Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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Tor Sellström<br />
para 200.000 coroas suecas em 1965–66 e para 300.000 em 1966–67, 73 c<strong>on</strong>cedido como<br />
”apoio à actividade em geral, sem mais especificações”. 74 Quando o instituto foi forçado a<br />
fechar, em Março de 1968, tinha sido c<strong>on</strong>cedida uma verba total de 1,7 milhões de coroas<br />
suecas. 75 Este valor corresp<strong>on</strong>de a cerca de 15 por cento do valor total de ajuda humanitária<br />
sueca à África Austral, durante os cinco anos fiscais entre 1964–65 – 1968–69. 76<br />
Por via do Instituto Moçambicano, a FRELIMO foi assim um grande beneficiário de<br />
ajuda oficial sueca, muito antes de os estudantes do ensino secundário, das organizações<br />
universitárias e do movimento organizado de solidariedade terem começado as suas importantes<br />
campanhas a favor dos movimentos de libertação 77 e quase uma década antes<br />
da ajuda governamental sueca ser alargada e incluir o ANC da África do Sul. Apesar da<br />
participação da Suécia na causa naci<strong>on</strong>alista na África Austral ter começado em reacção<br />
ao apar<strong>the</strong>id na África do Sul, e da questão de Moçambique ter sido a última a surgir<br />
na cena sueca, foi na prática esta última que abriu, de forma material, o caminho para<br />
que a Suécia se envolvesse na luta regi<strong>on</strong>al pela auto-determinação, governos de maioria<br />
e democracia.<br />
Apesar das relações próximas e dos c<strong>on</strong>tactos frequentes com Eduardo e Janet M<strong>on</strong>dlane,<br />
o apoio ao Instituto Moçambicano seria suspenso em 1968 devido a c<strong>on</strong>flitos<br />
no movimento de libertação moçambicano. Só viria a ser retomado em 1971, mas já<br />
integrado num programa de colaboração directa com a FRELIMO. Entretanto, algumas<br />
das mais influentes ONGs da Suécia tinham iniciado importantes campanhas a favor<br />
tanto do Instituto Moçambicano como da FRELIMO e, c<strong>on</strong>sequentemente, entrando<br />
em c<strong>on</strong>tacto com outros intervenientes nórdicos importantes e aumentando a base de<br />
apoio de Moçambique.<br />
O que provocou a suspensão da ajuda sueca foi um c<strong>on</strong>flito aberto na escola secundária<br />
do Instituto em Dar es Salaam, no princípio de 1968. Este c<strong>on</strong>flito foi o prelúdio,<br />
em muitos aspectos, da luta interna na FRELIMO, que havia de c<strong>on</strong>duzir ao assassinato<br />
de Eduardo M<strong>on</strong>dlane em Fevereiro de 1969 e que só haveria de ser resolvido com a<br />
chegada à presidência de Moçambique de Samora Machel, em Maio de 1970. A causa<br />
imediata desta crise foi a recusa de um grupo de estudantes em participar no esforço de<br />
libertação. Numa primeira fase, a FRELIMO havia determinado que ”só através da experiência<br />
prática na c<strong>on</strong>strução de uma nação e de ajuda a si mesmo poderão os estudantes<br />
do instituto começar a perceber as dificuldades que enc<strong>on</strong>tramos para chegar à independência”.<br />
Antes de poderem c<strong>on</strong>tinuar os seus estudos no estrangeiro, era exigido aos estudantes<br />
que ”assumam resp<strong>on</strong>sabilidades nas z<strong>on</strong>as semi-libertadas de Moçambique”. 78 A<br />
ligação à luta de libertação podia durar um ou dois anos. Atraídos por perspectivas mais<br />
interessantes nos Estados Unidos ou na Europa, e agitados por um jovem padre católi-<br />
73. SIDA: ”Svenskt utvecklingsbistånd genom FN och bilateralt” (”Assistência sueca ao desenvolvimento através das<br />
Nações Unidas e bilateralmente”), Estocolmo, Fevereiro de 1967 (SDA).<br />
74. CCAH: ”Flyktingutbildningsprogrammet under budgetåret 1968–69” (”O programa de formação de refugiados<br />
durante o ano fiscal de 1968–69”), Estocolmo, 29 de Março de 1968 (SDA).<br />
75. CCAH: ”Beredningen för studiestöd och humanitärt bistånd till afrikanska flyktingar och nati<strong>on</strong>ella befrielserörelser<br />
med förslag till program under budgetåret 1970–71” (”O comité c<strong>on</strong>sultivo sobre apoio à educação e<br />
ajuda humanitária para refugiados africanos e movimentos naci<strong>on</strong>ais de libertação, com programa proposto para o<br />
ano fiscal de 1970–71”), Estocolmo, 29 de Junho de 1970 (SDA).<br />
76. Ibid.<br />
77. Nos finais de 1966, foi formado em Uppsala o primeiro ”Grupo sueco pró-FRELIMO” para angariação de<br />
verbas.<br />
78. Instituto Moçambicano: ”Instituto Moçambicano, Relatório de 1967, Junho de 1967, Orçamento de 1967–<br />
68”, Dar es Salaam [sem indicação de data], p. 5 (AJC).