br />

consi<strong>de</strong>rados em todo o encaminhamento <strong>da</strong> proposta <strong>de</strong>sse <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico.<br />

1.2 MEU ENCONTRO COM O MOSAICO E PRIMEIRA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA<br />

JUSTIFICATIVA<br />

No ano <strong>de</strong> 2005, fui fazer um curso <strong>de</strong> mosaico no Centro <strong>de</strong> Artes Guido Viaro, quando o Centro ain<strong>da</strong> funcionava em<br />

uma sala do Colégio Estadual do Paraná. O curso foi ministrado pela professora Rita Reinchen e os participantes <strong>de</strong> um<br />

modo geral, eram professores <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s Estadual e Municipal. Foi um convite a gostar do mosaico, pois pu<strong>de</strong> perceber a<br />

magia e riqueza <strong>da</strong> técnica e a gran<strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar conteúdos <strong>de</strong> arte associados ao mosaico.<br />

A professora Rita usou uma metodologia apropria<strong>da</strong> para ser aplica<strong>da</strong> posteriormente na escola. Propôs materiais <strong>de</strong><br />

fácil aquisição, usou muito o papel e suportes como MDF, isopor, vidro e papelão.<br />

8


A partir <strong>de</strong>sse primeiro contato, busquei mais informações e fiz a primeira experiência com alunos <strong>da</strong>s sétimas e<br />

oitavas séries no Colégio Estadual, Dr. Xavier <strong>da</strong> Silva em Curitiba.<br />

Logo que comecei a trabalhar com os alunos, um fato novo acontecia na escola, as árvores passavam por um<br />

processo <strong>de</strong> po<strong>da</strong>, inclusive com algumas árvores corta<strong>da</strong>s por estarem con<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s. Algumas estavam ocas. Retiraram as<br />

árvores e serraram em pe<strong>da</strong>ços. Percebi a chance <strong>de</strong> fazer mosaicos nos troncos <strong>da</strong>s árvores. Fiz alguns por experiência e<br />

lancei a proposta para os alunos. Eles interagiram, fizeram poesias, pequenos textos, ilustrações sobre o assunto, tudo<br />

acontecendo durante o processo. Foi muito motivante continuar, pois percebi a importância do processo, muito mais que o<br />

resultado final, até porque <strong>de</strong>scobri que troncos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira sofrem dilatação, portanto não são i<strong>de</strong>ais para mosaico, caso<br />

fiquem em ambientes que recebam, sol e chuva. Foi um aprendizado.<br />

A escola por iniciativa própria mandou dois trabalhos para uma exposição que estava acontecendo no Núcleo Regional<br />

<strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Curitiba: “Mulheres <strong>da</strong> <strong>Educação</strong>”. Imagens dos trabalhos:<br />

Mary 2005 Mary 2005<br />

9


Os alunos se interessaram, produziram outros mosaicos, fizeram coleta <strong>de</strong> materiais, compraram outros e pesquisaram<br />

períodos <strong>da</strong> história com o referencial <strong>da</strong> arte do mosaico. Compreendi nessa experiência, que muitos alunos tinham uma<br />

imensa dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em planejar suas ações, queriam resolver tudo imediatamente e muitas vezes se frustravam com o<br />

resultado. A questão do tempo era uma barreira, e a busca pelo resultado imediato eliminando algumas etapas <strong>da</strong><br />

construção do mosaico, foram <strong>de</strong>terminantes para a <strong>de</strong>cepção <strong>de</strong> alguns alunos. Então nesse misto <strong>de</strong> sucesso e fracasso<br />

e a certeza que o Mosaico era importante para trabalhar arte com os alunos, resolvi rever os métodos, aprimorá-los, e assim<br />

cheguei a uma proposta apresenta<strong>da</strong> nesse <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico. Acredito que o mosaico seja um instrumento <strong>de</strong> acesso<br />

para o aluno se <strong>de</strong>parar com conceitos <strong>de</strong> organização, planejamento e trabalho em etapas, numa contramão <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que está acostumado a ter no universo proporcionado pelas re<strong>de</strong>s virtuais via Internet e também por to<strong>da</strong>s as facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

proporciona<strong>da</strong>s pelo mundo atual. Por outro lado, a Internet é um veículo excelente para se conhecer a arte, aproximando<br />

pessoas <strong>de</strong> diversas culturas e possibilitando o acesso à informações <strong>de</strong> todos os períodos históricos <strong>da</strong> arte.<br />

Percebi no mosaico um gran<strong>de</strong> exercício para <strong>de</strong>senvolver planejamento e uma forma <strong>de</strong> trabalhar a técnica associa<strong>da</strong><br />

à história, <strong>da</strong> mesma forma que a evolução e diferenças compositivas em alguns períodos e culturas.<br />

O fato <strong>de</strong> o mosaico ser uma arte que sobreviveu ao tempo, com caráter duradouro nos faz refletir sobre o caráter<br />

efêmero <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>scarta muito e o lixo é um problema mundial. A arte não é aliena<strong>da</strong> e<br />

alienante, portanto discute o homem e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e assim tem sido uma constante em períodos históricos. Quero po<strong>de</strong>r<br />

discutir consumo, problemas ambientais através do mosaico, por que não?<br />

A arte também é invenção, (...) Ela é um tal fazer que,<br />

enquanto faz, inventa o por fazer e o modo <strong>de</strong> fazer, (...) Nela<br />

concebe-se executando, projeta-se fazendo, encontra-se a<br />

regra operando (...) “(PAREYSON, 1989, p. 31).<br />

10


Descobri que não preciso ser uma mosaicista para entrar em contato com a técnica e ain<strong>da</strong> assim, posso orientar<br />

trabalhos <strong>de</strong> mosaico com alunos com objetivos amplos <strong>de</strong> unir teoria e prática em uma produção musiva. É nesse contexto<br />

que encontrei significado e motivação para trabalhar com mosaico.<br />

1.3<br />

1 O PRINCÍPIO DO MOSAICO: FRAGMENTAR E RECOMPOR<br />

Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> quer <strong>de</strong>ixar claro, o que é fragmentar e recompor. O fragmento po<strong>de</strong> ser obtido a partir <strong>de</strong> uma imagem<br />

qualquer, <strong>de</strong> revista, fotocópia, foto, entre outros.<br />

Fragmente a imagem em alguns pe<strong>da</strong>ços. Po<strong>de</strong> fazer isso, escolhendo o formato <strong>da</strong>s tesselas (partes do papel).<br />

Tesselas são os cacos, os fragmentos do mosaico, que nessa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, são os papéis em pe<strong>da</strong>ços.<br />

Cole as partes sobre papel colorido, compondo-o novamente, porém <strong>de</strong>ixe espaços (interstícios). A cor que fica entre<br />

os espaços, representa o rejunte <strong>da</strong> mesma forma que em mosaicos feitos com materiais específicos.<br />

Ficou claro o que é fragmento, interstício, rejunte? Esse é o princípio para se conhecer mosaico.<br />

11


2 MOSAICO: ANDAMENTO<br />

Para ter a compreensão do An<strong>da</strong>mento, recorte papéis coloridos em formato quadrado e pequeno, aproxima<strong>da</strong>mente<br />

<strong>de</strong> 1,5cm. Nessa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, não pense em formar <strong>de</strong>senhos, apenas cole os papéis, fazendo exercícios <strong>de</strong> repouso,<br />

movimento, calma, dinamismo, como se fosse uma linha. Perceba os efeitos dos espaços entre as tesselas e mu<strong>de</strong><br />

propositalmente a direção <strong>da</strong>s linhas. Desta forma, você estará conhecendo um elemento muito importante na execução <strong>de</strong><br />

mosaicos para obter ritmo no trabalho.<br />

3 ANDAMENTO NO MOSAICO COM ESCOLHA DE TEMA<br />

Nas composições musivas, o An<strong>da</strong>mento, é a maneira como as tesselas são coloca<strong>da</strong>s para representar movimento,<br />

calma, energia, rigi<strong>de</strong>z, or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m. Nessa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a proposta é representar calma. Escolha um tema central (flor,<br />

vaso, árvore, rosto, etc), e um fundo que não tire a atenção do <strong>de</strong>senho principal. Para isso, escolha várias cores<br />

encontra<strong>da</strong>s em revistas. Rasgue em pe<strong>da</strong>cinhos, separe por cores, tons. É muito bom trabalhar com cores <strong>de</strong> revistas, pois<br />

há vários tons <strong>de</strong> uma mesma cor, enriquecendo a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do mosaico. Use uma pinça para facilitar a colagem e use cola<br />

branca. Faça o mosaico em suporte <strong>de</strong> papelão, isopor ou cartolina. Cole primeiramente o motivo principal e <strong>de</strong>pois faça o<br />

fundo. As cores frias, no fundo, po<strong>de</strong>m <strong>da</strong>r uma sensação <strong>de</strong> distanciamento do motivo principal, ao contrário <strong>da</strong>s cores<br />

quentes.<br />

As etapas <strong>de</strong>sse trabalho são: escolha do tema, seleção <strong>de</strong> cores, fragmentação dos papéis, separação por cores,<br />

esboço do <strong>de</strong>senho no local do mosaico, colagem do motivo principal, fundo. Deixe interstícios (espaços entre as tesselas).<br />

Dica para diferenciar seu trabalho: ao fragmentar seu papel, <strong>de</strong>ixe algumas tesselas propositalmente maiores que outras.<br />

12


Essa diferença po<strong>de</strong> ser uma boa solução compositiva. Procure sempre organizar seu material, guar<strong>da</strong>ndo os papéis<br />

fragmentados em envelopes, pois o trabalho em mosaico, mesmo em papel, <strong>de</strong>mora a ser concluído havendo necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ter o material sempre organizado.<br />

4 MOSAICO EM CAIXA DE SAPATO OU PAPELÃO<br />

Agora o suporte para o mosaico, é uma caixa <strong>de</strong> sapato ou outra que achar interessante, po<strong>de</strong>ndo ser até em MDF<br />

(aglomerado <strong>de</strong> média <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>), i<strong>de</strong>al para mosaicos, por reter pouca umi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Escolha imagens <strong>de</strong> revista e papéis coloridos lisos.<br />

Recorte as imagens, dê um formato a elas, quadra<strong>da</strong>s, retangulares. Recorte as imagens, umas maiores, menores e<br />

faça o mesmo com papéis coloridos. Vá compondo a caixa, intercalando imagens e os outros papéis.<br />

Use pincel para passar a cola. Forre o fundo <strong>da</strong> caixa. Para esse trabalho, use sobreposição <strong>de</strong> imagens. Esse<br />

trabalho não precisa ter necessariamente um tema, apenas um jogo <strong>de</strong> imagens, que vão formando uma composição. Mas<br />

po<strong>de</strong> ser muito interessante fazer a caixa com um tema específico, fica aí a sugestão.<br />

Dê um acabamento com cola extra PVA, use pincel <strong>de</strong> cer<strong>da</strong>s duras. Veja imagens <strong>de</strong> mosaicos em papel <strong>de</strong> Vera<br />

Romano, mídia em dvd.<br />

Nesse tipo <strong>de</strong> trabalho, é possível usar o recurso <strong>de</strong> sobreposição, o que amplia as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> intercalar<br />

diversos tipos <strong>de</strong> papéis, cores, imagens.<br />

A seguir, exemplos <strong>de</strong> composições com abor<strong>da</strong>gens diferentes, a partir <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> revistas:<br />

13


Caixa <strong>de</strong> papelão imagens em sobreposição<br />

Composição: Vera Romano Composição: Vera Romano<br />

14


2 ORIGEM E BREVE HISTÓRIA DO MOSAICO<br />

A palavra Mosaico é <strong>de</strong> origem grega (mosaicon) que significa “paciente, digna <strong>da</strong>s Musas”, no sentido <strong>de</strong> “obra<br />

paciente”.<br />

Digna <strong>da</strong>s Musas, porque se trata <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> rara beleza, feito com materiais que duram séculos e por isso tem um<br />

sentido <strong>de</strong> eterni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A origem do mosaico é muito discuti<strong>da</strong>. Como nasceu e porque nasceu permanece no campo <strong>da</strong>s hipóteses, sendo<br />

controversas as opiniões dos estudiosos e faltando elementos para localizar com certa exatidão, o lugar e a época <strong>de</strong> seu<br />

primeiro aparecimento.<br />

Na antiga ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ur, atual Iraque, foram encontrados alguns mosaicos sumerianos que, segundo o arqueólogo<br />

Leonard Wooley (1880-1960), pertencem a um período <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 3.500 a.C. A <strong>de</strong>scoberta aconteceu durante as<br />

escavações arqueológicas nos anos <strong>de</strong> 1927 e 1928.<br />

O assim chamado “Estan<strong>da</strong>rte <strong>de</strong> mosaico <strong>de</strong> Ur” compõe-se <strong>de</strong> dois painéis retangulares <strong>de</strong> 55 cm <strong>de</strong> comprimento<br />

por 22,5 cm <strong>de</strong> largura, e <strong>de</strong> mais dois outros, também retangulares, se supõe que fixados em uma haste, serviam <strong>de</strong><br />

estan<strong>da</strong>rte para cortejos rituais. Esses mosaicos, feitos <strong>de</strong> arenito avermelhado e lápis-lazúli representam cenas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

15


sumeriana, com numerosas figuras, carros, cavalos e guerreiros. Esse mosaico foi encontrado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um túmulo real <strong>de</strong><br />

Ur e representava as seguintes cenas:<br />

- banquetes, com trajes típicos e utensílios;<br />

- condução <strong>de</strong> animais sacros para os sacrifícios;<br />

- um grupo <strong>de</strong> prisioneiros;<br />

- um grupo <strong>de</strong> guerreiros com armas e armaduras;<br />

- carros <strong>de</strong> guerra (uso <strong>de</strong>ste, introduzido na história pelos sumerianos).<br />

Estes elementos que retratam <strong>de</strong>talhes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> dos sumerianos, só foi possível conhecer, através <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>scoberta<br />

arqueológica.<br />

Em 1930, os ingleses transportaram essa peça <strong>da</strong> Mesopotâmia para a Inglaterra on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser vista no “British<br />

