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É preciso inovar! - Fiec

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<strong>É</strong> <strong>preciso</strong> <strong>inovar</strong>!<br />

Por Luiz Paulo Bignetti, Felipe Ost Scherer e Maximiliano Carlomagno*<br />

Olhe à sua volta. Relembre os anos que já passaram e pense em quanta coisa mudou.<br />

Porém, não adote uma postura saudosista. Esse não é um convite para recordar bons<br />

momentos da infância, mas para pensar o futuro. O ambiente de atuação das empresas,<br />

atualmente, tem sido caracterizado por complexidade, dinamicidade e incertezas<br />

crescentes. Mudanças de ordem macro, competitiva e mercadológica criam<br />

continuamente uma nova realidade. E você e sua empresa também mudam?<br />

Aprofundando-se a análise desse cenário, percebe-se uma série de mudanças<br />

significativas, isto é, a criação de novos mercados, o surgimento de novos concorrentes, o<br />

incremento da incerteza por acontecimentos como a entrada da China na OMC ou a<br />

guerra armada no Oriente Médio. O fenômeno da globalização, a inexistência de uma<br />

estrutura internacional organizada de poder econômico -simbolizada na fragilidade da<br />

OMC - os avanços com a Internet e o ritmo de inovação completam esse contexto.<br />

Algumas transformações não tão evidentes também merecem atenção, como a idade da<br />

população nos países desenvolvidos e o surgimento de uma nova classe média nos<br />

países em desenvolvimento.<br />

Feliz ou infelizmente, o impacto decorrente do relacionamento desses fatores<br />

é amplificado, já que as empresas operam em um mundo em rede. onde a<br />

intensidade extrema de conexões entre os diversos agentes e atores afeta<br />

sensivelmente a estabilidade do ambiente.<br />

Essa realidade intensifica a instabilidade e ambigüidades mencionadas, o que afeta<br />

praticamente todos os setores industriais e de serviços, tomando o ambiente<br />

hipercompetitivo. Esse cenário pode ser ilustrado com a análise de uma breve evolução<br />

do tempo de permanência das organizações no índice Standard & Poor's (S&P) das<br />

maiores empresas dos Estados Unidos, criado em 1920. Ainda em sua formação<br />

original, com 90 empresas, as empresas permaneciam no índice em média 65 anos.<br />

Já em 1998, a média de permanência no índice S&P expandido para 500 empresas<br />

havia caído para 10 anos. Como salientado por Richard Foster, se a história for um<br />

guia, nos próximos 25 anos, somente um terço das atuais 500 empresas constantes<br />

da lista fará parte do índice.<br />

Outra pesquisa realizada pela firma de consultoria Accenture com 10 mil companhias no<br />

Brasil e no Mundo reforça essa realidade. Segundo o estudo, o fator que tem maior<br />

impacto sobre o desempenho dos negócios é a capacidade dos gestores tomarem<br />

decisões em meio ao ambiente de incertezas. Esta capacidade de lidar com as<br />

mudanças de mercado e de vislumbrar tendências foi considerado o principal fator de<br />

influência no desempenho, superando os ativos das empresas e as condições do país em<br />

Av. Barão de Studart, 1980 - Aldeota - Fortaleza - Ceará - Brasil – 60.120-901 www.fiec.org.br


que as mesmas operam.<br />

Trocando em miúdos, as empresas têm tido enorme dificuldade de gerar e sustentar<br />

vantagem umas frente às outras. Por não serem capazes de gerar e manter vantagem,<br />

elas não conseguem obter um desempenho superior. E não obtendo um desempenho<br />

superior elas ficam à mercê dos concorrentes e de novos entrantes.<br />

Outro ponto que, quem sabe, vai fazê-lo sentir saudades dos anos que passaram, se<br />

refere ao fato de que "fazer bem feito" era garantia de resultado. Nas décadas de 80 e 90,<br />

o advento da gestão da qualidade elevou as empresas a um novo patamar de eficácia<br />

