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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Os M<strong>on</strong>dlane e a FRELIMO de Moçambique<br />

Austral e, uma década mais tarde, participaria no governo social democrata. Durante a<br />

sua estadia na Escandinávia, Chissano também teve oportunidade de se enc<strong>on</strong>trar com o<br />

futuro primeiro ministro sueco, Ingvar Carlss<strong>on</strong>. 26<br />

O C<strong>on</strong>gresso da Juventude Afro-Escandinava teve lugar num momento crucial da<br />

história do movimento de libertação sul-africano. O c<strong>on</strong>gresso fundador da FRELI-<br />

MO realizara-se em Dar es Salaam havia menos de dois meses mas, em c<strong>on</strong>traste com o<br />

MPLA de Angola e com o ANC da África do Sul, o movimento moçambicano ainda não<br />

tinha tomado a opção pela luta armada. Chissano recordaria depois os debates de Oslo,<br />

quando se interrogavam se haviam de recorrer a meios violentos ou não: ”foi muito interessante<br />

porque ainda estávamos a tentar ver se podíamos lutar pela via pacífica, apesar<br />

de já ser possível ver que a luta armada era uma alternativa". 27 C<strong>on</strong>tudo, não lhe foi dada<br />

oportunidade de levar a cabo esse debate. Logo a seguir à reunião de Oslo, Chissano, que<br />

estudava em Poitiers, França, foi chamado a África, <strong>on</strong>de se fixou em Dar es Salaam. Nomeado<br />

para o Comité Central da FRELIMO, e exercendo funções como representante<br />

do movimento na Tanzânia e, depois, como coordenador da luta armada c<strong>on</strong>tra os portugueses,<br />

a comparência de Chissano em Oslo foi o seu ”último trabalho no sentido de<br />

promover a luta de libertação na Europa”. 28 Só voltaria aos países nórdicos em Novembro<br />

de 1970, após o assassinato de Eduardo M<strong>on</strong>dlane, presidente da FRELIMO.<br />

Em vez dele, foi o próprio M<strong>on</strong>dlane, com a sua mulher, nascida nos Estados Unidos<br />

e de nome Janet Rae M<strong>on</strong>dlane, quem foi directamente resp<strong>on</strong>sável pela bem-sucedida<br />

diplomacia da FRELIMO face à Suécia e aos outros países nórdicos. Entre Setembro de<br />

1964 e Outubro de 1967, o presidente da FRELIMO visitou a Suécia pelo menos cinco<br />

vezes, enc<strong>on</strong>trando-se com um grande número de organizações e assentando as bases<br />

para o apoio, a todos os títulos extraordinário, de que gozou a FRELIMO na Suécia.<br />

Ainda que indirectamente, através do Instituto Moçambicano em Dar es Salaam, chefiado<br />

por Janet M<strong>on</strong>dlane, a FRELIMO tornou-se, em 1965, no primeiro movimento de<br />

libertação da África Austral a receber ajuda humanitária sueca. Para além disso, foi criado<br />

um grupo específico de apoio à FRELIMO em Uppsala, em 1966, tendo a primeira<br />

moção parlamentar sueca solicitando a c<strong>on</strong>cessão de ajuda oficial a um movimento de<br />

libertação da África Austral, sido apresentada em prol da FRELIMO em 1967. Por fim,<br />

foi destacado um resp<strong>on</strong>sável superior da FRELIMO para a Suécia, no fim de 1967, após<br />

c<strong>on</strong>sultas directas nesse sentido com o Partido Social Democrata.<br />

Recorrendo a diplomacia activa e não-partidária, Eduardo e Janet M<strong>on</strong>dlane c<strong>on</strong>seguiram<br />

c<strong>on</strong>gregar apoios para a FRELIMO, envolvendo os blocos políticos socialista e<br />

não-socialista 29 e superando a divisão por vezes muito profunda, divisão entre os partidos<br />

políticos estabelecidos e o movimento de solidariedade reorganizado, do pós-Vietname.<br />

Oliver Tambo do ANC da África do Sul desempenharia um papel semelhante, a partir<br />

do princípio dos anos setenta mas, durante a segunda metade dos anos sessenta, foram<br />

inquesti<strong>on</strong>avelmente os M<strong>on</strong>dlane quem não só c<strong>on</strong>tribuiu de forma activa para o desenvolvimento<br />

da opinião do movimento sueco de solidariedade para com a África Austral,<br />

26. Entrevista com Joaquim Chissano, p. 38. Na sequência das mortes violentas de Olof Palme em Fevereiro e de<br />

Samora Machel em Outubro de 1986, Carlss<strong>on</strong> e Chissano viriam, duas décadas e meia depois, a liderar os respectivos<br />

partidos e governos.<br />

27. Ibid.<br />

28. Ibid. Além disso, o futuro presidente de Moçambique trabalhou como professor de matemática no Instituto<br />

Moçambicano: ”Relatório”, Dar es Salaam, 1 de Setembro de 1965) (AJC).<br />

29. Como sempre, com a excepção do Partido Moderado.<br />

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