Museum <strong>de</strong> Londres”.<br />

Para conhecer o mosaico <strong>de</strong> Ur, entre nos sites 2 indicados abaixo ou no cd que compõe este <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico.<br />

Com as escavações que são realiza<strong>da</strong>s para a construção <strong>de</strong> edifícios, túneis, metrôs, <strong>de</strong> tempos em tempos<br />

importantes <strong>de</strong>scobertas acontecem. A ca<strong>da</strong> novo sítio arqueológico encontrado, muito <strong>da</strong> história antiga é resgata<strong>da</strong>.<br />

Pompéia, uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> que foi soterra<strong>da</strong> pela erupção do Monte Vesúvio no ano <strong>de</strong> 79 d.C. foi re<strong>de</strong>scoberta em 1748<br />

revelando uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> congela<strong>da</strong> no tempo, com inúmeros mosaicos em muito boas condições. A seguir, uma imagem <strong>de</strong><br />

mosaico que se encontra na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Pompéia (cedi<strong>da</strong> pela Artista Bea Pereira):<br />

2<br />

Sites Mosaico <strong>de</strong> Ur: http://planeta.terra.com.br/lazer/jogosantigos/programas/ur.exe, www. pt.wikipedia.org/wiki/Museu_Britânico,<br />

http://yonelins.tripod.com/historia/<br />

16


Para ver mais imagens <strong>de</strong> mosaicos encontrados em Pompéia, entre nos links: 3 ou no cd <strong>de</strong> fotos, pasta Mosaicos <strong>de</strong><br />

Pompéia.<br />

3<br />

http://maria-francisca-benedita.blogspot.com/2008/06/pompeia-v-mosaicos.html, http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13790.shtml,<br />

fotosgratis.allfreephoto.com/<strong>de</strong>tails/pompeia/mosaicos.foto.php?gid=86&sgid,<br />

interata.squarespace.com/jornal-<strong>de</strong>-viagem/2008/2/5/pompeia-que-lugar.html<br />

www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio/painel.php?cod=271,<br />

17


2.1 CURIOSIDADES SOBRE POMPÉIA<br />

Segundo MUCCI (1962, p.32), um motivo <strong>de</strong>corativo muito usado em pisos e pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pompéia, era relacionado à<br />

“morte”, e sua representação se <strong>da</strong>va através <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos e mosaicos <strong>de</strong> esqueleto. Mucci explica que este costume <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>corar com motivos macabros o lugar on<strong>de</strong> se reuniam os convi<strong>da</strong>dos para as ceias e banquetes tinha origem filosófica<br />

Epicurista e esta prescrevia esquecer na mesa os problemas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> olhando para a imagem macabra <strong>da</strong> morte. Era uma<br />

forma <strong>de</strong> valorizar mais a vi<strong>da</strong>, diante dos problemas.<br />

Pompéia foi um viveiro <strong>de</strong> mosaicistas, e nesta ci<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>-se avaliar a importância que tinha o mosaico no mundo<br />

romano, pois não somente os po<strong>de</strong>rosos e os abastados apreciavam essa arte, mas também o povo. Isso é comprovado<br />

com a difusão do motivo “canis catenarium”, também conhecido como “cave canem”, que foi encontrado em residências<br />

luxuosas, bem como em habitações do povo e representavam um cachorro acorrentado, no ato <strong>de</strong> querer agredir um<br />

possível intruso. Os mosaicos encontrados em Pompéia eram basicamente pavimentais.<br />

No fim do século XX, em Piazza Armerina, na Sicília, foram encontrados alguns dos mais lindos mosaicos<br />

remanescentes <strong>da</strong> Antigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> Romana. Inaugurado em 30 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2002, o sítio arqueológico “<strong>de</strong>i Tappeti Pietra”,<br />

encontrado há pouco mais <strong>de</strong> uma déca<strong>da</strong> em Ravena (Itália), conserva maravilhosos mosaicos <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> palacete<br />

bizantino do século V d.C.<br />

O passado histórico ain<strong>da</strong> po<strong>de</strong> ser revelado com muitas outras <strong>de</strong>scobertas arqueológicas.<br />

18


O Mosaico abaixo é um dos muitos encontrados recentemente em Piazza Armerina (imagem cedi<strong>da</strong> pela artista Bea<br />

Pereira), e acessando os links indicados, po<strong>de</strong>rá ver outros mosaicos <strong>de</strong>sse sítio arqueológico. 4<br />

Imagem cedi<strong>da</strong> por Bea Pereira<br />

2.2 TERRITÓRIO GEOGRÁFICO DA ARTE MUSIVA<br />

4<br />

Sites sobre Piazza Armerina: http://totinhoaracaju.blogspot.com/2007/10/biquni-mo<strong>da</strong>-que-libertou-mulher.html,<br />

http://www.lasicilia.es/piazza_armerina/<br />

19


Segundo Joaquim Chavarria, mosaicista e autor do livro “O Mosaico” (1998), o florescimento <strong>da</strong> Arte Musiva se <strong>de</strong>u em<br />

um território geográfico limitado à Europa, ao Norte <strong>da</strong> África e ao Próximo Oriente, o que não aconteceu com as Artes mais<br />

Universais.<br />

As culturas pré-colombianas, apesar <strong>de</strong> possuírem interessantes exemplos <strong>de</strong> mosaico, utilizaram-na unicamente na<br />

cobertura <strong>de</strong> objetos rituais religiosos, <strong>de</strong> uso doméstico e em máscaras funerárias.<br />

Joaquim Chavarria após muitos anos <strong>de</strong> estudos sobre a arte do mosaico constatou que houve poucas variações ao<br />

longo do tempo na maneira <strong>de</strong> se fazer mosaicos. As diferenças ficam por conta dos materiais e faz uma síntese sobre a<br />

utilização <strong>da</strong>s tesselas.<br />

“Se as cenas figura<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Suméria estavam corta<strong>da</strong>s em pedra e, na Grécia, os mosaicos eram <strong>de</strong> pavimento com<br />

seixos rolados, com os Romanos, houve um gran<strong>de</strong> esplendor, através do uso <strong>de</strong> tesselas em mármore. Os bizantinos<br />

trasla<strong>da</strong>m os mosaicos para as pare<strong>de</strong>s e utilizam tesselas <strong>de</strong> pasta vítrea. Nos séculos posteriores esta arte mantém-se,<br />

contudo sem o ímpeto dos prece<strong>de</strong>ntes. Atualmente, com a introdução <strong>de</strong> conceitos abstratos nas composições, integramse<br />

novos materiais, com tesselas <strong>de</strong> formas varia<strong>da</strong>s e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões, impensáveis em outras épocas”.<br />

É também necessário saber que os mosaicos grego e romano são quase que exclusivamente pavimentais, e através<br />

<strong>da</strong> pujança e expansão do cristianismo, houve o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma arte parietal que, livre <strong>da</strong> funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

pavimento, utiliza tesselas <strong>de</strong> pasta vítrea, o que implica uma mu<strong>da</strong>nça, quer em termos técnicos, quer artístico, na<br />

realização <strong>da</strong> arte do mosaico. Isso se concretiza nos mosaicos bizantinos.<br />

O mosaico pavimental é relativo a pavimento, chão e é o mais antigo, muito utilizado com pedras <strong>de</strong> seixos rolados, e<br />

tem um caráter <strong>de</strong> funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Um mosaico pavimental muito antigo foi encontrado em Pela, Macedônia (375-300 a.C.) e têm lâminas <strong>de</strong> chumbo<br />

incrustra<strong>da</strong>s: “A Caça do Leão”. Outro exemplo do Mosaico Pavimental é o já citado “Canis Caternarium”, muito comum nas<br />

20


esidências <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Pompéia, tanto <strong>da</strong>s mais simples, como as mais luxuosas, <strong>de</strong>monstrando o acesso <strong>da</strong> Arte Musiva<br />

a to<strong>da</strong>s as classes.<br />

O Mosaico Parietal é o mosaico feito em pare<strong>de</strong> e evoluiu com a <strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong> “pasta vítrea”, assim o mosaico ganhou<br />

cor e requinte, os mosaicos bizantinos são gran<strong>de</strong>s exemplos <strong>da</strong> arte parietal. O mosaico parietal do exemplo é um<br />

mosaico bizantino, feito com “pasta vítrea” ou “smalti” e agora chamado <strong>de</strong> “pastilhas ou tesselas <strong>de</strong> vidro”. Um mosaico<br />

muito significativo e histórico é o <strong>da</strong> Imperatriz Teodora e se encontra em Ravena na igreja <strong>de</strong> “S. Vitale”.<br />

Imagens cedi<strong>da</strong>s por Bea Pereira<br />

EXEMPLOS DE MOSAICOS PAVIMENTAIS (MUSEU DO VATICANO)<br />

21


Imagens cedi<strong>da</strong>s por Bea Pereira<br />

Veja mosaicos bizantinos no cd <strong>de</strong> fotos.<br />

EXEMPLOS DE MOSAICOS PARIETAIS (MUSEU DE SANTA SOFIA, ISTAMBUL)<br />

Mosaicos bizantinos <strong>de</strong> “pasta vítrea”<br />

22


2.3 MOSAICO: DO ANTIGO AO NOVO... O QUE MUDOU?<br />

Para alguns especialistas no assunto, <strong>de</strong>ntre eles, a mosaicista curitibana Bea Pereira (2006), o método <strong>de</strong> construção<br />

do mosaico não sofreu alterações significativas ao longo dos séculos, pois os mosaicistas preparam tesselas que são<br />

assenta<strong>da</strong>s com algum tipo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo. A gran<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça ocorri<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o tempo dos romanos, se dá com os materiais. O<br />

mosaico, inicialmente usado apenas na arquitetura, passou a revestir todo e qualquer tipo <strong>de</strong> objeto.<br />

Com a ampliação <strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> suportes para mosaicos, consequentemente, ampliaram-se também os tipos <strong>de</strong><br />

materiais e hoje é possível fazer mosaicos em qualquer base: ma<strong>de</strong>ira, cimento, ferro, vidro. O que mu<strong>da</strong> é o a<strong>de</strong>sivo, ou<br />

seja, o tipo <strong>de</strong> cola que sustenta as tesselas.<br />

“Para Joaquim Chavarria, a pedra” dos seixos rolados ao mármore e granito “, são comuns a to<strong>da</strong>s as épocas. A maior<br />

<strong>de</strong>scoberta para o mosaico foi a” pasta vítrea “, aumentando consi<strong>de</strong>ravelmente as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s cromáticas nas<br />

composições musivas”.<br />

Muitos mosaicos, <strong>de</strong>ntre eles, os bizantinos utilizaram pedras semipreciosas e preciosas, caracterizando-os como<br />

requintados e ricos. A outra gran<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça com materiais se <strong>de</strong>u mais recentemente com “Gaudi” em Barcelona,<br />

revolucionando a Arte Musiva.<br />

Po<strong>de</strong>mos contar atualmente com uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas no mercado: pastilhas <strong>de</strong> vidro com muitas variações além<br />

<strong>da</strong>s pastilhas <strong>de</strong> porcelana, cristal, espelha<strong>da</strong>, <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> coco, madrepérola, entre muitas outras. As ferramentas são<br />

usa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> material: martelos, torqueses, escopros, serras <strong>de</strong> marchetaria e na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

instrumentos mecânicos ou elétricos têm facilitado a fragmentação dos materiais para a elaboração <strong>de</strong> mosaicos.<br />

23


A evolução <strong>da</strong>s ferramentas <strong>de</strong> corte fica por conta <strong>de</strong> algumas específicas para ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> material, como a torquês<br />

para vidro, por exemplo, além <strong>da</strong> evolução <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> corte elétricas.<br />

Mas é possível perfeitamente usar poucas ferramentas e fazer excelentes mosaicos, porque mosaico não é somente<br />

técnica, é você e ela, numa parceria que envolve a formação dos sentidos estéticos através do estudo <strong>da</strong>s artes visuais.<br />

2.4 “COMO NÃO FALAR DE GAUDÍ?”<br />

O gran<strong>de</strong> arquiteto Antoni Gaudí (1852-1926) não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser citado nesse <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico, pela<br />

importância e reconhecimento do trabalho musivo que fez em Barcelona e sua repercussão mundial. A partir <strong>de</strong>le, o<br />

mosaico teve outra trajetória diante do mundo, e consequentemente a Arte Musiva se transformou.<br />

Gaudí levou os mosaicos a novos patamares, literalmente revestindo prédios, bancos <strong>de</strong> jardim e até telhados <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, com uma multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mosaicos <strong>de</strong> cerâmica multicolori<strong>da</strong>, abrindo caminho que seria seguido por outros<br />

construtores <strong>de</strong> mosaicos. Sua influência forjou uma linha <strong>de</strong> mosaicos, on<strong>de</strong> a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão encorajou artistas<br />

como Klint, Chagal e Kokoschka a <strong>de</strong>senhar mosaicos arrojados e inéditos. Entre as obras mais significativas <strong>de</strong> Gaudi<br />

estão a Igreja <strong>da</strong> Sagra<strong>da</strong> Família (ain<strong>da</strong> inacaba<strong>da</strong>), Cripta <strong>da</strong> Colônia Güell, o Parque Güell, a casa Bartló e a casa Milá,<br />

mais conheci<strong>da</strong> como a Pedreira. Para falar <strong>de</strong> Gaudí, teria que ser um trabalho exclusivo somente sobre ele, e para tal,<br />

uma complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informações e imagens que mereceriam uma pesquisa exclusiva. Abaixo, alguns sites com imagens e<br />

histórias sobre a obra <strong>de</strong> Gaudí: 5<br />

5 http://yonelins.tripod.com/historia/, http://www.voyagesphotosmanu.com/gaudi_espanha.html, www.<strong>de</strong>posito<strong>da</strong>or<strong>de</strong>m.com.br<br />

24


2.5 MOSAICO: MÉTODO DIRETO E INDIRETO<br />

Há duas maneiras <strong>de</strong> se fazer mosaicos, através do método direto ou indireto e <strong>de</strong>las <strong>de</strong>rivam muitas outras. Para<br />

optar entre as duas, tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tamanho, <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> execução e <strong>da</strong> especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> que ca<strong>da</strong> método oferece.<br />