operacional. As diferentes e importantes técnicas como benchmarking, seis-sigma e<br />

qualidade total colaboraram significativamente para a transformação da produção<br />

artesanal na operação em massa em escala internacional. No entanto, os desafios do<br />

ambiente exigem hoje muito mais do que simplesmente "fazer bem feito".<br />

Novamente invista alguns segundos olhando à sua volta. Acesse seu site favorito de<br />

negócios na internet, ou abra sua revista preferida. A homogeneidade estratégica é um<br />

traço marcante da concorrência moderna. <strong>É</strong> clara a convergência estratégica entre as<br />

principais empresas dos setores mais representativos da economia: todas se parecem<br />

entre si. Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Gallup perguntou para mais de<br />

500 CEO's se as estratégias de seus principais concorrentes tornaram-se mais<br />

semelhantes ou mais diferentes das de sua empresa. A resposta foi preocupante. A<br />

grande maioria respondeu que as estratégias de seus concorrentes estavam cada<br />

vez "mais semelhantes". Quando a eficácia operacional toma o lugar da estratégia, o<br />

resultado é um jogo de soma zero, com as pressões sobre o custo comprometendo o<br />

investimento em longo prazo no negócio.<br />

O conteúdo das estratégias está convergindo para um mesmo padrão numa série de<br />

indústrias. Atuando com estratégias idênticas, as empresas optam apenas por melhorar<br />

sua eficácia operacional, muitas vezes, adotando uma estratégia fraca, o que não é<br />

suficiente para obter e sustentar desempenho superior.<br />

Pesquisas recentes evidenciam que, nos últimos vinte anos, a competição tem ocupado o<br />

centro da reflexão sobre estratégia, com a maioria das empresas tentando superar suas<br />

principais rivais. No fim das contas, essa visão impõe um processo de melhoria<br />

incremental, pois as empresas buscam simplesmente fazer melhor que a concorrência,<br />

adotando abordagens reativas e imitativas. Para se obter vantagem frente a um<br />

concorrente o mais recomendado é não centrar os olhos nele.<br />

Complementarmente, merece atenção a adoção indiscriminada do benchmarking. Em<br />

muitas empresas essa prática tem se constituído num elemento de equalização<br />

estratégica que dificulta a captura de valor, já que a busca de eficácia operacional eleva os<br />

padrões para toda indústria, mas os ganhos de produtividade resultantes são aproveitados<br />

pelos clientes e fornecedores e não capturados pela empresa. O benchmarking precisa<br />

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ser entendido como uma ferramenta de busca de eficácia operacional e não de<br />

oxigenação estratégica, especialmente quando realizado dentro do seu próprio setor.<br />

Considerando o contexto geral descrito, especialmente a incerteza e a competitividade<br />

crescentes, bem como a convergência estratégica decorrente de abordagens imitativas,<br />

torna-se decisivo INOVAR!<br />

Em nosso entendimento a inovação: a) é algo novo que traz resultados para a<br />

empresa; b) não deve ser vista somente como o desenvolvimento de um produto; c)<br />

deve ser um processo continuado; e) precisa ser apoiada por métodos e<br />

ferramentas específicas.<br />

Sem inovação não há vantagem nem captura de valor acima da média. No entanto<br />

muito se tem falado sobre inovação. Mas <strong>inovar</strong> como? Em quê? Quando? Essas são<br />

questões para nossa nova reflexão sobre o futuro. Boa viagem!<br />

* Luiz Paulo Bignetti é Diretor da Innoscience, doutor em administração e professor dos<br />

curso de MBA, mestrado e doutorado da UNISINOS. Felipe Ost Scherer é Diretor da<br />

Innoscience, mestre em administração e professor de graduação e MBA do lBGEN.<br />

Maximiliano Carlomagno é Diretor da lnnoscience, mestre em administração e professor<br />

de graduação e MBA do lBGEN.<br />

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