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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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94<br />

Tor Sellström<br />

O envolvimento dos principais líderes de opinião liberais em prol da FRELIMO desde<br />

uma fase tão precoce do processo atesta o empenho do partido na ajuda oficial sueca<br />

aos movimentos de libertação da África Austral. No caso de Moçambique, o Partido<br />

Liberal, que, na clivagem provocada pela guerra fria, advogava posições ocidentais e era<br />

um escrupuloso paladino do comércio livre, não apenas faria vista grossa à visão socialista<br />

da FRELIMO e ao apoio militar que esta recebia da União Soviética, como defenderia<br />

acerrimamente a expulsão de Portugal da EFTA. O Partido Liberal aparentava assim ter<br />

uma posição crítica ao Partido Social Democrata e ao governo de esquerda. No caso de<br />

Angola, c<strong>on</strong>tudo, o Partido Liberal expressou o seu apoio à FNLA, principal rival do<br />

MPLA, aliado da FRELIMO no CONCP, colocando-se à direita dos sociais democratas.<br />

Essa incoerência acabou por ser prejudicial ao apoio oficial sueco à FNLA.<br />

A primeira visita de Eduardo e Janet M<strong>on</strong>dlane, não planeada mas muito bem-sucedida,<br />

ac<strong>on</strong>teceu pouco tempo antes do início da luta armada da FRELIMO c<strong>on</strong>tra<br />

os portugueses. C<strong>on</strong>tudo, o presidente da FRELIMO não esc<strong>on</strong>deu que o movimento<br />

estava prestes a enveredar pela violência. Pelo c<strong>on</strong>trário, dando mostras de uma notável<br />

c<strong>on</strong>fiança nos seus novos interlocutores suecos, M<strong>on</strong>dlane revelou a Per Wästberg, do<br />

Comité C<strong>on</strong>sultivo para a Ajuda Humanitária que ”algo surpreendente vai ac<strong>on</strong>tecer em<br />

breve, escrevendo num guardanapo uma data pela qual tinha clara preferência, nomeadamente<br />

25 de Setembro de 1964”. 64 Nesse dia, apenas duas semanas depois, a FRELIMO<br />

iniciou a luta armada, atacando um posto português no distrito de Cabo Delgado, no<br />

norte de Moçambique. Tal como nos casos do MPLA ou do ANC e, mais tarde, também<br />

da SWAPO, da ZANU e da ZAPU, a questão da resposta armada à opressão e à exclusão<br />

política da maioria da população não viria a impedir a disp<strong>on</strong>ibilização de ajuda humanitária<br />

oficial por parte da Suécia.<br />

Apoio oficial ao Instituto Moçambicano<br />

Começando como um simples albergue para estudantes moçambicanos refugiados em<br />

Dar es Salaam, o Instituto Moçambicano viria, ao l<strong>on</strong>go dos anos, a alargar c<strong>on</strong>sideravelmente<br />

as suas actividades. Para além da escola secundária principal em Dar es Salaam,<br />

o instituto começou a dar cursos de formação administrativa e de professores em Bagamoyo,<br />

cerca de 70 quilómetros a norte da capital da Tanzânia; abriu uma escola primária<br />

para crianças refugiadas em Tunduru, no sul da Tanzânia; e apoiou cada vez mais ”escolas<br />

de mato” nas z<strong>on</strong>as libertadas no interior de Moçambique. Deu-se também cada vez mais<br />

importância à produção agrícola e a regimes de auto-ajuda, nomeadamente no campo de<br />

refugiados de Tunduru. Por fim, foi inaugurado o Hospital Dr. Américo Boavida 65 em<br />

Mtwara, em Junho de 1970. Localizado logo a norte da fr<strong>on</strong>teira moçambicana, rapidamente<br />

se tornou também um centro médico para a população das z<strong>on</strong>as libertadas que,<br />

para além do mais, já era servida em 1970 por mais de trinta postos médicos e vários<br />

centros de primeiros socorros. 66<br />

Durante a segunda metade dos anos sessenta, o Instituto Moçambicano mudou o<br />

carácter do projecto, deixando de ser um projecto de formação secundária, para passar<br />

a ser ”uma instituição técnica e de recolha de fundos, a trabalhar nos campos da saúde,<br />

64. Wästberg (1986) op. cit., p. 113.<br />

65. Américo Boavida foi um médico angolano negro muito destacado, assassinado aquando de um ataque por helicópteros<br />

portugueses ao MPLA, na parte oriental de Angola, em 1968.<br />

66. Janet Rae M<strong>on</strong>dlane: ”Informação de partida para proposta de projecto apresentada à DANIDA”, sem indicação<br />

de local nem data, mas provavelmente Dar es Salaam, Janeiro de 1971], p. 3 (AHM).

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