Pense num painel muito gran<strong>de</strong>, com milhares <strong>de</strong> tesselas para assentar em uma pare<strong>de</strong>. Que método seria mais viável?<br />

MÉTODO DIRETO<br />

Enten<strong>de</strong>-se por método direto a colocação direta <strong>da</strong>s tesselas ou pastilhas na pare<strong>de</strong> ou sobre outra superfície<br />

estável, por meio <strong>de</strong> argamassas especiais ou outro tipo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> superfície.<br />

Esse método permite a visualização total do trabalho, pois a parte superior <strong>da</strong>s tesselas se transforma na superfície do<br />

mosaico final.<br />

Esse método é também chamado <strong>de</strong> bizantino ou ravenato.<br />

MÉTODO INDIRETO<br />

Enten<strong>de</strong>-se por método indireto, o mosaico feito às avessas, ou seja, o <strong>de</strong>senho é preparado sobre papel e as<br />

pastilhas são cola<strong>da</strong>s pela face que ficará exposta <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> colado o trabalho em uma superfície. Exemplo, se eu quiser<br />

25


fazer um mosaico com a palavra amor, <strong>de</strong>vo fazer pelo método indireto a palavra roma. Para aplicar esse mosaico, usa-se a<br />

sequência: argamassa, mosaico, secagem, remoção do papel com água e <strong>de</strong>pois o rejuntamento.<br />

É muito importante nesse método, a utilização <strong>de</strong> pastilhas <strong>de</strong> vidro, pois elas são colori<strong>da</strong>s por igual. Somente<br />

pastilhas que tenham as mesmas cores nas duas faces, po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s no método indireto. Pense como seria difícil<br />

fazer um mosaico pelo método indireto, utilizando azulejo, por exemplo.<br />

O método indireto é também chamado <strong>de</strong> veneziano ou <strong>de</strong> rebatimento.<br />

A técnica inversa ou método indireto foi uma inovação dos mosaicistas Salviatti , Del Turco e Facchina, no século XIX.<br />

Com esse método, encontraram um modo <strong>de</strong> agilizar e baratear os trabalhos, porém houve um aumento do nivelamento <strong>da</strong>s<br />

peças impedindo os relevos. A refração obti<strong>da</strong> pela irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s tesselas, como nos mosaicos bizantinos, se per<strong>de</strong>u<br />

<strong>de</strong>ixando os mosaicos muito planos.<br />

Oficialmente é atribuí<strong>da</strong> ao atelier <strong>de</strong> Facchina a <strong>de</strong>scoberta do método inverso, mas existe uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

romanos já terem usado essa maneira <strong>de</strong> se fazer mosaicos.<br />

2.6<br />

MOSAICO PELO MÉTODO DIRETO<br />

SUGESTÃO 1<br />

26


Materiais:<br />

- azulejo inteiro ou piso cerâmico;<br />

- pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> MDF um pouco maior que o azulejo ou piso escolhido;<br />

- rejunte para azulejo;<br />

- cola branca extra PVA;<br />

- martelo, tecido, chinelo <strong>de</strong> borracha, esponja <strong>de</strong> louça, fita a<strong>de</strong>siva.<br />

Com um pano qualquer, enrole a peça <strong>de</strong> azulejo e use o martelo para fragmentá-la. Dê apenas uma pequena bati<strong>da</strong>,<br />

para partir a peça. O tecido evita lascar o azulejo e elimina possíveis ferimentos.<br />

Com cola branca, cole os pe<strong>da</strong>ços <strong>de</strong> azulejo no MDF, no mesmo formato anterior, somente <strong>de</strong>ixe espaços para o<br />

rejunte. Passe fite a<strong>de</strong>siva nas laterais para evitar que suje a peça. Escolha a cor do rejunte e na dúvi<strong>da</strong>, o cinza médio<br />

(indicação <strong>da</strong> mosaicista Selma <strong>de</strong> Oliveira). Rejunte 24 horas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> colar as peças.<br />

Após secagem, faça o rejunte, misturando o pó com um pouco <strong>de</strong> água, consistência cremosa e passe com esponja ou<br />

borracha <strong>de</strong> chinelo. Deixe secar, e limpe o excesso logo que perceber que está secando. Faça a limpeza final no dia<br />

seguinte. Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> visa à compreensão do método direto e <strong>da</strong> experimentação <strong>de</strong> materiais, sem exigências<br />

compositivas. A partir <strong>de</strong>la, você po<strong>de</strong> criar muitos mosaicos.<br />

SUGESTÃO 2<br />

MOSAICO COM SUPORTE EM VIDRO E FOLHAS DE REVISTA<br />

27


Materiais:<br />

-Pote <strong>de</strong> vidro;<br />

-Cola branca extra PVA;<br />

-Pincel <strong>de</strong> cer<strong>da</strong>s duras;<br />

-Pinça, aguarrás (opcional), estopa para limpeza;<br />

-Folhas <strong>de</strong> revistas: escolher vários tons <strong>de</strong> uma mesma cor. Não use imagens, somente pe<strong>da</strong>ços <strong>de</strong> folhas com cores<br />

diferentes. Selecione as cores, fragmente-as, rasgue em pe<strong>da</strong>ços.<br />

-Passe a cola somente no lugar que vai colar, use a pinça para pegar os papéis, facilitando muito o trabalho.<br />

-Não <strong>de</strong>ixe espaços entre os papéis.<br />

Acabamento:<br />

- Passe cola, se quer um efeito mais brilhante.<br />

-Passe aguarrás, se quer um efeito envelhecido. Nesse caso, use estopa e faça isso em lugar muito arejado. A<br />

aguarrás retira um pouco <strong>da</strong> cor, <strong>de</strong>sgastando-a e proporcionando um efeito envelhecido.<br />

MÉTODO INDIRETO<br />

MOSAICO DE PASTILHAS DE VIDRO<br />

Materiais: pastilhas <strong>de</strong> vidro, rejunte, <strong>de</strong>sempena<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>nta<strong>da</strong>, papel pardo, cola branca ou cola <strong>de</strong> polvilho, sandália<br />

<strong>de</strong> borracha, esponja, papel <strong>de</strong> se<strong>da</strong>, lápis.<br />

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Escolha um motivo sem muitos <strong>de</strong>talhes para o primeiro mosaico em método indireto, po<strong>de</strong> ser um nome ou número. O<br />

suporte (base) i<strong>de</strong>al para esse tipo <strong>de</strong> mosaico é pare<strong>de</strong>, chão, muro.<br />

Desenhe o motivo principal: número ou palavra. Copie esse <strong>de</strong>senho em papel transparente tipo se<strong>da</strong> ou sulfurizê.<br />

Transfira esse <strong>de</strong>senho para um papel pardo, <strong>de</strong> modo invertido, se escolheu, por exemplo, o número 90, ele <strong>de</strong>verá ser<br />

passado invertido: 09. O papel <strong>de</strong> se<strong>da</strong> faz isso por você, só <strong>de</strong>ve cui<strong>da</strong>r em passar ao contrário, no papel pardo. Comece a<br />

colar as pastilhas <strong>de</strong> vidro, corte-as quando necessário, utilizando torquês para vidro. Um <strong>de</strong>talhe importante: cole as<br />

pastilhas do lado liso direto no papel. A cola <strong>de</strong>ve ser diluí<strong>da</strong>, pois esse papel será retirado <strong>de</strong>pois. Prepare a argamassa,<br />

passe com <strong>de</strong>sempena<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>nta<strong>da</strong> e aplique o mosaico. Pressione o papel com as tesselas cola<strong>da</strong>s. Deixe secar por dois<br />

dias. Com uma esponja <strong>de</strong> água, molhe o papel, retire-o totalmente e após estar bem limpo, prepare o rejunte, consistência<br />

cremosa. Passe o rejunte com chinelo <strong>de</strong> borracha, limpe os excessos e quando começar a secar limpe novamente. Está<br />

pronto o mosaico.<br />

O método indireto possibilita fazer mosaicos <strong>de</strong> maior porte e ser transferido na pare<strong>de</strong> em partes. Mas é bom também<br />

fazer experiências com argamassa, caso faça um mosaico em ambientes externos. Antes <strong>de</strong> aplicar o mosaico, converse<br />

com profissionais <strong>da</strong> construção civil para obter um melhor resultado.<br />

Sempre lembrar que não po<strong>de</strong> ser feito mosaico externo com a base em MDF, pois a dilatação <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira faz com que<br />

as tesselas se soltem com o tempo.<br />

Observe como é possível fazer trabalhos gran<strong>de</strong>s com esse método e colá-los em partes.<br />

29


3 MOSAICO NO BRASIL: QUANDO TUDO COMEÇOU.............<br />

Tudo começou com a Imperatriz Tereza Cristina, mulher <strong>de</strong> D. Pedro II.<br />

Tereza Cristina (1822-1889) era italiana, <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Nápoles. Essa região é famosa, pois o vulcão do monte Vesúvio<br />

e as ruínas <strong>de</strong> Pompéia e Herculano localizam-se lá, favorecendo o turismo local.<br />

Tereza Cristina veio para o Brasil em 1843 para se casar com D.Pedro II, embora seu contrato <strong>de</strong> casamento tenha se<br />

efetivado em 1842 e assinado em Viena. Tereza Cristina era uma pessoa muito liga<strong>da</strong> à arte e quando chegou ao Brasil em<br />

1843, em sua frota também vieram artesãos, artistas, intelectuais e cientistas.<br />

A imperatriz Tereza Cristina quando cui<strong>da</strong>va <strong>de</strong> suas filhas em um dos jardins do Palácio <strong>de</strong> São Cristóvão, no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, <strong>de</strong>nominado então Jardim <strong>da</strong>s Princesas <strong>de</strong>monstrou um <strong>de</strong> seus dotes artísticos pessoais, o mosaico. Com<br />

conchas, recolhi<strong>da</strong>s nas praias do Rio <strong>de</strong> Janeiro, e com cacos <strong>da</strong>s peças <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> chá <strong>da</strong> Casa Imperial, ela recobriu<br />

os bancos, tronos, fontes e pare<strong>de</strong>s do Jardim <strong>da</strong>s Princesas, sendo assim a precursora <strong>da</strong> Arte Musiva no Brasil, coisa<br />

30


pouquíssima divulga<strong>da</strong> pelos historiadores e especialistas em arte. Aproxima<strong>da</strong>mente cinqüenta anos <strong>de</strong>pois, Antoni Gaudí<br />

e Josep Maria Jujol "revolucionaram" o mundo <strong>da</strong>s artes com um trabalho em bem maior proporção, porém semelhante ao<br />

<strong>de</strong> Tereza Cristina já realizava em São Cristóvão.<br />

A pesquisa arqueológica no Palácio aon<strong>de</strong> viveu a Imperatriz, foi realiza<strong>da</strong> em meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990 pela<br />

arqueóloga “Maria Beltrão” e publica<strong>da</strong> pelo Museu Nacional do Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1997.<br />

Atualmente é muito difícil ver esses trabalhos <strong>da</strong> princesa, pois esta área do museu está fecha<strong>da</strong> ao público após<br />

longos anos <strong>de</strong> van<strong>da</strong>lismos sofridos por parte <strong>de</strong> visitantes que recolhiam pe<strong>da</strong>ços, lascas e até cacos inteiros como<br />

lembrancinhas dos trabalhos <strong>da</strong> princesa. Veja imagens dos mosaicos <strong>da</strong> Imperatriz, no cd <strong>de</strong> fotos, pasta Imperatriz.<br />

Tereza Cristina era filha do rei <strong>da</strong>s “Duas Sicílias”, quando morava na Itália chegou a financiar escavações<br />

arqueológicas, pois se interessava muito pelo assunto. Quando as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pompéia e Herculano passavam por estudos<br />

arqueológicos, através <strong>de</strong> seu irmão que permaneceu na Itália, mandou vir peças <strong>da</strong>s escavações <strong>de</strong>ssas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e muitas<br />

<strong>de</strong>las se encontram no Museu Nacional do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

A coleção “Tereza Cristina" fica exposta quase permanentemente no Museu Nacional (Museu Nacional/UFRJ - Quinta<br />

<strong>da</strong> Boa Vista, São Cristóvão - Rio <strong>de</strong> Janeiro), coleção que foi organiza<strong>da</strong> no século XIX a partir <strong>de</strong> duas origens distintas:<br />

uma parte do acervo veio do Real Museo Borbonico (hoje Museo Nazionale Di Napoli), com peças presentea<strong>da</strong>s pelo irmão<br />

<strong>da</strong> Imperatriz Tereza Cristina, Fernando II Rei <strong>da</strong>s Duas Sicílias.<br />

Outra parte veio <strong>da</strong> própria Imperatriz que financiou e promoveu escavações arqueológicas na locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Veio,<br />

outrora município romano <strong>de</strong> origem etrusca. Veja imagens dos mosaicos, no cd <strong>de</strong> fotos, pasta Imperatriz. 6<br />

6 Site: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id9.html Acesso em 20/10/2008<br />

31


3.1 CALÇADAS PORTUGUESAS, CALÇADAS BRASILEIRAS...<br />

MOSAICOS PAVIMENTAIS NO BRASIL<br />

Des<strong>de</strong> o início do século XIX, em Portugal e particularmente em sua capital Lisboa, vinha sendo usado como<br />

<strong>de</strong>coração <strong>de</strong> calça<strong>da</strong>s, um mosaico “opus tesselatum”, feito com pe<strong>da</strong>ços <strong>de</strong> basalto e calcário, geralmente branco e preto,<br />

tendo algumas vezes variações <strong>de</strong> pedras <strong>de</strong> outra cor formando motivos geométricos ou ornatos <strong>de</strong> várias formas.<br />

Segundo Mucci, esse belíssimo tapete <strong>de</strong> pedra, <strong>de</strong> herança greco-romana, harmonizou-se por seu toque humano, ao<br />

conjunto poético <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> vivaz e característica: Lisboa.<br />

