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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Os M<strong>on</strong>dlane e a FRELIMO de Moçambique<br />

educação, previdência social e desenvolvimento ec<strong>on</strong>ómico”, 67 entre a população refugiada<br />

na Tanzânia e no interior de Moçambique. Apesar de não fazer formalmente parte<br />

da estrutura da FRELIMO, era dirigido pela mulher do presidente M<strong>on</strong>dlane, em todos<br />

os aspectos práticos relaci<strong>on</strong>ados com o movimento de libertação. Sob a direcção activa<br />

e capaz de Janet M<strong>on</strong>dlane, o instituto já tinha, por volta dos finais dos anos sessenta,<br />

c<strong>on</strong>seguido angariar recursos financeiros e materiais suficientes para permitir o início<br />

das suas actividades, 68 alargando assim a base de apoio internaci<strong>on</strong>al da FRELIMO. Tal<br />

como viria a ac<strong>on</strong>tecer uma década e meia depois com o Solom<strong>on</strong> Mahlangu Freedom<br />

College (SOMAFCO) do ANC, também situado na Tanzânia, o que começou como um<br />

projecto da área da educação, desenvolveu-se e passou a ser uma actividade importante,<br />

a nível diplomático e ec<strong>on</strong>ómico, do movimento de libertação.<br />

Em meados dos anos sessenta, o Instituto Moçambicano era um projecto singular.<br />

Mais nenhum movimento de libertação da África Austral tinha sequer iniciado algo do<br />

género. 69 Apesar de unicamente humanitário c<strong>on</strong>tou, não obstante, e desde o início, com<br />

a forte oposição dos portugueses, que c<strong>on</strong>seguiram c<strong>on</strong>vencer o governo dos Estados<br />

Unidos a bloquear o apoio c<strong>on</strong>tinuado que era dado pela Fundação Ford. Dependente da<br />

União Soviética, da China e de outros países de Leste para a obtenção de material militar,<br />

a FRELIMO corria o risco de se ver colocada exclusivamente no campo do Leste, coisa<br />

que o movimento de libertação não-alinhado procurava evitar de forma muito clara. 70<br />

Como o líder da FRELIMO Sérgio Vieira viria mais tarde a afirmar: ”fizemos um enorme<br />

esforço de despolarização da luta de libertação, porque a descol<strong>on</strong>ização não era uma<br />

questão da guerra fria”. 71 No seu trabalho no interior de Moçambique era, pela mesma<br />

razão, também muito importante para a FRELIMO c<strong>on</strong>seguir provar que o Ocidente<br />

não era uma entidade m<strong>on</strong>olítica e acabar com a percepção dicotómica de ”bom-mau,<br />

Ocidente-Leste”. 72 Do p<strong>on</strong>to de vista da FRELIMO, a importância do subsídio ao Instituto<br />

Moçambicano ia, assim, muito para além da finalidade meramente humanitária<br />

para o qual se destinava. O subsídio não só foi c<strong>on</strong>cedido num momento crucial para<br />

o instituto mas também foi a primeira c<strong>on</strong>tribuição financeira oficial de um governo<br />

ocidental para o moviemento naci<strong>on</strong>alista. Além disso, o subsídio foi dado por um país<br />

aliado a Portugal no âmbito da EFTA.<br />

O primeiro subsídio sueco ao instituto foi para o seu programa educativo. No valor<br />

de 150.000 coroas suecas, fez parte do chamado ”milhão dos refugiados” para o ano<br />

fiscal de 1964–65. Modesto em termos financeiros, representou mesmo assim 15 por<br />

cento da primeira dotação orçamental sueca de sempre destinada a ajuda humanitária à<br />

África Austral, e c<strong>on</strong>stituiu o maior elemento da dotação. A ajuda foi dada como c<strong>on</strong>tribuição<br />

em espécie, a administrar pelo próprio instituto. Esse subsídio foi aumentado<br />

67. Ibid., p. 1.<br />

68. Em 1971, por exemplo, o Instituto Moçambicano recebeu c<strong>on</strong>tribuições, em dinheiro e em géneros, de organizações<br />

não-governamentais do Canadá, Inglaterra, Finlândia, Países Baixos, Suécia, EUA e Alemanha Federal.<br />

Nesse mesmo ano, recebeu ajuda da Federação Luterana Mundial e do C<strong>on</strong>selho Mundial das Igrejas, bem como<br />

dos governos da Dinamarca, Países Baixos, Noruega e a Suécia (O Instituto Moçambicano: Mozambique and <strong>the</strong><br />

Mozambique Institute, 1972, Dar es Salaam, sem indicação de data], p.56).<br />

69. Em Abril de 1966, O secretário geral da SWAPO, Jacob Kuhangua, deu a c<strong>on</strong>hecer uma proposta nas Nações<br />

Unidas para criar um Instituto Namibiano na Tanzânia. C<strong>on</strong>tudo, só em 1976 é que abriu o Instituto das Nações<br />

Unidas para a Namíbia, em Lusaca na Zâmbia.<br />

70. Ver, por exemplo, a entrevista com Joaquim Chissano, p. 38, e a entrevista com Sérgio Vieira, p. 54.<br />

71. Entrevista com Sérgio Vieira, p. 54.<br />

72. Entrevista com Jorge Rebelo, p. 45.<br />

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