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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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80<br />

Tor Sellström<br />

esmagadora maioria, a favor da prestação directa de ajuda aos movimentos de libertação.<br />

O sucessor de Dryselius na Embaixada da Suécia em Portugal, Karl Fredrik Almqvist<br />

foi, a este respeito, particularmente crítico das posições assumidas pelo seu governo, 217<br />

facto que levou o Ministério dos Negócios Estrangeiros a, em Janeiro de 1971, lhe enviar<br />

instruções sucintas mas duras, recordando-lhe que ”não temos razões que justifiquem a<br />

divulgação junto dos portugueses de qualquer informação pormenorizada sobre a nossa<br />

ajuda aos movimentos de libertação”. 218 Os representantes da comunidade empresarial<br />

sueca apoiaram com ainda menos entusiasmo, facto que talvez não possa ser c<strong>on</strong>siderado<br />

surpreendente, as críticas feitas pela Suécia ao seu parceiro na EFTA e as relações com os<br />

movimentos naci<strong>on</strong>alistas. Em 1967, Jacob Wallenberg, do poderoso grupo Wallenberg<br />

expressou, aquando duma visita a Portugal, o seu ”grande apreço e respeito por o facto<br />

de um pequeno país como Portugal c<strong>on</strong>tinuar incansavelmente a defender o seu território”<br />

219 No seu livro Documents from Within, Pierre Schori descreve meticulosamente a<br />

forma como os homens de negócios suecos radicados em Portugal ”viam os seus interesses<br />

ameaçados de uma forma evidente, e criticavam o governo de Estocolmo. [...] Eram<br />

apoiados pelos c<strong>on</strong>servadores suecos que acusavam o governo social democrata de violar<br />

legislação internaci<strong>on</strong>al ao apoiar rebeldes, revoluci<strong>on</strong>ários e terroristas e p<strong>on</strong>do em perigo<br />

os interesses dos exportadores da Suécia”. 220<br />

As relações entre Portugal e a Suécia, que se tornaram mais tensas a seguir ao anúncio<br />

da c<strong>on</strong>cessão de ajuda directa aos movimentos de libertação, também levaram a incidentes<br />

tragicómicos. Quando as autoridades portuárias de Lisboa, Luanda, Lobito, Lourenço<br />

Marques, Beira e outras cidades decretaram um bloqueio a navios suecos entre finais de<br />

Outubro e princípios de Novembro de 1969, a Associação de Armadores Suecos c<strong>on</strong>tactou<br />

o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Estocolmo, dizendo que os seus membros<br />

estavam a ser injustamente prejudicados a nível ec<strong>on</strong>ómico devido a uma decisão política.<br />

A crítica perdeu c<strong>on</strong>tudo toda a validade quando, nessa mesma altura, um navio sueco foi<br />

arrestado no porto angolano de Moçâmedes por hastear a bandeira do antigo movimento<br />

de Holden Roberto, a UPA. As autoridades portuguesas viram nisto uma provocação<br />

deliberada e multaram o comandante do navio. A raiz do problema foi o facto de, duma<br />

forma perfeitamente inocente, uma pequena empresa de navegação sueca, 221 por razões<br />

de cortesia, ter mandado fazer uma bandeira ”de Angola”, segundo um desenho feito para<br />

uma publicação especializada que, por sua vez, mostrava o símbolo da UPA. 222<br />

217. E nas Nações Unidas. A Comissão Especial das Nações Unidas para a Descol<strong>on</strong>ização (”Comissão dos 24”)<br />

organizou, em Abril de 1972, uma missão exploratória às z<strong>on</strong>as libertadas na Guiné-Bissau, tendo o diplomata<br />

sueco nas Nações Unidas, Folke Löfgren, participado na missão. O Secretário Geral das Nações Unidas, Kurt Waldheim,<br />

felicitou os participantes na missão pelo sucesso da visita enquanto Almqvist fez violentas críticas àquilo que<br />

chamou ”violação da soberania de outro país (a saber, Portugal)”, dizendo que a missão tinha ”violado a legislação<br />

internaci<strong>on</strong>al” e que a participação da Suécia poderia minar a ”boa v<strong>on</strong>tade internaci<strong>on</strong>al” para com a Suécia (carta<br />

do embaixador da Suécia em Lisboa, Karl Fredrik Almqvist, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lisboa, 14 de<br />

Abril de 1972) (MFA). Ver também a entrevista a Salim Ahmed Salim, p. 243.<br />

218. Carta (”Stöd till angolanska befrielserörelser”/”Apoio aos movimentos de libertação angolanos”) de Lennart<br />

Klackenberg, Ministério dos Negócios Estrangeiros, a K.F. Almqvist, embaixador da Suécia em Lisboa, Estocolmo,<br />

8 de Janeiro de 1971 (MFA).<br />

219. Jacob Wallenberg citado no Kvällsposten, 26 de Novembro de 1967.<br />

220. Schori (1992) op. cit., p. 227.<br />

221. A Fernström Shipping Company.<br />

222. Telegrama de Gunnar Dryselius, embaixador da Suécia em Lisboa, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros,<br />

Lisboa, 13 de Novembro de 1969. Um incidente semelhante teve lugar em Lourenço Marques, Moçambique, em<br />

1967, quando um navio sueco entrou no porto com o pavilhão da FRELIMO. Problema bastante mais grave viria<br />

a ac<strong>on</strong>tecer no porto da Beira, em Outubro de 1973, quando as autoridades portuguesas arrestaram duas carrinhas

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