“Quantas vezes uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> estética nasce <strong>de</strong> uma sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> interior <strong>de</strong> humanizar o que nos cerca?”<br />

Para Mucci, as calça<strong>da</strong>s em mosaico constituem a mais simples e a mais contínua forma <strong>de</strong> arte “ao ar livre”, arte para<br />

todos: os que querem e os que não querem olhar, harmonia que às vezes, apenas sentimos, passando apressa<strong>da</strong>mente,<br />

mas que existe na sua monocromia singela, na sua composição que enriquece <strong>de</strong> algo humano, a fria e negra faixa <strong>da</strong>s<br />

mo<strong>de</strong>rnas ruas <strong>de</strong> asfalto e complementa: as calça<strong>da</strong>s em mosaico dão vi<strong>da</strong> e poesia à dura matéria por meio <strong>da</strong><br />

transformação em belo. Para Mucci, ”mosaicos são ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras poesias eternas”.<br />

No Brasil, as calça<strong>da</strong>s em mosaico, começaram a ser construí<strong>da</strong>s por volta <strong>de</strong> 1905 no Rio <strong>de</strong> Janeiro por iniciativa <strong>de</strong><br />

Pereira Bastos, então prefeito do Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong>nominado “o remo<strong>de</strong>lador <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Esse foi o início <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

outras calça<strong>da</strong>s construí<strong>da</strong>s em ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s importantes do Brasil.<br />

32


Tecnicamente, o mosaico <strong>da</strong>s calça<strong>da</strong>s po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como “opus tesselatum” em duas cores, colocado pelo<br />

sistema direto.<br />

Depois do Rio <strong>de</strong> Janeiro, outras capitais como Manaus, Belo Horizonte fizeram calça<strong>da</strong>s em mosaico e atualmente<br />

muitas outras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s brasileiras, entre elas Curitiba, têm lindos mosaicos em calça<strong>da</strong>s.<br />

3.2 EXEMPLOS DE CALÇADAS EM MOSAICO<br />

Açores - Portugal Açores - Portugal Copacabana - Brasil<br />

33


3.3<br />

A importância <strong>da</strong> Imperatriz Tereza Cristina como uma precursora <strong>da</strong> Arte Musiva no Brasil, não é muito valoriza<strong>da</strong><br />

pelos historiadores e vale lembrar que a Imperatriz era italiana, e Roma, tinha muitos mosaicistas importantes, talvez <strong>da</strong>í seu<br />

gran<strong>de</strong> interesse pelo mosaico. Baseado no que leu sobre o assunto procure imagens <strong>de</strong> mosaicos feitos pela Imperatriz,<br />

<strong>de</strong>scubra se houve pesquisas no assunto e observe que tipo <strong>de</strong> material a Imperatriz utilizava para fazer mosaicos, visto<br />

que o Brasil do início do século XIX, não dispunha <strong>de</strong> recursos para tal ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> artística.<br />

Veja fotos dos mosaicos <strong>da</strong> Imperatriz no material <strong>de</strong> apoio: pasta Imperatriz Tereza Cristina.<br />

A Imperatriz fez que tipo <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gem do mosaico?<br />

Procurem coletar materiais possíveis <strong>de</strong> se fazer mosaicos e classificá-los por tipo e organizá-los em recipientes<br />

transparentes, que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> garrafas PET. Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser feita em longo prazo, pois é uma pesquisa para<br />

posteriores produções <strong>de</strong> mosaico a partir <strong>de</strong>sses materiais alternativos coletados durante um certo período. Sempre que<br />

encontrar materiais que po<strong>de</strong>m ser usados em mosaico, reserve e guar<strong>de</strong>.<br />

2 PROJETO DE CALÇADA, EM MOSAICO<br />

34


Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> tem o objetivo <strong>de</strong> pesquisar calça<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Curitiba feitas na técnica do mosaico, compreen<strong>de</strong>r o método<br />

direto na realização <strong>de</strong> calça<strong>da</strong>s e buscar novas idéias compositivas no Projeto proposto.<br />

Sugestão do tema: “Novas calça<strong>da</strong>s em Curitiba”, e po<strong>de</strong> ser representado com <strong>de</strong>senhos simbólicos, estilizados,<br />

assim como o que você vê em calça<strong>da</strong>s (pinhão, araucárias, símbolos, etc).<br />

Em primeiro lugar, observe as calça<strong>da</strong>s, fotografe-as, se possível, passe as imagens na TV pendrive. Faça estudos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senhos para seu projeto <strong>de</strong> calça<strong>da</strong>. Escolha o material: pedras, mármore, pastilhas <strong>de</strong> vidro, azulejo, piso cerâmico.<br />

Compre um pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> tela para mosaico. A tela será o suporte provisório para o mosaico. Faça o <strong>de</strong>senho na tela, cole as<br />

peças <strong>de</strong> modo direto. Espere secar e aplique no chão, com <strong>de</strong>sempena<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>nta<strong>da</strong> e argamassa. Depois, rejunte e faça a<br />

limpeza.<br />

Para enten<strong>de</strong>r melhor, veja o dvd, pasta Vera Romano. Ela faz tapetes em mosaico, que tem a mesma técnica <strong>de</strong><br />

calça<strong>da</strong>. Veja também o cd <strong>de</strong> fotos, pasta Guido Schille.<br />

O ponto principal <strong>de</strong>ssa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> é o Projeto, o processo <strong>de</strong> composição e não a execução, pois fazer uma calça<strong>da</strong><br />

implica em algo mais complexo, mas é importante conhecer como se faz.<br />

ATIVIDADE 3<br />

MOSAICO A PARTIR DE IMAGENS DE REVISTA<br />

Escolha um tema, exemplo: pessoas, flores, rostos, consumo, felici<strong>da</strong><strong>de</strong>, rostos, olhos, olhares, origem do mundo,<br />

história do Brasil, queima<strong>da</strong>s, mu<strong>da</strong>nças climáticas, entre outros.<br />

35


Recorte imagens relativas ao tema escolhido. Caso ache interessante, po<strong>de</strong> fotocopiar algumas imagens, ampliandoas,<br />

reduzindo-as. Dessa forma, é possível também trabalhar o contraste <strong>de</strong> cores entre as imagens colori<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s revistas e<br />

o preto e branco <strong>da</strong>s fotocópias.<br />

As imagens nesse trabalho serão suas tesselas. To<strong>da</strong> tessela tem um formato: quadrado, triangular, arredon<strong>da</strong>do,<br />

quebrado aleatoriamente como cacos, entre outros. Dê um formato diferente às suas figuras e escolha uma base para colar:<br />

papel canson, cartolina, papel cartaz. Use cola branca.<br />

Comece a compor as gravuras na base. Po<strong>de</strong> colar <strong>de</strong>ixando pequenos espaços como os mosaicos tradicionais ou<br />

usar sobreposição, o papel permite esse recurso.<br />

Os exemplos abaixo são colagens estilo mosaico, <strong>da</strong> artista curitibana Vera Romano. Outros mosaicos com a utilização<br />

<strong>de</strong> tesselas estão disponíveis no cd <strong>de</strong> fotos, pasta Vera Romano.<br />

Agora é a sua vez!<br />

Não se esqueça que para fazer um bom trabalho, é necessário planejar e seguir as etapas necessárias para sua<br />

produção.<br />

36


Uma câmera digital e um bom tema são suficientes para criar um painel com características <strong>de</strong> um mosaico. Se<br />

consi<strong>de</strong>rar que o mosaico é uma espécie <strong>de</strong> construção a partir <strong>de</strong> cacos, organizados lado a lado, formando uma imagem,<br />

então po<strong>de</strong>mos pensar em imagens <strong>de</strong> fotos, como se elas fossem os cacos. Para se fazer mosaico, é necessário um<br />

projeto para que as etapas <strong>de</strong> sua realização sejam respeita<strong>da</strong>s. Nesse trabalho, as etapas se divi<strong>de</strong>m assim:<br />

- escolha um tema;<br />

- fotografia <strong>de</strong> várias imagens que possam compor este tema (faça as fotos, se possível);<br />

- escolha algumas imagens e imprima;<br />

-se sua câmera tiver cartão, faça a leitura <strong>da</strong>s imagens na TV multimídia;<br />

-uma dica muito interessante para se usar imagens, é <strong>de</strong>stacar algumas através <strong>de</strong> ampliação ou redução. No<br />

computador essas imagens po<strong>de</strong>m ser mexi<strong>da</strong>s, distorci<strong>da</strong>s, tornando-as mais horizontais, verticais, etc.<br />

Tendo as imagens, agora é hora <strong>de</strong> compor. Se quiser variar, dê um formato diferente à sua foto, como um efeito<br />

rasgado, por exemplo.<br />

- escolha um suporte: papel A3 é um bom tamanho, o A1 é i<strong>de</strong>al, mas po<strong>de</strong> ser uma cartolina e até mesmo papel<br />

pardo.<br />

Componha essas imagens, organizando-as no seu painel, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar espaços ou usar a sobreposição. O importante<br />

é compor e gostar do seu trabalho. Essa colagem não é um mosaico tradicional, mas o processo <strong>de</strong> sua realização se<br />

assemelha muito à elaboração <strong>de</strong> um mosaico.<br />

Essa sugestão <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser feita com imagens <strong>de</strong> revistas, caso não tenha uma câmera digital.<br />

ATIVIDADE 5<br />

37


s MATRIZ DE ESTÊNCIL PARA SIMULAÇÃO DE TESSELAS<br />

Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> tem um objetivo <strong>de</strong> trabalhar o an<strong>da</strong>mento, ritmo, e criar novas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> se pensar o ritmo e<br />

trabalhar os exercícios <strong>de</strong> composição musiva.<br />

A Matriz po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> transparência para retroprojetor, cartolina ou material <strong>de</strong> radiografia.<br />

Corte a matriz em 4 partes iguais. Em ca<strong>da</strong> um, <strong>de</strong>senhe e vaze formatos <strong>de</strong> tesselas. Faça o <strong>de</strong>senho no formato <strong>de</strong><br />

tessela na matriz e vaze com estilete. Não faça muitos <strong>de</strong>senhos (apenas um ou dois), pois a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> se <strong>da</strong>rá, quando<br />

passar para um suporte repetindo a operação várias vezes. A princípio, pense somente em fazer exercícios <strong>de</strong> an<strong>da</strong>mento,<br />

<strong>de</strong>pois po<strong>de</strong> pensar em formar algum <strong>de</strong>senho.<br />

Pegue um rolinho <strong>de</strong> espuma, tinta guache ou serigráfica, ban<strong>de</strong>ja <strong>de</strong> isopor. Passe o rolinho sobre a matriz, em vários<br />

sentidos, <strong>da</strong>ndo o an<strong>da</strong>mento <strong>de</strong>sejado. Use cores varia<strong>da</strong>s e faça an<strong>da</strong>mentos diferentes.<br />

Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> é interativa, pois os alunos po<strong>de</strong>m trocar matrizes e <strong>de</strong>scobrir muitas maneiras diferentes <strong>de</strong> trabalhar<br />

com an<strong>da</strong>mento.<br />

O livro <strong>de</strong> Bea Pereira: Mosaico Sem Segredos, p. 49 a 53, traz exemplos <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> an<strong>da</strong>mento e mosaicos<br />

que os representam.<br />

Importante frisar, que a idéia <strong>de</strong> algumas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong>, são novas abor<strong>da</strong>gens do mosaico na escola e<br />

não a formação <strong>de</strong> mosaicistas.<br />

Essa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso do estêncil consequentemente po<strong>de</strong> te trazer novas idéias, novas soluções.<br />

Que tal você sugerir uma nova ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> a partir do uso do estêncil, relacionando-o ao mosaico?<br />

Fica aí a sugestão.<br />

38


4 CURITIBA E O MOSAICO<br />

A Arte Musiva em Curitiba está se <strong>de</strong>senvolvendo progressivamente e buscando espaço perante outras artes.<br />

Basta ir aos Museus e procurar por Mosaicos, é raro encontrar alguma obra. As exposições que acontecem são<br />

geralmente iniciativas dos próprios artistas mosaicistas que se unem e mostram sua arte em outros espaços. Mas mosaico<br />

em Curitiba tem nome e esse representante importante <strong>da</strong> Arte do mosaico, é Franco Giglio (1937-1982).<br />

4.1 FRANCO GIGLIO<br />

Franco Giglio nasceu na Itália em 1937 e veio ao Brasil com 21 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Morou em Minas Gerais e trabalhou<br />

com um gran<strong>de</strong> mosaicista, Alfredo Mucci, também italiano e que na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960 <strong>de</strong>senvolvia trabalhos em mosaico no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro e Belo Horizonte.<br />

39


No final dos anos 50, Alfredo Mucci convidou Franco Giglio para fazer um painel em mosaico em Juiz <strong>de</strong> Fora: “A<br />

Evolução <strong>da</strong> Moe<strong>da</strong> Através dos Tempos”. Esse painel fica na <strong>Secretaria</strong> Estadual <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> e se encontra bem<br />

preservado.<br />

Franco Giglio tornou-se muralista, fixou residência em Curitiba on<strong>de</strong> realizou muitos trabalhos em mosaico: Cemitério<br />

Municipal, Assembléia Legislativa, Colégio Lins <strong>de</strong> Vasconcelos e em várias residências particulares.<br />

Giglio executava seu projeto na íntegra, diferentemente <strong>de</strong> alguns mosaicistas que recorriam à outros para executar<br />

obras assina<strong>da</strong>s por eles.<br />

Um importante mosaico <strong>de</strong> Franco Giglio, o do Cemitério Municipal está passando por um intenso e minucioso trabalho<br />

<strong>de</strong> restauro, por conta <strong>da</strong> condição que se encontra. A restauração está sendo feita através do Programa <strong>de</strong> Recuperação<br />

do Patrimônio Histórico <strong>da</strong> Prefeitura <strong>de</strong> Curitiba e coor<strong>de</strong>nado pela Fun<strong>da</strong>ção Culltural <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Franco Giglio ficou muito amigo <strong>de</strong> Poty Lazarotto, que confiou à Giglio, a realização do famoso painel em azulejo do<br />

