Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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Os M<strong>on</strong>dlane e a FRELIMO<br />
de Moçambique<br />
Os primeiros c<strong>on</strong>tactos com a África Oriental portuguesa<br />
De um p<strong>on</strong>to de vista geográfico, a colónia portuguesa de Moçambique, c<strong>on</strong>hecida<br />
como a África Oriental portuguesa, ficava ainda mais distante da Suécia do que Angola.<br />
Tendo fr<strong>on</strong>teira com os territórios detidos pela Grã-Bretanha, de Tanganica, Terras do<br />
Niassa e as duas Rodésias, e em grande medida incorporada na ec<strong>on</strong>omia da África do<br />
Sul, Moçambique teve, de facto, e durante um período bastante alargado, um papel relativamente<br />
mais importante para a Suécia do que Angola.<br />
Apesar de não haver ligações directas entre a Suécia e Moçambique, a capital, Lourenço<br />
Marques (agora Maputo) foi, a partir da segunda metade do século XIX, um porto<br />
de escala estratégico das rotas de comércio entre a Escandinávia, o Extremo Oriente e<br />
a Austrália. 1 Os primeiros c<strong>on</strong>tactos por navio tornaram-se mais regulares no início do<br />
século XX, especialmente depois da criação de ligações via transatlântico entre a Suécia<br />
e a África Austral, do que resultou um aumento do comércio bilateral. A missão de<br />
boa-v<strong>on</strong>tade a Angola e Moçambique levada a cabo pela General Export Associati<strong>on</strong> of<br />
Sweden (Associação Geral Sueca para a Exportação), que achou, em 1955, ser ”de particular<br />
interesse que a bandeira sueca não seja um fenómeno desc<strong>on</strong>hecido nos portos de<br />
Angola ou Moçambique, graças às ligações mantidas desde há l<strong>on</strong>ga data pela Transatlantic<br />
Shipping Company”. 2 As ligações também explicam a razão pela qual tinham sido abertos<br />
nada menos que três c<strong>on</strong>sulados suecos em Moçambique até 1960. 3<br />
No início, as relações comerciais suecas com Moçambique desenvolveram-se de<br />
forma algo desequilibrada. Por exemplo, em 1911, as exportações suecas para a África<br />
Oriental portuguesa representaram 1,4 milhões de coroas suecas, ou seja, 0,2 por cento<br />
do total das exportações suecas, enquanto as importações da colónia eram quase in-<br />
significantes. 4 No entanto, os valores não representam as trocas comerciais normais, mas<br />
1. Em 1903, por exemplo, atracou em Lourenço Marques um total de 634 navios, dos quais 90 (14 por cento) eram<br />
noruegueses e 9 eram suecos, para além de 4 dinamarqueses. Na altura, Lourenço Marques tinha uma população<br />
europeia de cerca de 4500 pessoas. Com uma média de dois navios escandinavos por semana e em relação com uma<br />
população tão pequena, quase exclusivamente composta por homens, talvez não admire que a capital moçambicana<br />
atraísse também prostitutas escandinavas. Ao analisar os censos moçambicanos do Arquivo Histórico de Maputo, o<br />
autor enc<strong>on</strong>trou pelo menos duas escandinavas entre as mulheres com residência na z<strong>on</strong>a de prostituição da cidade,<br />
no final do século XIX, nomeadamente uma ”Kitty” Lindström e uma ”Bianca” Berg (Sellström em Odén, Bertil e<br />
Haroub Othman (eds.) Regi<strong>on</strong>al Cooperati<strong>on</strong> in Sou<strong>the</strong>rn Africa: A Post-Apar<strong>the</strong>id Perspective, op. cit., p. 44, nota 61),<br />
Scandinavian Institute of African Studies, Uppsala 1989.<br />
2. Nils Mollberg da empresa sueca AGA em Svensk Utrikeshandel, Nº. 18, 30 de Setembro de 1955, p. 14.<br />
3. ”Svarta Afrika är morg<strong>on</strong>dagens marknad” (”A África negra é o mercado de amanhã”) em Stockholms-Tidningen,<br />
24 de Novembro de 1960.<br />
4. Lars Rudebeck: ”Some Facts and Observati<strong>on</strong>s <strong>on</strong> Relati<strong>on</strong>s between <strong>the</strong> <str<strong>on</strong>g>Nordic</str<strong>on</strong>g> Countries and <strong>the</strong> Officially<br />
Portuguese-speaking Countries of Africa” (”Alguns factos e observações sobre as relações entre os países nórdicos e<br />
os países africanos de língua oficial portuguesa”), Palestra dada numa c<strong>on</strong>ferência sobre os países africanos de língua<br />
portuguesa, organizada pela Stiftung Wissenschaft und Politik, Ebenhausen, República Federal da Alemanha, Fevereiro<br />
de 1986.