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NAVEGANTES, NAVEGAR É PRECISO VIVER Veridiana ALMEIDA ...

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<strong>ALMEIDA</strong>, V. Navegantes, navegar é preciso viver. Anais do 1º Simpósio de Estudos Linguísticos e Literários da<br />

Universidade Tuiuti do Paraná.<br />

Eletras, vol. 20, n.20, dez.2010.<br />

www.utp.br/eletras<br />

Literatura para Crianças pelo conjunto da obra; em 1994, o Vida Literária da Associação<br />

Portuguesa de Escritores; em 1995, Placa de Honra do Prêmio Petrarca da Associação de<br />

Editores Italianos; em 1998, o prêmio da Fundação Luís Miguel Nava pelo livro O Búzio de<br />

Cós e outros poemas; e, finalmente, em 1999 o Prêmio Camões (um dos mais importantes<br />

prêmios de Portugal) pelo conjunto da sua obra. ii<br />

Assim, com uma linguagem poética quase transparente e íntima, ao mesmo tempo<br />

firmada nos antigos mitos clássicos, Sophia invoca nos seus versos os objetos, as coisas, os<br />

seres, os tempos, os mares, os dias. A sua obra, várias vezes premiada, como visto, está<br />

traduzida em várias línguas.<br />

4. Sophia e Ricardo Reis no exílio dos deuses<br />

O mundo de Sophia é povoado por deuses e não por homens. Por isso,<br />

é mais fácil encontrá-lo nos vestígios e nos lugares da civilização<br />

grega do que no mundo em que habitamos. Por vezes, esta poesia<br />

chega a ser de uma profunda desumanidade: sonhando com a<br />

perfeição, o equilíbrio e a harmonia erguem-se para além do mal e da<br />

imperfeição que nos são consubstanciais e faz reviver um tempo sem<br />

mácula. <strong>É</strong> aí que a poesia se dá como relação com o Todo, como uma<br />

espécie de linguagem natural que decorre simbolicamente das coisas.<br />

Impossível não sermos tocados pela força bem perceptível desta<br />

positividade. Sophia faz-nos sentir o júbilo de uma poesia que avança<br />

contra ou à margem do sentido negativo da História e atribui ao<br />

poeta a sua missão original de celebração.<br />

António Guerreiro<br />

A terceira seção da obra Dual, intitulada Homenagem a Ricardo Reis, composta por<br />

sete poemas, é destinada ao heterônimo (neo)clássico de Fernando Pessoa. O diálogo com a<br />

obra de Ricardo Reis, cuja primeira impressão pareceu uma homenagem (como sugere o<br />

título), denuncia e anuncia posições ideológicas opostas entre si. Porém, é perceptível que,<br />

excepcionalmente, nesta seção, Sophia vale-se de uma rigorosidade formal, semelhante à<br />

utilizada em Reis. Ou seja, no conteúdo ambos configuram-se na divergência e, na forma,<br />

aproximam-se.<br />

Nas palavras de Scramin (2006, p. 50), “tanto Sophia e Reis fizeram parte de um<br />

mundo caótico e fragmentado, onde se vive o exílio dos deuses. Porém, a atitude que cada um<br />

Eletras, vol. 20, n.20, dez.2010<br />

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