Monumento ao Tropeiro, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Lapa.<br />

Em 1975, Franco Giglio se casou com Roseli <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> e retornou à Itália. Faleceu muito cedo, aos 44 anos no ano<br />

<strong>de</strong> 1982.<br />

No Bairro do Bigorrilho funciona a Biblioteca Franco Giglio e também no Solar do Barão, há uma sala permanente com<br />

o nome do artista.<br />

Recentemente, com a restauração <strong>de</strong> um mosaico <strong>de</strong> Franco Giglio em Curitiba, o jornal “Notizie d’Itália” que veicula no<br />

Brasil e Itália, fez uma matéria sobre o assunto. 7<br />

7 Jornal : http://www.italiaoggi.com.br/not07_0908/ital_not20080704b.htm<br />

Residência Nelson Justus: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id42.html<br />

40


Imagens <strong>de</strong> mosaico <strong>de</strong> Franco Giglio po<strong>de</strong>m ser vistas, acessando o site “mosaicos do Brasil” e no cd <strong>de</strong> fotos.<br />

41


4.2 POTY LAZAROTTO E O MOSAICO<br />

Napoleão Potyguara Lazzarotto, conhecido simplesmente como Poty (1924-1998) foi um <strong>de</strong>senhista, gravurista,<br />

ceramista e muralista brasileiro. Mas o que poucas pessoas sabem, é que Poty também era mosaicista, uma técnica<br />

artística que se assemelha um pouco aos murais que fazia.<br />

Filho <strong>de</strong> italianos, Poty começou a se interessar por <strong>de</strong>senho ain<strong>da</strong> bem criança. Seu pai era ferroviário e sua mãe<br />

mantinha um restaurante na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, o “Vagão do Armistício”, muito freqüentado por intelectuais paranaenses.<br />

Ao longo <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> trabalhou principalmente com <strong>de</strong>senhos, gravuras, murais, serigrafia, litografia, pintura.<br />

Para muitos críticos <strong>de</strong> arte, os murais são o trabalho mais representativo <strong>de</strong> sua obra. Em sua execução, Poty<br />

empregava materiais diversos, como ma<strong>de</strong>ira, vidro, cerâmica, azulejo, e concreto aparente, esse último um <strong>de</strong> seus<br />

materiais <strong>de</strong> predileção.<br />

Há obras <strong>de</strong> Poty espalha<strong>da</strong>s por diversas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Brasil e do exterior, incluindo murais em Portugal, na França, e<br />

na Alemanha.<br />

Suas obras também po<strong>de</strong>m ser vistas em diversos locais públicos <strong>de</strong> Curitiba, como os painéis do pórtico do Teatro<br />

Guaíra, no saguão do Aeroporto Afonso Pena na Praça 29 <strong>de</strong> Março, na Praça 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro (Curitiba) e na Torre <strong>da</strong><br />

Telepar. Embora Poty Lazarotto seja reconhecido por outros trabalhos por ser um artista múltiplo, foi também um gran<strong>de</strong><br />

mosaicista. Mas é interessante saber, que nem sempre um trabalho em mosaico assinado por um artista, tenha que ser<br />

42


necessariamente executado por ele, como foi o caso <strong>de</strong> mosaicos <strong>de</strong> Poty realizados por Franco Giglio e mesmo murais <strong>de</strong><br />

Poty assinados por ele e executados por outros artistas.<br />

O último trabalho <strong>de</strong> Poty antes <strong>de</strong> falecer, foi um mosaico, apesar <strong>de</strong> sua importância na arte não ser tão associa<strong>da</strong> à<br />

Arte musiva. O painel em mosaico fica no Teatro Calil Had<strong>da</strong>d em Maringá, concluído em 1997, mas inaugurado em 2000.<br />

Este painel é <strong>de</strong> Poty e realizado por outro artista chamado Adoaldo Lenzi, um gran<strong>de</strong> ceramista que tem trabalhos<br />

reconhecidos no Brasil e na Europa. Seu Atelier fica no bairro Pilarzinho, em Curitiba. Veja a imagem do mosaico <strong>de</strong> Poty<br />

em Maringá acessando o site 8 : http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id9.html e no cd <strong>de</strong> fotos.<br />

Artistas como Alfredo Mucci, Franco Giglio, Poty Lazarotto, têm uma história não somente com Curitiba, ampliaram<br />

esse universo artístico com obras que pertencem à história <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

4.3 ARTISTAS BRASILEIROS E O MOSAICO NO BRASIL<br />

A importância <strong>da</strong> arte do mosaico no Brasil é pouco consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> por historiadores e críticos <strong>de</strong> Arte e é bem possível<br />

compreen<strong>de</strong>r isso, quando buscamos gran<strong>de</strong>s nomes <strong>de</strong> artistas brasileiros ou estrangeiros conhecidos no Brasil que não<br />

são reconhecidos por fazer trabalhos musivos, a exemplo <strong>de</strong> Poty em Curitiba. Aqui, tentarei apenas <strong>da</strong>r alguns exemplos,<br />

pois esse tema ren<strong>de</strong>ria muito mais que um tópico <strong>de</strong> um <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> didático. A compreensão mais clara do que relato se<br />

8 Mosaico <strong>de</strong> Poty: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id9.html<br />

43


encontra numa tese: COELHO, Isabel Ruas Pereira “ A Produção <strong>de</strong> painéis em mosaico no período pós-guerra em<br />

São Paulo: Industrialização e mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> versus tradição artesanal. Campinas, 2003. 9<br />

Quem <strong>de</strong> fato quer compreen<strong>de</strong>r ou tentar enten<strong>de</strong>r o porque <strong>da</strong> Arte Musiva estar ou se ausentar no cenário artístico<br />

brasileiro, precisa ler esse artigo <strong>de</strong> Isabel Ruas Pereira, principalmente quando entramos no contexto <strong>de</strong> arte, artesanato,<br />

industrialização. Para isso, é necessário conhecer quais eram os principais centros <strong>de</strong> mosaico no mundo na época.<br />

O mosaico artístico tem as melhores escolas em Ravena e Paris e essas escolas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o uso <strong>de</strong> tesselas<br />

irregulares, sem características industriais, assim como eram as tesselas do período bizantino e ain<strong>da</strong> reforçam a<br />

importância do mosaicista executar sua obra, ao contrário do período <strong>da</strong> invenção <strong>da</strong>s tesselas industriais (1731 em Roma<br />

por Mattioli), e <strong>de</strong>pois com expansão em Paris.<br />

No final do século XIX aplicam-se mosaicos em gran<strong>de</strong> escala, em edifícios como o <strong>da</strong> Ópera <strong>de</strong> Paris, cria<strong>da</strong> por<br />

Charles Garnier em 1875, com uma enorme área revesti<strong>da</strong> em mosaico.<br />

Essa produção industrial, longe <strong>de</strong> gerar uma renovação na expressão artística do mosaico, leva a uma<br />

<strong>de</strong>scaracterização <strong>da</strong> sua linguagem plástica, processo análogo ao que aconteceu, no mesmo período, em outras artes.<br />

A partir do início do séc. XX, os artistas mo<strong>de</strong>rnos <strong>da</strong> Escola <strong>de</strong> Paris re<strong>de</strong>scobrem o mosaico, procuram renovar sua<br />

linguagem com base em uma produção totalmente artesanal, basea<strong>da</strong> nos princípios do mosaico <strong>de</strong> Ravena (sécs V a XV),<br />

abandonando a pesquisa formal <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> pelas fábricas <strong>de</strong> mosaico do século XIX.<br />

No Brasil, a industrialização veio tardia compara<strong>da</strong> à Europa e o que ocorreu com o mosaico em seu período <strong>de</strong> auge<br />

(após Segun<strong>da</strong>-Guerra Mundial), foi a execução <strong>de</strong> mosaicos pelas indústrias, porém assinados por artistas, em forma <strong>de</strong><br />

“cartão para mosaico”. Esse cartão era um projeto em mosaico assinado por um artista e executado geralmente pela<br />

indústria que fabricava as tesselas, como foi o caso <strong>da</strong> Vidrotil. Muitos painéis foram feitos <strong>de</strong>ssa forma, <strong>de</strong>scaracterizando o<br />

9 Artigo retirado do site: http://www.docomomo.org.br/seminario%205%20pdfs/062R.pdf<br />

44


mosaico como obra <strong>de</strong> arte realiza<strong>da</strong> por um artista. Um cartão para mosaico, po<strong>de</strong>ria se transformar em qualquer outra<br />

técnica como pintura, gravura, tapeçaria, per<strong>de</strong>ndo a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> linguagem <strong>de</strong> mosaico.<br />

Para refletir: não estaria aí uma <strong>da</strong>s causas <strong>da</strong> <strong>de</strong>svalorização <strong>da</strong> Arte Musiva no Brasil com relação às outras artes?<br />

“Di Cavalcanti”, consagrado artista brasileiro, produziu “cartões para mosaico”, para painéis em São Paulo.<br />

Apesar <strong>de</strong> ter estu<strong>da</strong>do a técnica musiva em Paris, não adotou em seus painéis, características artísticas típicas <strong>da</strong>s escolas<br />

européias na execução dos mosaicos, ficando suas obras com aspectos plásticos típicos dos mosaicos industrializados.<br />

“Nos principais centros <strong>de</strong> renovação mo<strong>de</strong>rna <strong>da</strong> arte do mosaico, Ravena e Paris, foram introduzi<strong>da</strong>s novas maneiras<br />

<strong>de</strong> ver a relação entre criação e execução do mosaico, propondo a não existência na separação entre criação e execução do<br />

mosaico, assumindo, portanto uma forma <strong>de</strong> trabalho necessariamente artístico.<br />

Procuraram também criar uma nova “gramática” do mosaico, voltando a tirar partido dos seus elementos estruturais: a<br />

forma <strong>da</strong> tessela, o espaço livre entre as tesselas e o an<strong>da</strong>mento. Esta atitu<strong>de</strong> propunha o fim <strong>da</strong> separação entre o projeto<br />

do mosaico – ou seja, o cartão – e a sua elaboração material. Dois dos principais artistas mo<strong>de</strong>rnos que trabalharam com a<br />

renovação <strong>da</strong> linguagem do mosaico foi Gino Severini (1883-1966) e Lino Melano. Severini, artista que tinha pertencido ao<br />

movimento futurista italiano e realizado mosaicos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 30, na Itália, Suiça e França, criou em Paris a École<br />

d’Art Apliqué, nos anos 50. Nela se ensinava a cerâmica <strong>de</strong> Faenza e o mosaico <strong>de</strong> Ravena. Vários artistas brasileiros<br />

passaram por esta escola em Paris, entre eles, Jorge Mori, Flávio Shiró e Antonio Carelli.<br />

“Para estes artistas, ao contrário <strong>de</strong> Di Cavalcanti, a criação do mosaico <strong>de</strong>veria ser feita diretamente pelo artista e não<br />

passar por uma fábrica”. COELHO, Isabel Ruas Pereira. 10<br />

10 Retirado do site: http://www.docomomo.org.br/seminario%205%20pdfs/062R.pdf<br />

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Após Di Cavalcanti, outros artistas se <strong>de</strong>dicaram ao mosaico no Brasil: Bramante Bufoni, Serafino Faro (1915), Antonio<br />

Carelli (1928) e Paulo Werneck (1907).<br />

O artista Paulo Werneck (1907), nos anos 40 inaugurou no Rio <strong>de</strong> Janeiro, uma tradição <strong>de</strong> uso do mosaico nos<br />

edifícios mo<strong>de</strong>rnos brasileiros que se prolongou até aos anos 60. Nesse período, as obras em mosaico apresentavam um<br />

repertório formal mo<strong>de</strong>rno, uma mu<strong>da</strong>nça total <strong>de</strong> concepção em relação a esses mosaicos do período anterior, que tinhas<br />

aspectos totalmente industrializados. As obras musivas passam a ser utiliza<strong>da</strong>s com <strong>de</strong>finição e tratamento <strong>de</strong> superfícies<br />

murais, “como obras <strong>de</strong> arte”, assina<strong>da</strong>s pelo autor, e projeta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> acordo com os novos princípios <strong>de</strong> integração arte -<br />

arquitetura.<br />

Na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, gran<strong>de</strong>s nomes estão surgindo e a Arte Musiva recupera aos poucos, o espaço que per<strong>de</strong>u na história.<br />

4.4<br />

46


1 CARTÃO PARA MOSAICO<br />

Após leitura <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> 4, para ficar bem clara a questão <strong>de</strong> “cartão para mosaico”, a proposta é <strong>de</strong> criar um cartão,<br />

porém o autor <strong>de</strong>verá especificar materiais, suportes, cores e fazer um roteiro <strong>de</strong> execução do mosaico. Po<strong>de</strong> propor uma<br />

calça<strong>da</strong> (pavimental), pare<strong>de</strong> (parietal) ou em outros suportes como ma<strong>de</strong>ira, vidro, papel. A proposta agora é sua, e to<strong>da</strong>s<br />

as etapas <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong>verão ser respeita<strong>da</strong>s:<br />

- escolha do tema;<br />

-esboço do <strong>de</strong>senho;<br />

-suporte do mosaico;<br />

-tipo <strong>de</strong> tesselas;<br />

-cores <strong>de</strong> tesselas;<br />

-cor <strong>de</strong> rejunte<br />

-<strong>de</strong>mais materiais.<br />

Faça um projeto <strong>de</strong> um mosaico (com execução ou não) para a compreensão do processo do “cartão <strong>de</strong> mosaico<br />

assinado por um artista”. Deixe registra<strong>da</strong> sua opinião sobre o uso <strong>de</strong> “cartão para mosaico” com conotação <strong>de</strong> obra <strong>de</strong> arte.<br />

Pense, sugira outra ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> “cartão para mosaico”.<br />

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2 MOSAICO DE MOSAICO, INTERVENÇÃO....<br />

