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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Os M<strong>on</strong>dlane e a FRELIMO de Moçambique<br />

dissidentes, 91 os ac<strong>on</strong>tecimentos que se seguiram mostraram que o Instituto Moçambicano<br />

c<strong>on</strong>tinuava a desfrutar do apoio do governo anfitrião. Uma comissão de inquérito<br />

rejeitou as alegações de Gwenjere e dos estudantes dissidentes como ”injustificadas” 92 e o<br />

presidente Nyerere deixou claro que desejava que as actividades do instituto prosseguissem.<br />

93 Apesar disso, por forma a exercer um c<strong>on</strong>trolo mais apertado sobre o instituto,<br />

inicialmente c<strong>on</strong>stituído como uma fundação privada, o governo solicitou que se estreitassem<br />

os vínculos com o Ministério tanzaniano da Educação. A questão ficou resolvida<br />

em meados de 1968. Ao mesmo tempo que o Comité Central da FRELIMO declarava<br />

formalmente que o Instituto fazia parte integrante do movimento de libertação, a escola<br />

secundária foi oficialmente registada como uma instituição sob a jurisdição do governo<br />

da Tanzânia. 94<br />

Uma carência de professores, provocada pelas expulsões de 1968, pelo assassinato<br />

de Eduardo M<strong>on</strong>dlane e pela posterior crise na FRELIMO levaria, c<strong>on</strong>tudo, a que se<br />

registassem atrasos significativos na reabertura da escola secundária e no reinício da ajuda<br />

oficial sueca. Para além disso, o facto de o representante oficial da FRELIMO na Suécia,<br />

Lourenço Mutaca, nomeado pessoalmente por Eduardo M<strong>on</strong>dlane e que dispunha de<br />

uma forte base na Suécia, ter deixado repentinamente o movimento no início de 1970<br />

deu azo a dúvidas quanto à situação da organização. Por fim, ao fim de dois anos e meio,<br />

a escola secundária do Instituto Moçambicano reabriu em Bagamoyo, nos finais de Outubro<br />

de 1970. A reabertura tinha sido bem preparada por Janet M<strong>on</strong>dlane e seu staff. 95<br />

A ajuda do governo sueco, incluindo a substituição dos dois professores de ciências 96 recomeçou<br />

pouco tempo depois, mas agora integrada num programa de ajuda humanitária<br />

mais global e directamente vocaci<strong>on</strong>ado para o movimento de libertação. Por volta dessa<br />

data já as campanhas de angariação de fundos (com uma base geográfica muito dilatada),<br />

realizadas por estudantes do ensino secundário e superior suecos, tinham feito do Instituto<br />

Moçambicano e da FRELIMO nomes perfeitamente do domínio público na Suécia.<br />

Apoio através da Igreja Metodista de Moçambique<br />

Antes de nos debruçarmos sobre as campanhas da juventude e dos estudantes suecos,<br />

deve notar-se que uma das igrejas livres da Suécia, a Igreja Metodista Unida da Suécia,<br />

canalizou apoio oficial sueco, a partir da segunda metade dos anos sessenta, para um programa<br />

de ensino secundário para estudantes negros do interior de Moçambique.<br />

A ajuda humanitária oficial sueca à África Austral começou em meados dos anos<br />

sessenta em forma de apoio à educação dos jovens africanos no exílio. Com a excepção<br />

91. ”Promemoria” do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 10 de Junho de 1968.<br />

92. Ibid.<br />

93. Ibid. A crise do Instituto Moçambicano centrou-se na escola secundária de Dar es Salaam, afectando pouco e<br />

indirectamente as restantes actividades do Instituto.<br />

94. Carta de Eduardo M<strong>on</strong>dlane a Lourenço Mutaca, Dar es Salaam, 21 de Junho de 1968 (AHM).<br />

95. Houve quem, na altura, questi<strong>on</strong>asse o papel desempenhado por Janet M<strong>on</strong>dlane, entre os funci<strong>on</strong>ários do<br />

governo sueco e no movimento de solidariedade. Mas tal já não foi o caso no interior da FRELIMO. Em meados<br />

dos anos setenta, o Comité Central da FRELlMO deu especial atenção às actividades do Instituto Moçambicano,<br />

”elogiando os seus resp<strong>on</strong>sáveis pelo importante trabalho levado a cabo no sentido de angariar verbas e garantir<br />

assistência técnica para os nossos programas nos campos da saúde, educação, assuntos sociais, informação e desenvolvimento”<br />

(A Voz da Revolução, Julho de 1970, p. 7). O órgão oficial da FRELlMO, A Voz da Revolução era sobretudo<br />

distribuído em Moçambique.<br />

96. Bo e Ulla Hammarström (carta (”Descrição de tarefas de Bosse e Ulla Hammarström”) de Gabriel Simbine,<br />

Reitor do Instituto Moçambicano, à ASDI, Dar es Salaam, 11 de Dezembro de 1969) (SDA).<br />

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