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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Os M<strong>on</strong>dlane e a FRELIMO de Moçambique<br />

O parlamento sueco tinha, em Maio de 1964, aprovado a proposta do governo social<br />

democrata de atribuir um milhão de coroas suecas para bolsas e ajuda educativa aos jovens<br />

refugiados africanos ”da África Austral, do Sudoeste Africano e mais algumas z<strong>on</strong>as,<br />

ainda não dotadas de governo autónomo”. Para ac<strong>on</strong>selhar o governo quanto à utilização<br />

do ”milhão dos refugiados” foi, a 13 de Agosto de 1964, criado um comité c<strong>on</strong>sultivo.<br />

Na sua primeira reunião, realizada a 21 de Agosto, decidiu-se que o secretário, Thord<br />

Palmlund, deveria quanto antes deslocar-se à África Austral para identificar instituições<br />

de ensino capazes de receber estudantes refugiados e gerir subsídios suecos.<br />

A missão exploratória de Palmlund a África teve lugar em Novembro de 1964 e abriu<br />

caminho a debates, no início de 1965, quanto à distribuição do ”milhão dos refugiados”.<br />

Na altura da visita de Eduardo e Janet M<strong>on</strong>dlane em meados de Setembro de 1964, a<br />

dotação orçamental ainda não estava atribuída. Uma vez que o Instituto Moçambicano,<br />

que corresp<strong>on</strong>dia ao espírito das intenções suecas e estava organizado como uma fundação<br />

privada, num país com o qual a Suécia tinha relações de proximidade, estava em crise<br />

financeira, era muito natural que os apelos de ajuda feitos pelo presidente da FRELIMO<br />

e pelo director do instituto não tivessem caído em saco roto, muito pelo c<strong>on</strong>trário. 59<br />

Apesar de Janet M<strong>on</strong>dlane se ter deslocado à Suécia sem c<strong>on</strong>tactos prévios, a visita teve<br />

lugar, por razões absolutamente fortuitas, num momento crucial abrindo o caminho<br />

para o envolvimento oficial da Suécia com a FRELIMO e com outros movimentos de<br />

libertação da África Austral.<br />

Thord Palmlund visitou o Instituto Moçambicano em meados de Novembro de<br />

1964 60 e a 15 de Maio de 1965 numa cerimónia oficial, o encarregado de negócios sueco<br />

em Dar es Salaam, Knut Granstedt, 61 entregou ao Ministro da Educação tanzaniano o<br />

primeiro subsídio sueco, no valor de 150.000 coroas suecas a serem utilizadas para os fins<br />

gerais do instituto, bem como para a compra de um albergue para estudantes do sexo<br />

feminino. Apesar da forma indirecta, de um p<strong>on</strong>to de vista formal, tratou-se do primeiro<br />

subsídio humanitário oficial sueco a um movimento de libertação da África Austral, nunca<br />

tendo a decisão dessa atribuição provocado qualquer c<strong>on</strong>trovérsia política na Suécia.<br />

Antes pelo c<strong>on</strong>trário, a decisão foi apoiada na íntegra pelo Partido Liberal, na oposição.<br />

Aliás, enquanto ainda era secretário geral da WAY, o Liberal David Wirmark tinha criado<br />

uma ligação de grande proximidade com Eduardo M<strong>on</strong>dlane e tinha também sido recebido<br />

no Instituto Moçambicano. 62 Para além disso, o futuro primeiro ministro sueco,<br />

Ola Ullsten, na altura secretário geral da Liga da Juventude do Partido Liberal tinha, em<br />

Outubro de 1964, ou seja, antes de Palmlund, feito já uma visita à escola da FRELIMO,<br />

descrevendo com muitos pormenores as c<strong>on</strong>dições dos refugiados moçambicanos, num<br />

artigo de fundo, publicado dois meses mais tarde no Dagens Nyheter. Referindo-se ao<br />

”milhão dos refugiados”, ainda por atribuir, Ullsten c<strong>on</strong>cluía que ”é difícil enc<strong>on</strong>trar projecto<br />

melhor estruturado do que este. [...] Nós podemos ajudar. Ensinar álgebra e inglês a<br />

crianças africanas não passará de uma ameaça ligeira à nossa neutralidade”. 63<br />

59. Anders Möllander refere que o presidente da Tanzânia, Julius Nyerere, escreveu ao governo sueco sobre a saga<br />

dos refugiados moçambicanos no país, pedindo apoio para o Instituto Moçambicano, através da Fundação Dag<br />

Hammarskjöld de Uppsala (DHF) (Möllander op. cit., p. 21).<br />

60. Carta de Eduardo M<strong>on</strong>dlane a David Wirmark, Dar es Salaam, 19 de Novembro de 1964 (AHM).<br />

61. Instituto Moçambicano: ”Relatório”, Dar es Salaam, 1 de Setembro de 1965 (AJC).<br />

62. Carta de Eduardo M<strong>on</strong>dlane a David Wirmark, Dar es Salaam, 19 de Novembro de 1964 (AHM).<br />

63. Ola Ullsten: ”Strid flyktingström från Moçambique” (”Grande afluxo de refugiados de Moçambique”) em Dagens<br />

Nyheter, 13 de Dezembro de 1964.<br />

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