Na Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> 4, alguns importantes artistas foram citados. Escolha dois artistas citados e pesquise suas obras em<br />

mosaico. Caso não encontre obras especificamente <strong>de</strong>sses artistas, escolha outro, mas as imagens em mosaico são<br />

necessárias. Imprima imagens <strong>da</strong>s obras. Faça fotocópias <strong>de</strong> uma mesma imagem <strong>de</strong> forma reduzi<strong>da</strong>, amplia<strong>da</strong>, distorci<strong>da</strong> e<br />

monte um gran<strong>de</strong> painel. Intercale com papéis coloridos e dê um tílulo ao seu trabalho. Importante citar obra e artista<br />

pesquisados, pois <strong>de</strong>ve referenciar sempre a autoria <strong>de</strong> uma imagem. Faça interferências, cole outras imagens, pinte, faça<br />

texturas. O suporte <strong>de</strong>ve ser preferencialmente o papel em tamanho A1, ou o papel pardo em tamanho semelhante. É uma<br />

boa opção <strong>de</strong> trabalho em equipe.<br />

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5 MOSAICISTAS DE CURITIBA FAZENDO HISTÓRIA.........<br />

5.1 GUIDO SCHILLE<br />

Guido Schille nasceu em Curitiba em 1962, graduou-se em Escultura pela Escola <strong>de</strong> Música e Belas Artes do Paraná<br />

em 2005. Começou a atuar como artista plástico em 1997, realizando principalmente trabalhos em mosaico, ministrando<br />

oficinas e cursos, bem como, <strong>de</strong>senvolvendo esculturas em diferentes técnicas e materiais, principalmente o mármore e o<br />

granito.<br />

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Conheça mais sobre os trabalhos <strong>de</strong> Guido Schille, acessando o site do artista, que além <strong>de</strong> mosaicos, têm gran<strong>de</strong>s<br />

esculturas em mármore e granito. 11<br />

Guido Schille trabalha o mosaico integrado à arquitetura, assim como os mosaicos antigos conhecidos na história. Tem<br />

uma gran<strong>de</strong> afini<strong>da</strong><strong>de</strong> com o <strong>de</strong>senho, e a organização <strong>de</strong> seu trabalho segue minuciosamente as etapas estabeleci<strong>da</strong>s,<br />

procurando seguir um projeto. O trabalho a seguir, é um tapete em mosaico aplicado em um consultório <strong>de</strong>ntário infantil.<br />

As imagens mostram a sequência do projeto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senho, etapas <strong>de</strong> execução e mosaico final. Esse caráter <strong>de</strong><br />

pereni<strong>da</strong><strong>de</strong> e durabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um tapete em mosaico é típico dos mosaicos antigos. O tapete do exemplo é feito pelo método<br />

indireto, embora se faça também outros tipos <strong>de</strong> tapetes pelo método direto.<br />

11 Site Guido Schille: www.guidoschille.art.br/in<strong>de</strong>x.htm<br />

TAPETE EM MOSAICO: DO PROJETO À EXECUÇÃO<br />

50


5.2 VERA ROMANO, UMA DENTISTA QUE SE TORNOU MOSAICISTA<br />

Vera Romano é <strong>de</strong>ntista e divi<strong>de</strong> seu tempo entre sua profissão e a Arte Musiva e diz: “odontologia também é juntar<br />

cacos”, só que sem a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> usar a cores. “A Arte do mosaico aprimorou ain<strong>da</strong> mais a minha paciência e como<br />

<strong>de</strong>ntista que sou, tenho que restaurar a forma e a função <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nte sem po<strong>de</strong>r <strong>da</strong>r-lhe cor, o mosaico me permite juntar<br />

cacos, porém coloridos e navegar no universo <strong>da</strong>s cores!” (Vera Romano, 2008).<br />

Para Vera Romano, o mosaico permite <strong>de</strong>ixar a imaginação navegar por caminhos ladrilhados por cacos coloridos.<br />

Sempre se interessou por mosaico, observava igrejas e espaços que continham mosaicos e ao passar pelo Depósito<br />

<strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m, local do curso <strong>da</strong> artista Bea Pereira, sentiu naquele momento uma sintonia com a arte que viu, e uma enorme<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir uma peça em mosaico.<br />

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Fez um curso em 2003 e não parou mais. Seu trabalho é muito bom, diferenciado e consegue fazer mistura <strong>de</strong><br />

materiais, diz que isso é básico quando se trata <strong>de</strong> mosaico. Reutiliza louças quebra<strong>da</strong>s, azulejos, vidros, blin<strong>de</strong>x, pedras<br />

que traz <strong>da</strong> praia, cacos em geral e peças <strong>de</strong> bijouterias. Consegue harmonizar cores, faz muitos estudos <strong>de</strong> composição,<br />

misturando materiais e tem resultados excelentes.<br />

Fez uma experiência <strong>de</strong> colagem (que para ela não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser mosaico), em um hospital e percebeu uma melhora<br />

incrível dos pacientes e o envolvimento que isso causou entre as pessoas.<br />

Sua preferência é fazer tapetes e tampos <strong>de</strong> mesa em mosaico. Ela diz que gosta <strong>de</strong> trabalhos que não ocupem muito<br />

espaço, sejam permanentes e enfeitem ambientes.<br />

Para fazer tapetes, usa peças <strong>de</strong> vidro (vidrotil) e explica que o vidro por ter cor única, po<strong>de</strong> lascar e não per<strong>de</strong> a cor,<br />

ao contrário <strong>de</strong> um azulejo que tem a cor somente como revestimento e também exige uma força maior ao cortar, o que<br />

po<strong>de</strong>ria prejudicá-la em sua profissão <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntista.<br />

Para fazer tampos <strong>de</strong> mesa internos ou externos, a única diferença fica por conta <strong>da</strong> base: para ambiente interno, usa<br />

é MDF e externo uma espécie <strong>de</strong> Fibrocimento. Vera Romano usa muitos materiais <strong>de</strong>scartados <strong>da</strong> construção civil:<br />

azulejos, vidro, granito, mármore, pastilhas e a “reutilização” é uma constante, associa<strong>da</strong> à muita imaginação.<br />

Vera Romano quando pensa em um mosaico, diz que visualiza mentalmente, planeja como fazer e realiza um trabalho<br />

em etapas e diz que para um bom trabalho é preciso: paciência, <strong>de</strong>dicação, capricho e muito cui<strong>da</strong>do ao combinar cores,<br />

que para ela é algo intuitivo. Na dúvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> combinação <strong>de</strong> cores, coloca to<strong>da</strong>s as peças, lado a lado, e só cola quando<br />

consegue harmonizar.<br />

O fato <strong>de</strong> usar materiais alternativos, como pedras <strong>de</strong> rio, louças quebra<strong>da</strong>s, vidros quebrados, misturados às pastilhas<br />

específicas <strong>de</strong> mosaico, dão ao seu trabalho, um diferencial e uma harmonia única. Em seu atelier, os armários têm<br />

53


colagens em papel, que são ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros mosaicos, além <strong>de</strong> ter todo o material organizado por separação <strong>de</strong> cores e tipos<br />

<strong>de</strong> tesselas.<br />

Explica todos os passos para fazer um tapete (apenas a técnica) e conclui: “mosaico, é sonhar colorido”.<br />

Vale à pena ver a entrevista que consta no dvd que compõe esse <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico. Abaixo, alguns trabalhos <strong>da</strong><br />

artista: tampos <strong>de</strong> mesa, com materiais reutilizados, azulejos, fusing, micro mosaico e tapete com pastilhas vidrotil.<br />

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5.3 A MOSAICISTA SELMA DE OLIVEIRA<br />

A artista Selma <strong>de</strong> Oliveira tem formação acadêmica na EMBAP, Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Música e Belas Artes na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Curitiba e tem uma lin<strong>da</strong> história com o mosaico, o qual se <strong>de</strong>dica a alguns anos. Participou <strong>de</strong> exposições, tem artigos<br />

publicados em jornais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> veiculação no Paraná.<br />

É uma artista que comercializa seus trabalhos na Feira do Largo <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m, no Centro Histórico <strong>de</strong> Curitiba e ministra<br />

cursos <strong>de</strong> mosaico em seu atelier no bairro Campo Comprido.<br />

Selma <strong>de</strong> Oliveira tem um estilo muito particular, gosta muito <strong>de</strong> trabalhar com azulejo e cerâmica. O corte arredon<strong>da</strong>do<br />

que faz no azulejo é algo inusitado, ela <strong>de</strong> fato mol<strong>da</strong> suas tesselas, como se estivesse <strong>de</strong>senhando através do azulejo ou<br />

cerâmica.<br />

Selma <strong>de</strong> Oliveira gravou uma entrevista para compor esse <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico e explica com <strong>de</strong>talhes como produz<br />

seus trabalhos, on<strong>de</strong> comercializa, dá dicas preciosas <strong>de</strong> escolha e economia <strong>de</strong> materiais. Sua preferência <strong>de</strong> material é<br />

azulejo e cerâmica, on<strong>de</strong> é especialista.<br />

Acredita que é possível fazer mosaicos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, mesmo sem ferramentas especializa<strong>da</strong>s. Recomen<strong>da</strong> o livro <strong>de</strong><br />

Joaquim Chavarria, pela quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e por ter sido traduzido em português. Selma conheceu Chavaria em seu atelier em<br />

Barcelona e admira muito seu trabalho como artista, escritor e professor <strong>de</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>..<br />

Sobre Gaudi, Selma dá sua opinião: Gaudí inovou o mosaico com a utilização <strong>de</strong> cerâmicas e azulejos, porque o que<br />

se conhecia antes eram mosaicos <strong>de</strong> materiais ricos, como vidro, mármore, granito, ouro, pedras preciosas, entre outros.<br />

Para ela, Gaudi era um i<strong>de</strong>alizador, um gran<strong>de</strong> arquiteto que mudou a visão do mosaico para o mundo, quando usou<br />

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<strong>de</strong>terminados tipos <strong>de</strong> materiais. Conta que no Parque Guell, além <strong>de</strong> materiais cerâmicos que conhecemos, têm telhas<br />

vitrifica<strong>da</strong>s que recebiam o mesmo tratamento <strong>da</strong> vitrificação <strong>de</strong> pisos cerâmicos, não comuns aqui no Brasil e que coloriam<br />

as belas composições musivas.<br />

5.4 MOSAICO, ARTE, ARTESANATO.... QUAL É A FRONTEIRA ?<br />

O assunto arte/artesanato é extremamente polêmico quando se quer <strong>de</strong>finir se uma obra é artística ou apenas<br />

artesanal. Muito ain<strong>da</strong> se discute o que é arte, há inúmeras opiniões em vários momentos <strong>da</strong> história e não existe uma<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> consenso, muito menos na Arte Contemporânea. Para Selma, “a fronteira entre artesanato e arte no mosaico<br />

não é <strong>de</strong>limita<strong>da</strong>, pois, “a arte está nos olhos <strong>de</strong> quem vê”.<br />

A arte que atravessou séculos per<strong>de</strong> sua importância em <strong>de</strong>terminados momentos. Tem uma frase, <strong>de</strong> autoria<br />

<strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, porém muito usa<strong>da</strong> por mosaicistas para explicar o surgimento e a ausência do mosaico em <strong>de</strong>terminados<br />

momentos históricos, frase essa, cita<strong>da</strong> também por Selma <strong>de</strong> Oliveira:<br />

“A arte do mosaico flui através <strong>da</strong> história como um gran<strong>de</strong> rio que atravessa um <strong>de</strong>serto poroso,<br />

<strong>de</strong>saparecendo e reaparecendo novamente”.<br />

O fato <strong>de</strong> o mosaico surgir, sumir como se fosse mo<strong>da</strong>, ou fora <strong>de</strong>la, Selma explica <strong>da</strong>ndo um exemplo <strong>de</strong> calça<strong>da</strong>s<br />

feitas em construções mais simples e que faz parte <strong>da</strong> lembrança <strong>de</strong> muitas pessoas <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>: fazia-se muitas calça<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> cacos, restos <strong>de</strong> cerâmica em muitas residências. Por ser <strong>de</strong> reaproveitamento, as pessoas associaram esse tipo <strong>de</strong><br />

trabalho, com pobreza, coisas <strong>de</strong> mau gosto, algo feio. Para Selma, é muito bonita a maneira que as pessoas simples se<br />

expressam, sem medo e sem censura: arte espontânea, porém confundi<strong>da</strong> com algo <strong>de</strong> gosto duvidoso. Para ela, esse foi<br />

57


um dos fatores do preconceito com o mosaico, além do caráter apenas utilitário <strong>de</strong> algumas peças reforçarem esse<br />

preconceito. O mosaico hoje resgata esse tipo <strong>de</strong> trabalho, mas com um valor mais artístico.<br />

É uma apaixona<strong>da</strong> por seu trabalho e diz que quando produz um objeto <strong>de</strong> mosaico, tem uma parte <strong>de</strong>la junto, não é<br />

mais só o objeto e por isso só trabalha quando po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>dicar integralmente.<br />

Conclui: “mosaico torna real, o que está somente no I<strong>de</strong>al”.<br />

5.5 REAPROVEITAMENTO<br />

Selma <strong>de</strong> Oliveira, fala do uso <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong>scartados pela construção civil, como um forma <strong>de</strong> se fazer mosaicos por<br />

projetos, “quando o objetivo é reaproveitar”, mas acredita que isso não possa ser feito <strong>de</strong> maneira profissional. Explica que<br />

ao fazer um trabalho profissional, é necessário contar com um número certo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> material e cor, o que<br />

inviabilizaria um trabalho com restos <strong>de</strong> materiais, mas encoraja a fazê-lo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam claros os objetivos a serem<br />

atingidos. Diz que a composição é algo que assimilamos durante a vi<strong>da</strong> e acabamos compondo naturalmente quando<br />

trabalhamos com arte.<br />

“Selma realmente mo<strong>de</strong>la azulejos para mosaicos”, e dá um tratamento às peças como ninguém executando<br />

trabalhos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> números para casas, tampos <strong>de</strong> mesas, até gran<strong>de</strong>s painéis artísticos.<br />

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Veja o cd <strong>de</strong> fotos, pasta Selma <strong>de</strong> Oliveira e para conhecer mais sobre o trabalho <strong>da</strong> Selma, assista a entrevista no<br />

dvd Selma <strong>de</strong> Oliveira e fotos no cd, pasta Selma <strong>de</strong> Oliveira.<br />

