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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Na via para o apoio oficial ao MPLA<br />

boicotaram a alocução de Holden Roberto na universidade de Estocolmo, distribuíram<br />

um folheto informativo altamente crítico, com o título ”Factos sobre o movimento de<br />

libertação” 121 de Holden Roberto, solicitaram aos seus apoiantes que c<strong>on</strong>tribuíssem para<br />

uma campanha de angariação de fundos para o MPLA e c<strong>on</strong>vidaram o público a participar<br />

numa reunião alternativa à de Holden Roberto, com a presença de Lúcio Lara, e<br />

subordinada ao tema ”Col<strong>on</strong>ialismo e Neocol<strong>on</strong>ialismo em África”. 122<br />

Durante a visita, Holden Roberto foi recebido pela ASDI e no Ministério dos Negócios<br />

Estrangeiros. 123 Defendeu a sua tese, solicitando ajuda da Suécia, mas teve de voltar<br />

para casa de mãos a abanar, pois não foi assumido nenhum compromisso oficial em<br />

favor da FNLA. 124 Vinte e cinco anos depois, o ainda amargurado presidente da FNLA<br />

recordou as ”grandes dificuldades” que teve nas suas tentativas de c<strong>on</strong>tactar o governo<br />

sueco e de como, quando c<strong>on</strong>seguiu, se deparou com ”agressividade”, ”verdadeira oposição”<br />

e ”total rejeição” no Ministério dos Negócios Estrangeiros, <strong>on</strong>de os resp<strong>on</strong>sáveis<br />

pelo ministério estavam ”profundamente empenhados com o MPLA”. 125 P<strong>on</strong>do de lado<br />

esta experiência, Holden Roberto voltou à Suécia em Novembro de 1972, desta vez a<br />

c<strong>on</strong>vite do Partido Liberal, e liderando uma grande delegação ao c<strong>on</strong>gresso do partido,<br />

que se realizou em Gotemburgo. De acordo com o líder da FNLA, tratou-se de ”uma<br />

oportunidade importante para nós e aumentámos os nossos c<strong>on</strong>tactos”. 126 Os membros<br />

do influente C<strong>on</strong>selho C<strong>on</strong>sultivo sobre Ajuda Humanitária não ficaram, c<strong>on</strong>tudo, muito<br />

mais impressi<strong>on</strong>ados, antes pelo c<strong>on</strong>trário. Numa entrevista que deu em Fevereiro de<br />

1996, Per Wästberg, irmão de Olle Wästberg, referiu o seguinte<br />

nem Holden Roberto nem os outros representantes da FNLA, muitos dos quais traziam fatos<br />

muito elegantes, inspiravam a mais pequena c<strong>on</strong>fiança. Holden Roberto tentou seduzir os<br />

liberais e teve algum êxito nisso. Eu já me enc<strong>on</strong>trei com ele algumas vezes. Pensei imediatamente<br />

tratar-se duma pessoa com quem não c<strong>on</strong>vém ter uma relação muito profunda, independentemente<br />

da questão ideológica. Diria que se trata de um homem tribal. 127<br />

A Suécia nas Nações Unidas e o Movimento de Solidariedade<br />

Durante muito tempo a Suécia desempenhou um papel passivo relativamente a Portugal<br />

e aos territórios detidos por Portugal em África. Apesar de c<strong>on</strong>cordar com o princípio<br />

da autodeterminação, a partir de 1964, o governo sueco começou a abster-se regularmente<br />

nas votações das resoluções relevantes na Assembleia Geral das Nações Unidas,<br />

Roberto, o ”líder da libertação” de Angola”) [sem indicação de data nem de local] (AGA).<br />

121. Segundo o folheto informativo, a FNLA estava activa sobretudo no exílio. Não se tratava de um movimento de<br />

libertação naci<strong>on</strong>al, mas de uma organização tribalista, sedeada em Bak<strong>on</strong>go, apoiada pelos interesses ec<strong>on</strong>ómicos<br />

norte-americanos ligados à CIA. O movimento de Holden Roberto era também descrito como sendo racista, fomentador<br />

de crenças não políticas místicas e religiosas (Ibid.).<br />

122. Ibid.<br />

123. Holden Roberto teve um enc<strong>on</strong>tro no Ministério dos Negócios Estrangeiros com Lennart Klackenberg, chefe<br />

do Departamento de Cooperação para o Desenvolvimento Internaci<strong>on</strong>al. De volta a Kinshasa, Holden Roberto<br />

escreveu a Klackenberg, agradecendo-lhe o ”debate fraterno, que nos permitiu aperceber-nos do seu inc<strong>on</strong>dici<strong>on</strong>al<br />

apoio à nossa justa causa”, acrescentando ainda que ”não nos pouparemos a esforços no sentido de justificar a c<strong>on</strong>fiança<br />

e o interesse que depositou em nós” (carta de Holden Roberto a Lennart Klackenberg, Kinshasa, 6 de Janeiro<br />

de 1972) (MFA).<br />

124. Telegrama do Ministério dos Negócios Estrangeiros à Embaixada da Suécia em Kinshasa, 10 de Março de 1972<br />

(MFA).<br />

125. Entrevista a Holden Roberto, p. 30.<br />

126. Ibid.<br />

127. Entrevista a Per Wästberg, p. 352.<br />

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