19.06.2013 Views

Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Na via para o apoio oficial ao MPLA<br />

meira moção parlamentar especificamente apresentada a favor do apoio sueco ao MPLA<br />

foi também da autoria de Dahl, em Janeiro de 1971, pouco tempo depois da sua visita<br />

à Guiné-Bissau.<br />

A ajuda humanitária directa oficial sueca ao MPLA só se iniciou no ano fiscal de<br />

1971-72, mas nunca foi muito avultada em termos quantitativos. Até à independência<br />

de Angola em Novembro de 1975, ascendeu no total a não mais de 7,8 milhões de coroas<br />

suecas. 202 Mesmo adici<strong>on</strong>ando a estes valores os 3,3 milhões de ajuda indirecta via<br />

UNESCO à escola de Dolisie, o total é inferior a metade dos 23 milhões de coroas suecas<br />

c<strong>on</strong>cedidas à FRELIMO, sem c<strong>on</strong>tar com a ajuda dada ao Instituto Moçambicano, e<br />

equivale a apenas um quinto dos 53,5 milhões c<strong>on</strong>cedidos ao PAIGC. 203 De todos os<br />

movimentos de libertação africanos apoiados pelo governo sueco, o MPLA era de l<strong>on</strong>ge<br />

o menos favorecido, 204 pelo que não admira que, em 1996, Lúcio Lara declarasse que<br />

a ajuda ao PAIGC gerava ”algum ciúme” junto dos líderes do MPLA, acrescentando o<br />

mesmo o seguinte: ”comparámos os valores e c<strong>on</strong>statámos a diferença”. 205 A disparidade<br />

existente era, c<strong>on</strong>tudo e em grande medida, c<strong>on</strong>sequência dos c<strong>on</strong>flitos internos que<br />

afligiram o MPLA a partir de 1973, afectando gravemente a capacidade administrativa<br />

do movimento.<br />

Apesar disso, a ajuda representava o rec<strong>on</strong>hecimento de facto do MPLA como o movimento<br />

legítimo de libertação de Angola, ou como ”governo em gestação”, 206 facto que,<br />

por sua vez, tinha c<strong>on</strong>sequências políticas de grande alcance. Apesar das circunstâncias<br />

muito diferentes, o primeiro ministro sueco Olof Palme e o presidente do MPLA Agostinho<br />

Neto criaram, ao l<strong>on</strong>go dos anos, uma relação política de grande proximidade. A seguir,<br />

por exemplo, à visita de Neto à Suécia em meados de 1970, os dois enc<strong>on</strong>traram-se<br />

em Lusaca durante a visita oficial do primeiro ministro sueco, realizada em Setembro de<br />

1971. 207 O único outro grande líder dos movimentos de libertação que Palme c<strong>on</strong>sultou<br />

durante a sua visita foi Oliver Tambo do ANC. Pierre Schori, que traba-lhou muito com<br />

Palme em questões relaci<strong>on</strong>adas com a África Austral, descreveu depois ”os laços entre a<br />

liderança do MPLA e a social democracia sueca” como ”singulares no mundo Ociden-<br />

202. Com base nos valores das dotações que c<strong>on</strong>stam das c<strong>on</strong>tas anuais da ASDI, apuradas por Ulla Beckman para<br />

fins deste estudo.<br />

203. Idem.<br />

204. Deve notar-se que as proporções eram diferentes ao nível não-governamental. Segundo um estudo da ASDI,<br />

resumido pelo Grupo de África de Estocolmo, o MPLA recebeu em 1971 ajuda de ONGs suecas num valor de um<br />

pouco menos de um milhão de coroas suecas, em comparação com 1,7 milhões para a FRELIMO e apenas 400.000<br />

para o PAIGC. É importante c<strong>on</strong>statar que o MPLA dominava completamente a lista das organizações angolanas.<br />

Nove ONGs suecas diferentes c<strong>on</strong>tribuíram para as 975.000 coroas suecas angariadas em prol do MPLA; em 1971<br />

só um organização apoiou a FNLA, angariando um valor muito marginal de 2.500 coroas suecas. Assim, o estudo<br />

da ASDI sublinha a força do MPLA e a marginalização da FNLA junto da opinião pública sueca no início dos anos<br />

setenta (Grupo de África de Estocolmo: ”Apoio aos movimentos de libertação das colónias portuguesas por parte de<br />

organizações não governamentais suecas, 1971”, Estocolmo [sem indicação de data, mas provavelmente Fevereiro<br />

de 1973], (AGA).<br />

205. Entrevista a Lúcio Lara, p. 18<br />

206. Entrevista a Pierre Schori, p. 330.<br />

207. Durante a reunião, na qual, da parte sueca, participaram Pierre Schori e Per Wästberg, Palme disse que o apoio<br />

aos movimentos de libertação ia ser substancialmente aumentado. ”O MPLA podia c<strong>on</strong>tar com uma atitude positiva<br />

da parte do governo sueco e com um aumento da ajuda ao MPLA do dobro do valor actual”. Neto rec<strong>on</strong>heceu com<br />

satisfação que, após ter feito um pedido em 1970 para o efeito, a ASDI tinha aceite incluir o transporte na ajuda<br />

recentemente acertada para o MPLA. C<strong>on</strong>tudo, notou que a ASDI queria fornecer camiões alemães ou franceses e<br />

não percebia porque não sugeriam veículos suecos” (Pierre Schori: ”Promemoria”/”Memorandum” (”Samtal med<br />

Agostinho Neto, generalsekreterare för MPLA, Angola, i State House, Lusaca, 24 september 1971”/”C<strong>on</strong>versa com<br />

Agostinho Neto, secretário geral do MPLA, Angola, State House, Lusaca, 24 de Setembro de 1971”), Estocolmo, 1<br />

de Outubro de 1971) (MFA).<br />

77

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!