Site 12 :<br />

Abaixo, alguns <strong>de</strong> trabalhos, com características diferencia<strong>da</strong>s quanto ao corte arredon<strong>da</strong>do <strong>da</strong>s tesselas. Observe que<br />

os materiais usados são azulejos e pisos cerâmicos.<br />

12 Site Selma <strong>de</strong> Oliveira: http://selmamosaicos.vilabol.uol.com.br/mosaico.html<br />

59


5.6 MAURO ANTONIO DACÓL, “UM EMPRESÁRIO QUE DESCOBRIU A ARTE MUSIVA”<br />

Mauro é um artista que <strong>de</strong>scobriu o mosaico recentemente, mas sempre teve afini<strong>da</strong><strong>de</strong> e contato com a arte através<br />

do <strong>de</strong>senho, pintura, ourivesaria e também o teatro. É um professor universitário e empresário na área <strong>de</strong> Ciências Atuariais.<br />

Seu encontro mais próximo com o Mosaico se <strong>de</strong>u no Depósito <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m, on<strong>de</strong> foi apenas comprar um material que<br />

precisava e se <strong>de</strong>parou com os mosaicos <strong>de</strong> Bea Pereira. Percebeu que aqueles mosaicos tinham algo diferente <strong>de</strong> um<br />

simples artesanato, era algo a mais. Então pediu informações e iniciou um curso. A proposta do curso era <strong>de</strong> fazer um<br />

tampo <strong>de</strong> mesa e um vaso. Começou pelo tampo <strong>de</strong> mesa. Interessante, que ao fazer o tampo <strong>de</strong> mesa, não queria que a<br />

mesa fosse algo utilitário e sim expressivo, que ocupasse a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente um espaço. Pensou em levar a mesa para sua<br />

chácara na Lapa e escreveu no tampo: Seja bem-vindo! Dessa forma, encontrou uma justificativa menos utilitária para a<br />

mesa. E o vaso, que era parte do curso, já não queria mais fazer. Nesse momento, já pensava em outras coisas, as idéias<br />

emergiam e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer mosaico artístico era gran<strong>de</strong>. Resolveu fazer um santo: São Francisco foi o primeiro e era<br />

pra ser pequeno, mas ficou com 2 metros por um. Esse trabalho foi o início <strong>de</strong> todo o percurso e através <strong>de</strong>sse mosaico, já<br />

<strong>de</strong>monstrou ter um diferencial: misturou cascas <strong>de</strong> árvores, sobrepôs algumas pedras criando relevo, usou mármore para o<br />

rosto, utilizou uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais e foi compondo até chegar a o resultado <strong>de</strong>sejado. Na época em que fez o São<br />

Francisco, uma mosaicista austríaca que estava <strong>da</strong>ndo curso no Depósito <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m elogiou o trabalho e queria conhecer o<br />

autor pra discutir técnicas <strong>de</strong> sustentação <strong>de</strong> materiais, pois achou as soluções do trabalho muito bem pensa<strong>da</strong>s. Nesse<br />

momento, Mauro acreditou que tinha potencial para o mosaico e assim não parou mais.<br />

Continuou a fazer santos, se i<strong>de</strong>ntificou com a temática, inventou nova maneira <strong>de</strong> fazer rostos, introduziu a gravura<br />

alia<strong>da</strong> ao mosaico, criou um método. Percebia que quando fazia seu trabalho, outras pessoas copiavam, nesse caso, era<br />

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possível enten<strong>de</strong>r a diferença do trabalho artístico e a cópia artesanal, pois as soluções encontra<strong>da</strong>s para compor seu<br />

trabalho artístico, eram copia<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma mais limpa, plastifica<strong>da</strong>, pois as soluções já tinham sido <strong>da</strong><strong>da</strong>s anteriormente, e<br />

as diferenças eram visíveis. Ficou muito atrelado e conhecido no meio, como o mosaicista dos santos, já era um rótulo,<br />

então partiu para outras temáticas e está <strong>de</strong>senvolvendo mosaicos, numa leitura <strong>de</strong> pinturas <strong>de</strong> artistas paranaenses.<br />

Mosaico é arte ou artesanato?<br />

Para ele, artesanato é algo facilmente executável, copiável e que basta somar o que gastou, para cobrar pelo trabalho.<br />

Na arte não, você elabora, imagina soluções diferencia<strong>da</strong>s para um problema, “é muito <strong>de</strong> você na obra”, então é difícil<br />

colocar preço.<br />

Uma simples flor em mosaico po<strong>de</strong> ter uma beleza artística ou apenas artesanal. Posso fazer um artesanato com os<br />

melhores materiais e ter apenas um valor comercial, e posso fazer uma flor mais artística usando apenas restos <strong>de</strong> vidro.<br />

Vejo o valor artístico, não pelo que se gasta, mas pelas soluções encontra<strong>da</strong>s por quem faz. Você lê, relê uma flor através<br />

do mosaico, é a tradução <strong>da</strong> flor em arte sob a ótica do artista. Mauro é enfático: ou o mosaico é bonito ou feio, tem que ter<br />

uma boa composição. Para ele, na há padrão, então há uma subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> no olhar, e diz quem quer ganhar dinheiro <strong>de</strong>ve<br />

fazer artesanato e quem quer fazer arte, po<strong>de</strong> ganhar reconhecimento e satisfação.<br />

Para fazer mosaico, acredita que não seja necessária uma formação acadêmica, mas é imprescindível a noção<br />

espacial, noções <strong>de</strong> composição, que na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma bagagem que trazemos <strong>de</strong> nossas observações e complementa<br />

dizendo que o mosaicista tem que ter sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Para ele, “mosaico é tudo”, o que o alivia, extravasa, absorve. Tem sempre que conciliar com sua profissão,<br />

pois o mosaico o absorve a ponto <strong>de</strong> ficar horas num trabalho e esquecer o restante, se concentra muito.<br />

Traz uma frase assim: No mosaico, você se mostra, se revela. Quem não quer se mostrar, não <strong>de</strong>ve fazer<br />

mosaico, porque ele escancara as pessoas. Não admite trabalhar sob encomen<strong>da</strong>, pois a lógica e a expectativa do cliente<br />

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po<strong>de</strong> não ser a sua. O mosaico vem <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro pra fora, nesse caso prefere nunca trabalhar com pedidos, só faz o que<br />

gosta e acredita. Abaixo, imagens <strong>da</strong> primeira fase, quando fazia santos, sendo o primeiro com rosto em mosaico, o<br />

segundo com rosto em gravura e os <strong>de</strong>mais, os atuais mosaicos, leituras <strong>da</strong>s obras <strong>de</strong> artistas paranaense.<br />

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5.7 BEA PEREIRA, A ARTISTA QUE ESCREVEU UM LIVRO: “MOSAICO SEM SEGREDOS"<br />

Bea Pereira é uma mosaicista muito conceitua<strong>da</strong> no Paraná e tem uma história quase recente com o mosaico, porém<br />

muito intensa.<br />

Tudo começou em 1998 com uma viagem à Barcelona. Viu obras <strong>de</strong> Gaudi e se impressionou muito a ponto <strong>de</strong><br />

resolver fazer mosaico. De volta ao Brasil, não encontrou quem a ensinasse, então a partir do que observou na Espanha,<br />

selecionou e comprou os materiais: argamassa, rejunte, azulejos, ferramentas, etc. Fez uma mesa em seu jardim e conta<br />

que a mesa continua intacta apesar dos anos, porém <strong>da</strong> maneira que a vê hoje, usa como um exemplo <strong>de</strong> “como não se faz<br />

mosaicos”, isso porque a parte artística e a colocação <strong>da</strong>s peças, <strong>de</strong>ixam muito a <strong>de</strong>sejar. São <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> experiência,<br />

uma auto-di<strong>da</strong>ta que buscou a escola <strong>da</strong> observação.<br />

Para Bea, mosaico é um vício, é algo mágico que possibilita extravasar sua criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, colocar seu sentimento<br />

materializado em suas obras, <strong>da</strong>ndo um sentido maior à sua vi<strong>da</strong>. Conheceu pessoas maravilhosas através do mosaico,<br />

abrindo um novo caminho em sua vi<strong>da</strong>.<br />

Sua opinião sobre diferenças entre “arte e artesanato em mosaico”, consiste na autentici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma peça artística ser<br />

única e isso se dá em qualquer ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> artística, não é um diferencial somente do mosaico e conclui que uma<br />

manifestação artística, jamais po<strong>de</strong> ser uma cópia.<br />

Quando a pergunta foi sobre mosaico amador e profissional, respon<strong>de</strong>u com mais perguntas: ser profissional é quando<br />

se ven<strong>de</strong>, se comercializa, ou complementa a ren<strong>da</strong>? Algo difícil <strong>de</strong> diferenciar Bea <strong>de</strong>fine o mosaico como a arte <strong>de</strong><br />

fracionar para <strong>de</strong>pois recompor.<br />

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Fala que ao ministrar aulas <strong>de</strong> mosaico, acaba reconhecendo a “marca” do trabalho <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> aluno, on<strong>de</strong> seu estilo é<br />

reconhecido até na maneira do corte <strong>da</strong>s tesselas, na colocação <strong>da</strong>s peças, escolha <strong>de</strong> cores.<br />

Bea Pereira também trabalha com uma nova tendência do mosaico, que é o Mosaico Contemporâneo e <strong>de</strong>screve que<br />

esse tipo <strong>de</strong> mosaico valoriza substancialmente o movimento, textura, volume, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> ser abstrato ou<br />

figurativo.<br />

A artista Bea Pereira fez recentemente uma exposição no Memorial <strong>de</strong> Curitiba, on<strong>de</strong> o tema foi “TRANSFORMAÇÃO”,<br />

exposição essa com uma preocupação ambiental muito consciente <strong>da</strong>s questões que envolvem o mundo pós mo<strong>de</strong>rno:<br />

poluir/ <strong>de</strong>spoluir, <strong>de</strong>scartar/reciclar, consumir/reutilizar. Essa exposição, além <strong>da</strong> beleza, tem uma mensagem <strong>de</strong> apelo<br />

ambiental que coloca a arte no contexto atual, <strong>de</strong> forma a provocar uma discussão do presente e futuro. Alguns <strong>de</strong> seus<br />

alunos expuseram com o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> produzir mosaicos a partir <strong>de</strong> reutilização <strong>de</strong> materiais, aproveitamento e muita<br />

pesquisa <strong>de</strong> materiais. O mosaico <strong>de</strong> apresentação <strong>da</strong> exposição é <strong>de</strong> Bea Pereira e tem uma mensagem que provoca a<br />

reflexão acerca <strong>da</strong> situação ambiental <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Coloca a Arte como forma <strong>de</strong> discutir o mundo atual, através do<br />

mosaico <strong>de</strong> visível quali<strong>da</strong><strong>de</strong> estética.<br />

Falar <strong>de</strong>ssa artista é um privilégio, pois admiro seu trabalho e coragem <strong>de</strong> escrever um livro sobre o assunto, pois<br />

quando teve interesse por mosaico, poucas referências encontrou no Brasil. Seu livro: “Mosaico Sem Segredos”, faz um<br />

resumo <strong>da</strong> história do mosaico e traz to<strong>da</strong>s as técnicas que apren<strong>de</strong>u durante os anos <strong>de</strong>dicados a essa arte. É um livro<br />

bem didático e conta com trabalhos <strong>de</strong> seus alunos, nos mais variados temas e estilos. O livro é um convite a quem<br />

<strong>de</strong>seja conhecer e produzir mosaicos, pois mostra vários tipos <strong>de</strong> suportes, materiais, ferramentas e <strong>de</strong>mais materiais<br />

necessários. O diferencial, é que mostra como fazer, sem tirar a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> criar. Não é uma receita, mas um caminho<br />

para quem <strong>de</strong>seja se aventurar nesse juntar <strong>de</strong> cacos.<br />

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Trecho do texto sobre a exposição:<br />

Cacos <strong>de</strong> vidro, restos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>de</strong>molição, cerâmica, metais e pedras transformam-se em vasos, mesas,<br />

espelhos e painéis, resultado <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong>licado que se reveste <strong>de</strong> paciência, organização e consciência ambiental. O<br />

mosaico, arte <strong>de</strong> rara beleza, encerra em seu propósito a transformação <strong>de</strong> materiais e isso po<strong>de</strong> ser constatado nas peças<br />

em exposição.<br />

O mosaico – Nenhum mosaico é idêntico ao outro, pois ca<strong>da</strong> trabalho oferece a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> criação individual.<br />

Formado por peças chama<strong>da</strong>s tesselas, que são coloca<strong>da</strong>s e fixa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma or<strong>de</strong>na<strong>da</strong> em uma superfície rígi<strong>da</strong> e uni<strong>da</strong>s<br />

por rejunte, é a arte <strong>de</strong> fragmentar para <strong>de</strong>pois reor<strong>de</strong>nar, on<strong>de</strong> a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> permite criar obras únicas, nasci<strong>da</strong>s do <strong>de</strong>safio<br />

<strong>de</strong> vencer os limites impostos pela dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> no manuseio e corte dos diversos materiais empregados.<br />

Veja fotos dos mosaicos <strong>da</strong> exposição, no cd <strong>de</strong> fotos pasta Bea Pereira, exposição Transformação. Os mosaicos a<br />

seguir, são <strong>da</strong> artista:<br />

67


5.8<br />

SUPORTE DE ISOPOR PARA MOSAICO<br />

O que é possível fazer com ban<strong>de</strong>jas <strong>de</strong> isopor como suporte para mosaicos?<br />

SUGESTÃO 1: utilizar o suporte para fazer mosaicos figurativos ou abstratos, usando cores <strong>da</strong>s folhas <strong>de</strong><br />

revistas e acabamento com cera <strong>de</strong> betume ou cola.<br />

Materiais:<br />

-Cola PVA extra<br />

-Ban<strong>de</strong>jas <strong>de</strong> isopor em formato qualquer<br />

-Folhas <strong>de</strong> revistas sem imagem, somente cores<br />

-Pincel <strong>de</strong> cer<strong>da</strong>s achata<strong>da</strong>s e firmes<br />

