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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Na via para o apoio oficial ao MPLA<br />

sentadas na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Portugal e as colónias portuguesas.<br />

A mudança de atitude ficou a dever-se a uma iniciativa levada a cabo pelos países afroasiáticos<br />

que, depois de c<strong>on</strong>sultarem os governos nórdicos, foram apoiados no sentido de<br />

apresentar um texto ”sem elementos c<strong>on</strong>troversos como o parágrafo sobre sanções”. 133 A<br />

resolução, aprovada em 29 de Novembro de 1968, teve c<strong>on</strong>sequências muito profundas<br />

para as políticas suecas relativamente à África Austral. Instando todos os estados membros<br />

a ”dar aos povos dos territórios sob domínio português a ajuda moral e material<br />

necessária para fazer prevalecer os seus direitos inalienáveis”, 134 abriu o caminho para a<br />

declaração feita em 9 de Dezembro de 1968 pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros<br />

Nilss<strong>on</strong>, segundo a qual o governo sueco estava preparado a c<strong>on</strong>ceder ajuda humanitária<br />

aos movimentos de libertação. Ao mesmo tempo ”lamentando as actividades dos interesses<br />

financeiros a funci<strong>on</strong>ar nos territórios sob domínio português”, que disse estarem a<br />

”obstruir a luta pela autodeterminação, liberdade e independência e a reforçar os esforços<br />

de natureza militar de Portugal” 135 , a resolução apoiava quem se opunha à participação<br />

ec<strong>on</strong>ómica sueca na região. Este aspecto foi muito relevante no caso do debate em curso<br />

quanto à empresa sueca ASEA e a sua proposta para a c<strong>on</strong>strução da barragem e da central<br />

eléctrica de Cahora Bassa. As primeiras acções extra-parlamentares c<strong>on</strong>tra a ASEA<br />

e o projecto de Cahora Bassa tiveram lugar em Gotemburgo, uma semana depois da<br />

aprovação da resolução nas Nações Unidas. 136<br />

A questão de Cahora Bassa desempenhou um papel muito importante para a reactivação<br />

e radicalização do movimento de solidariedade sueco, não apenas relativamente a<br />

Moçambique, mas também com a Guiné-Bissau e Angola, aspecto que será discutido mais<br />

adiante. Entretanto, devemos notar que a reorganização dos poucos Comités da África<br />

do Sul ainda existentes, que começou em Lund e em Uppsala em 1970 137 e que levou,<br />

pouco tempo depois, à formação ”de grupos de trabalho anti-imperialistas” 138 semelhan-<br />

tes, chamados Grupos de África, em Arvika e em Estocolmo, foi grandemente influenciado<br />

pela luta do MPLA, desenvolvimento para o qual c<strong>on</strong>tribuíram várias medidas.<br />

Como se disse acima, o boletim Syd- och Sydvästafrika, que se passou a chamar Södra<br />

Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin (Boletim Informativo da África Austral) a partir de 1967,<br />

dedicou vários artigos, em meados dos anos sessenta, a Angola e ao MPLA e, em finais<br />

de 1967, a filial da Grande Estocolmo da Juventude da Esquerda criou um Grupo de<br />

Trabalho para os Movimentos de Libertação de África, apoiando o MPLA. Em 1969, o<br />

semanário socialista Tidsignal, próximo do Partido de Esquerda Comunista , também pu-<br />

133. ”Comunicado à imprensa”, 20 de Novembro de 1968 em Ministério dos Negócios Estrangeiros: Documentos<br />

sobre Política Externa Sueca: 1968, Estocolmo, 1969, p. 113.<br />

134. Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas 2395 (XXIII) de 29 de Novembro de 1968, citado no<br />

Yearbook of <strong>the</strong> United Nati<strong>on</strong>s: 1968, Office of Public Informati<strong>on</strong>, Nova Iorque, p. 803. Além disso, a resolução<br />

”deplorava a ajuda que o governo português c<strong>on</strong>tinua a receber de todos os seus aliados na Organização do Tratado<br />

do Atlântico Norte”. Deve notar-se que a Dinamarca e a Noruega, membros da OTAN, também votaram a favor da<br />

resolução, que foi aprovada por 85 votos (incluindo a Suécia e os outros países nórdicos) c<strong>on</strong>tra 3 (Brasil, Portugal<br />

e África do Sul), com 15 abstenções (entre outros, da França, Itália, Malawi, Países Baixos, Espanha, Reino Unido<br />

e Estados Unidos da América).<br />

135. Ibid., p. 804.<br />

136. Göteborgs-Tidningen, 23 de Novembro de 1968 e abaixo.<br />

137. Reunidos em Uppsala, os Comités da África do Sul de Lund e Uppsala decidiram, em Junho de 1970, alargar o<br />

seu horiz<strong>on</strong>te a toda a África e mudar a sua designação para, respectivamente, Grupos de África de Lund e Uppsala.<br />

Nessa mesma altura, decidiu-se que a resp<strong>on</strong>sabilidade pelo Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin passaria a ser c<strong>on</strong>junta<br />

(Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin, No. 9, 1970, p. 2).<br />

138. ”Protokoll från k<strong>on</strong>ferens mellan Afrikagrupperna i Sverige” (”Actas da c<strong>on</strong>ferência entre os Grupos de África<br />

da Suécia”), Estocolmo, 2–3 de Janeiro de 1971 (AGA).<br />

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