Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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Na via para o apoio oficial ao MPLA<br />
nho Neto à Suécia no ano anterior, Angola e o MPLA foram ambos incluídos em moções<br />
parlamentares apresentadas pelo Partido de Esquerda Comunista e pelo Partido Social<br />
Democrata. A moção apresentada por C.H. Hermanss<strong>on</strong> propunha a atribuição de um<br />
valor igual de dez milhões de coroas suecas para a FRELIMO, o MPLA e o PAIGC, 163<br />
enquanto Birgitta Dahl, Mats Hellström, Lena Hjelm-Wallén e outros sociais democratas,<br />
em nome do partido no poder apresentaram pela primeira vez uma moção pedindo<br />
explicitamente que fosse dada ajuda ao MPLA. 164<br />
A decisão de acabar por dar apoio apenas ao MPLA foi, em larga medida, influenciada<br />
pela forma como os três movimentos angolanos se apresentaram e às suas necessidades<br />
humanitárias. Enquanto a FNLA apresentou pedidos que foram ao mesmo tempo c<strong>on</strong>siderados<br />
”feitos em cima do joelho e com pouca ligação com a realidade” pelo Comité<br />
C<strong>on</strong>sultivo sobre Ajuda Humanitária, 165 a UNITA nunca apresentou nenhum pedido<br />
formal. 166 Em c<strong>on</strong>traste, o MPLA elaborou listas pormenorizadas das suas necessidades,<br />
as quais, por sua vez e para além disso, foram apresentadas e explicadas directamente ao<br />
governo sueco pelos líderes do movimento. O primeiro pedido tinha a ver com apoio<br />
aos programas educativos e médicos, sobretudo na parte leste de Angola. 167 O pedido foi<br />
apresentado por Daniel Chipenda, na altura membro do Comité Orientador do MPLA<br />
e resp<strong>on</strong>sável pela logística. Visitou Estocolmo em Maio de 1970, na companhia do futuro<br />
representante do MPLA na Suécia, António Alberto Neto. 168 Chipenda foi recebido<br />
no Ministério dos Negócios Estrangeiros, 169 tornando-se no primeiro líder do MPLA a<br />
travar c<strong>on</strong>versações directas com resp<strong>on</strong>sáveis do governo sueco. 170<br />
Dois meses mais tarde o pedido viria a ser analisado mais em detalhe com o presiden-<br />
em Janeiro de 1985 um pedido de ”ajuda humanitária para as z<strong>on</strong>as c<strong>on</strong>troladas pelo movimento de libertação<br />
UNITA” (Parlamento sueco 1984–85: Moção Nº 844, Riksdagens Protokoll, 1985, pp. 1–7).<br />
163. Parlamento sueco 1971: Moção Nº. 124, Riksdagens Protokoll, 1971, pp. 13–14.<br />
164. Parlamento sueco 1971: Moção Nº. 667, Riksdagens Protokoll, 1971, pp. 15–17. A moção social democrata<br />
não propunha qualquer quantia específica em dinheiro, mas sim ajuda oficial na forma de mercadorias, equipamento<br />
escolar e médico, bem como veículos para o MPLA, pedido coerente com os pedidos apresentados por<br />
Chipenda e por Neto em 1970.<br />
165. CCAH: ”Föredragningspromemoria” (”Memorando de agenda”), Estocolmo, 5 de Junho de 1971 (SDA).<br />
166. Outras organizações angolanas c<strong>on</strong>tactaram o governo sueco para apresentar pedidos de ajuda, como foi o<br />
caso do quase desc<strong>on</strong>hecido Parti Social-Démocrate de l”Angola, sediado em Kinshasa e que, em Dezembro de 1968,<br />
c<strong>on</strong>tactou a ASDI (carta à ASDI do presidente do PSDA, Maurice Luvualu, Kinshasa, 12 de Dezembro de 1968)<br />
(SDA). No final de 1971, uma organização designada UPRONA (União Progressista Naci<strong>on</strong>al de Angola), sediada<br />
em Bak<strong>on</strong>go, também pediu ajuda oficial sueca (CCAH: ”Protokoll”/”Actas”, Estocolmo, 27 de Dezembro de 1971)<br />
(SDA).<br />
167. Carta de Danel Chipenda a E<strong>the</strong>l Ringborg, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 29 de Maio<br />
de 1970 (MFA).<br />
168. António Alberto Neto, que vivia em Estocolmo, foi representante do MPLA na Escandinávia entre Setembro<br />
de 1970 e Maio de 1973, altura em que foi destituído do movimento. A circular através da qual foi notificado para<br />
o efeito por parte do Departamento de Relações Externas do MPLA pode ser uma ilustração da importância dada<br />
pelo MPLA aos países nórdicos. Dizia a missiva que ”António Alberto Neto já não é militante do nosso movimento<br />
pelo que cessa também funções como representante do MPLA nos países escandinavos, nomeadamente na Suécia,<br />
na Noruega, na Finlândia, na Dinamarca, nos Países Baixos, em Inglaterra e noutros países” (Circular enviada por<br />
Pascal Luvualu, Resp<strong>on</strong>sável pelo Departamento de Relações Externas do MPLA, Dar es Salaam, 20 de Maio de<br />
1973) (SDA) Neto era, como quase todos os representantes dos vários movimentos de libertação da África Austral<br />
na Suécia, também estudante e em 1974 doutorou-se em Ciências Sociais pela Universidade de Grenoble França.<br />
Fez o seu reaparecimento na cena política angolana como líder do Partido Democrático Angolano (PDA) antes das<br />
eleições presidenciais e legislativas de Setembro de 1992.<br />
169. E<strong>the</strong>l Ringborg: ”Promemoria” (”Memorando”), Ministério dos Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 28 de<br />
Maio de 1970 (MFA).<br />
170. Chipenda também se enc<strong>on</strong>trou com o Grupo de África do Kommentar, no seio do qual era activa Hillevi Nilss<strong>on</strong>.<br />
Este enc<strong>on</strong>tro marcou o princípio do seu envolvimento com o MPLA (entrevista a Hillevi Nilss<strong>on</strong>, p. 326).<br />
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