-Cera <strong>de</strong> betume (opcional).<br />

Escolha as cores e um tema para seu trabalho. Faça um esboço a lápis no isopor (suporte)<br />

Rasgue os papéis coloridos, separe por cores e comece a colar. Deixe espaços entre os papéis (tesselas), como<br />

os mosaicos tradicionais. Use a pinça para facilitar a colagem.<br />

70


Deixe secar e dê um acabamento com a própria cola ou passe cera <strong>de</strong> betume para <strong>da</strong>r um aspecto <strong>de</strong><br />

envelhecimento no trabalho. Nesse caso, os interstícios ficam pretos, como se fosse o rejunte.<br />

SUGESTÃO 2: utilizar discos <strong>de</strong> isopor e construir Man<strong>da</strong>la <strong>de</strong> mosaico.<br />

A técnica é a mesma <strong>da</strong> sugestão 1, porém sem a utilização <strong>de</strong> cera <strong>de</strong> betume.<br />

Faça estudos compositivos antes <strong>de</strong> fazer sua man<strong>da</strong>la. Impermeabilize com cola branca ou verniz acrílico.<br />

Materiais:<br />

MOSAICO ALTERNATIVO COM EMBALAGENS PLÁSTICAS DE SHAMPOO<br />

-embalagens vazias <strong>de</strong> shampoo;<br />

-tesoura;<br />

-cola;<br />

-pincel;<br />

-base em papelão grosso ou MDF;<br />

-massa corri<strong>da</strong>;<br />

-corante <strong>de</strong> tinta;<br />

Recorte as embalagens, utilize os pe<strong>da</strong>ços possíveis <strong>de</strong> fazer tesselas.<br />

Recorte em formatos variados: triangulares, quadrados, redondos, irregulares.<br />

71


Escolha um tema, faça um <strong>de</strong>senho no suporte escolhido, <strong>de</strong> preferência um papelão bem resistente ou MDF, que é o<br />

i<strong>de</strong>al para esse trabalho.<br />

Cole as tesselas, <strong>de</strong>ixe interstícios com espaços regulares. Faça sua composição, <strong>de</strong>ixe secar.<br />

Escolha a cor do rejunte, para isso, pegue a massa corri<strong>da</strong> branca e coloque m pouco <strong>de</strong> corante. Passe a massa<br />

corri<strong>da</strong> com a aju<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma esponja ou com os próprios <strong>de</strong>dos. Alise bem, veja se os espaços foram preenchidos, espere<br />

secar, passe um pano para tirar o excesso. A limpeza final fica para o dia seguinte.<br />

SUGESTÃO: esse mosaico po<strong>de</strong> ser feito em lata usa<strong>da</strong> em achocolatado, porém é necessário que seja revesti<strong>da</strong> com<br />

papel antes <strong>de</strong> receber as tesselas em plástico. . O restante segue igual à sugestão 1.<br />

Observação: este tipo <strong>de</strong> mosaico tem uma técnica pareci<strong>da</strong> com mosaico tradicional, porém não tem a mesma<br />

durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

5.9 EXPOSIÇÕES EM CURITIBA, A VEZ DA ARTE MUSIVA<br />

Por iniciativa <strong>de</strong> artistas mosaicistas, muitas exposições têm acontecido em Curitiba, <strong>de</strong>monstrando a beleza e<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Arte Musiva. E assim, a antiga e importante arte do mosaico vai ganhando espaço e inovação através dos<br />

artistas mosaicistas, que estão fazendo história em Curitiba.<br />

A seguir, algumas imagens <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> exposições já realiza<strong>da</strong>s em Curitiba:<br />

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"Lambrequins: recortes e fragmentos", com obras dos artistas plásticos András Vörös e Selma <strong>de</strong> Oliveira<br />

Casa Culpi - Av. Manoel Ribas, 8450, 8450 - Santa Felici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

74


6 PRODUÇÃO DE MOSAICO COM BASE EM MDF<br />

Mosaico, agora essa aventura, é com você!<br />

Esta Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> finaliza a proposta <strong>de</strong>sse <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>pe<strong>da</strong>gó</strong>gico, com a execução <strong>de</strong> um trabalho em mosaico e os<br />

materiais que você coletou durante um certo tempo e também os específicos <strong>de</strong> mosaico. Agora coloque em prática o que<br />

apren<strong>de</strong>u através <strong>de</strong> textos, exercícios propostos, observação <strong>de</strong> imagens. A aventura agora é sua!<br />

Materiais: uma base em MDF, cola branca extra (PVA), rejunte para azulejo, torquês, martelo, tesselas em geral.<br />

Tesselas em geral, se resume em todos os materiais alternativos coletados: vidros temperados quebrados, cacos <strong>de</strong><br />

azulejo, peças <strong>de</strong> bijouterias, pedras <strong>de</strong> rio, retalhos <strong>de</strong> mármore, gemas <strong>de</strong> vidro, entre outros, mais as tesselas compra<strong>da</strong>s<br />

especialmente para mosaicos.<br />

Experimentar diferentes materiais <strong>da</strong>rá uma noção <strong>da</strong>s próximas escolhas.<br />

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Por on<strong>de</strong> começar?<br />

Faça um projeto, com o esboço do <strong>de</strong>senho que irá executar. Passe o <strong>de</strong>senho (sem muitos <strong>de</strong>talhes) para o MDF.<br />

Escolha os materiais e as cores do trabalho.<br />

Corte as peças no formato <strong>de</strong>sejado. Tudo vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s ferramentas que dispuser para isso. É possível fazer<br />

bons mosaicos, mesmo sem formatos <strong>de</strong> tesselas tão elaborados. Po<strong>de</strong> usar martelo e “torquês <strong>de</strong> azulejista” (para azulejo<br />

e cerâmica) e ” torquês com ví<strong>de</strong>a”, caso use pastilha <strong>de</strong> vidro, pois ela po<strong>de</strong> estilhaçar se a ferramenta não for apropria<strong>da</strong>.<br />

A idéia aqui é buscar soluções alternativas na questão <strong>de</strong> materiais, ferramentas e também nas composições musivas,<br />

iniciando um trabalho sem regras rígi<strong>da</strong>s.<br />

Antes <strong>de</strong> começar a colar, coloque as peças, troque, faça simulações, só <strong>de</strong>pois que conseguir harmonizar, comece a<br />

colar. Uma pinça aju<strong>da</strong> muito na colocação <strong>da</strong>s tesselas.<br />

Deixe secar, nunca rejunte um trabalho no mesmo dia que colou as tesselas.<br />

Escolha a cor do rejunte. Eis um problema sério: a escolha do rejunte po<strong>de</strong> comprometer todo o trabalho <strong>de</strong> mosaico.<br />

É possível colocar um pouco do pó <strong>de</strong> rejunte nos interstícios (espaços entre as tesselas), antes <strong>de</strong> rejuntar, <strong>de</strong>pois<br />

você retira com um pincel. Dá um pouco <strong>de</strong> trabalho, o acabamento final e o bom resultado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta ação.<br />

-Selma <strong>de</strong> Oliveira diz que na dúvi<strong>da</strong>, use cinza claro.<br />

-Bea Pereira recomen<strong>da</strong> nunca usar a cor <strong>da</strong>quilo que queremos <strong>de</strong>stacar: margari<strong>da</strong>s brancas com miolos amarelos,<br />

se rejunta<strong>da</strong>s com branco se transformam em ovos fritos. A artista tem sua primeira mesa <strong>de</strong> mosaico como um exemplo<br />

típico <strong>da</strong> escolha erra<strong>da</strong> <strong>da</strong> cor, fez flores brancas que se per<strong>de</strong>ram no rejunte branco.<br />

76


Proteja com fita a<strong>de</strong>siva, os lugares que não <strong>de</strong>ve sujar, como as bor<strong>da</strong>s do trabalho.<br />

Prepare o rejunte: coloque o pó <strong>de</strong> rejunte e água aos poucos, dose a água sem colocar direto <strong>da</strong> torneira, pois assim,<br />

po<strong>de</strong> correr o risco <strong>de</strong> exagerar e ter que colocar mais rejunte para equilibrar.<br />

A consistência i<strong>de</strong>al não é líqui<strong>da</strong>, ten<strong>de</strong> mais para uma massa <strong>de</strong> bolo bem grossa. Passe o rejunte, espalhando com<br />

um chinelo tipo havaiana recortado ao meio. Espalhe bem, observe se o rejunte penetrou em todos os interstícios. Quando<br />

começar a secar, retire o excesso <strong>de</strong> rejunte com uma esponja macia ou pano seco. Não é possível calcular esse tempo <strong>de</strong><br />

secagem antes <strong>da</strong> limpeza final, <strong>de</strong>vido á variação climática. Todos esses <strong>de</strong>talhes se apren<strong>de</strong>m com a prática.<br />

Após a secagem, limpe o mosaico e caso queira <strong>da</strong>r um acabamento mais bonito, impermeabilize com cera incolor. É<br />

uma experiência que nos ensina a planejar, fazer projetos e elaborá-los seguindo etapas para um bom resultado.<br />

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A minha expectativa com relação a esse <strong>ca<strong>de</strong>rno</strong> é <strong>de</strong> ter mostrado um caminho possível para se conhecer e produzir<br />

mosaicos na escola, sem distanciamento <strong>da</strong> história, mas participando <strong>de</strong>la <strong>de</strong> forma mais atuante, consciente dos<br />

problemas do mundo pós-mo<strong>de</strong>rno e contribuindo para a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ensino <strong>da</strong> arte.<br />

O mosaico tem uma trajetória histórica e técnica que possibilitam enxergar o mundo <strong>de</strong> forma mais sensível e humana,<br />

trabalhando e reelaborando conceitos tão esquecidos e importantes quando a essência é “construir. Com o mosaico, ele<br />

passa a ser “construir com arte”. Acredito que se <strong>de</strong> alguma forma, consegui mostrar esse caminho ou provocar a busca por<br />

outros, terei assim cumprido parte <strong>de</strong>ssa trajetória que <strong>de</strong> forma alguma acaba aqui. É apenas o começo.....Mary Dacól.<br />

77


BARBOSA e PEREIRA. Minidicionário Luft São Paulo: Ática, 2002.<br />

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

CASTELLS, Manuel. A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em Re<strong>de</strong>. São Paulo: Paz e Terra, 1999.<br />

CHAVARRIA, Joaquim. O Mosaico. Espanha: Editorial Estampa,1998.<br />

MUCCI, Alfredo, A Arte Do Mosaico. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ao Livro Técnico, 1962.<br />

OSTROWER, Fayga. A Sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do Intelecto. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Campus, 1998.<br />

OSTROWER, Fayga. Criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e Processos <strong>de</strong> Criação. Petrópolis: Vozes, 1987.<br />

OSTROWER, Fayga. Universos <strong>da</strong> Arte. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Campus, 1983.<br />

PARANÁ, <strong>Secretaria</strong> do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong>. Diretrizes Curriculares <strong>de</strong> Arte Para os Anos Finais do Ensino Fun<strong>da</strong>mental e Para o<br />

Ensino Médio. Curitiba,2008.<br />

PAREYSON, Luigi. Os Problemas <strong>da</strong> Estética. São Paulo: Martins Fontes, 1989.<br />

PEREIRA, Bea. Mosaico sem Segredos. Curitiba: Ed. do Autor, 2006.<br />

UFPR, Normas para Apresentação <strong>de</strong> Documentos Científicos, Editora UFPR, Curitiba, 2002.<br />

ARTIGOS:<br />

COELHO, Isabel Ruas Pereira. A Produção <strong>de</strong> painéis em mosaico no período pós-guerra em São Paulo: Industrialização e mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

versus tradição artesanal. Campinas, 2003.<br />

Disponível em: < http://www.docomomo.org.br/seminario%205%20pdfs/062R.pdf >_<br />

SITES DA INTERNET:<br />

78


Wikipédia busca sobre mosaico:<br />

Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Mosaico >_<br />

Site Franco Giglio:<br />

Disponível em: < http://www.francogiglio.com.br/portugues/notas_port/notas.htm >_<br />

Site Guido Schille:<br />

Disponível em: < www.guidoschille.art.br/in<strong>de</strong>x.htm >_<br />

Site Selma <strong>de</strong> Oliveira:<br />

Disponível em: < http://selmamosaicos.vilabol.uol.com.br/mosaico.html >_<br />

Mosaico <strong>de</strong> ur:<br />

Disponível em: < http://planeta.terra.com.br/lazer/jogosantigos/programas/ur.exe >_<br />

Disponível em: < www. pt.wikipedia.org/wiki/Museu_Britânico >_<br />

Disponível em: < http://yonelins.tripod.com/historia/ >_<br />

Piazza Armerina:<br />

Disponível em: < http://totinhoaracaju.blogspot.com/2007/10/biquni-mo<strong>da</strong>-que-libertou-mulher.html >_<br />

Disponível em: < http://www.lasicilia.es/piazza_armerina/ >_<br />

Pompéia:<br />

Disponível em: < http://maria-francisca-benedita.blogspot.com/2008/06/pompeia-v-mosaicos.html >_<br />

79


Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13790.shtml >_<br />

Disponível em: < fotosgratis.allfreephoto.com/<strong>de</strong>tails/pompeia/mosaicos.foto.php?gid=86&sgid >_<br />

Disponível em: _<br />

Disponível em: < http://interata.squarespace.com/jornal-<strong>de</strong>-viagem/2008/2/5/pompeia-que-lugar.html >_<br />

Mosaicos <strong>da</strong> imperatriz:<br />

Disponível em: < http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id9.html >_<br />

Antoni Gaudi:<br />

Disponível em: < http://yonelins.tripod.com/historia/ >_<br />

Disponível em: < http://www.voyagesphotosmanu.com/gaudi_espanha.html >_<br />

Disponível em: < www.<strong>de</strong>posito<strong>da</strong>or<strong>de</strong>m.com.br >_<br />

Mosaico <strong>de</strong> Poty:<br />

Disponível em: < http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id9.html >_<br />

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