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NAVEGANTES, NAVEGAR É PRECISO VIVER Veridiana ALMEIDA ...

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<strong>ALMEIDA</strong>, V. Navegantes, navegar é preciso viver. Anais do 1º Simpósio de Estudos Linguísticos e Literários da<br />

Universidade Tuiuti do Paraná.<br />

Eletras, vol. 20, n.20, dez.2010.<br />

www.utp.br/eletras<br />

Solenemente exacto.<br />

O seu olhar ensina o nosso olhar:<br />

Nossa atenção ao mundo<br />

<strong>É</strong> o culto que pedem.<br />

(ANDRESEN 1991)<br />

Em relação ao conteúdo, verifica-se que Sophia acredita na atuação dos deuses no<br />

mundo em que o ser humano vive apesar de eles se mostrarem ausentes. Observa-se esse<br />

posicionamento no seguinte trecho: Ausentes são os deuses mas presidem. O eu-lírico, apesar<br />

de não ver os deuses, sugere que estes vivem no mundo e, portanto, acredita que habitamos<br />

em uma transparência ambígua, pois os elementos existentes no mundo e que são claramente<br />

visíveis aos homens têm algo de invisível que neles atua, a saber, a presença dos deuses. Por<br />

isso é que o eu-lírico diz que o olhar dos deuses ensina o olhar humano e o culto que a eles se<br />

deve prestar é a observação atenta do mundo. (SCRAMIM 2006, p.50).<br />

Como se analisou, Sophia defende que os deuses, aparentemente ausentes estão mais<br />

próximos dos seres humanos do que se conjectura, basta que se olhe atentamente para o<br />

mundo para perceber esse fato, e à medida que isso ocorre, instaura-se a adoração a esses<br />

deuses. Reis também acredita na existência dos deuses e no dever dos homens de prestarem-<br />

lhes culto, pois se encontram acima da verdade, contudo não aduz a interferência dos mesmos<br />

no mundo. O eu-lírico em Reis crê na ideia de que os deuses sabem que há o universo, mas<br />

por serem de outra natureza não atuam no mundo. Observa-se essa referência nos seguintes<br />

trechos:<br />

Acima da verdade estão os deuses<br />

A nossa ciência é uma falhada cópia<br />

Da certeza com que eles<br />

Sabem com que há o Universo (...)<br />

E no seu calmo Olimpo<br />

São de outra Natureza.<br />

(PESSOA 2000)<br />

No constante diálogo, tanto Reis como Sophia acreditam nos deuses e no culto de<br />

adoração aos mesmos por parte dos seres humanos, todavia o eu-lírico em Sophia,<br />

diferentemente do eu-lírico em Reis, crê na atuação dessas divindades no mundo. Essa<br />

disparidade é estabelecida no uso dos verbos pelos dois poetas. Se, em Sophia, tem-se a<br />

utilização profusa de verbos que exprimem ação e comunicação quando se refere à atitude dos<br />

Eletras, vol. 20, n.20, dez.2010<br />

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