Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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Na via para o apoio oficial ao MPLA<br />
lho-Agosto de 1969, ou seja, exactamente um<br />
ano depois, c<strong>on</strong>firmou no geral os relatos de<br />
Rossi. Dizendo ter feito mais de 1.500 quilómetros<br />
a pé em trinta e nove dias 106 , um feito<br />
notável, Wästberg descreveu a parte norte de<br />
Angola como estando ”quase despovoada” 107<br />
no seguimento do levantamento de 1961, da<br />
campanha militar portuguesa e do êxodo pela<br />
fr<strong>on</strong>teira com o C<strong>on</strong>go-Kinshasa. Acompanhou,<br />
com a mulher, um grupo de mais de cem<br />
guerrilheiros da FNLA e, tal como fizera Rossi,<br />
pôde observar a marcha de muitos combatentes<br />
pela liberdade, a caminho de uma z<strong>on</strong>a c<strong>on</strong>trolada<br />
pela FNLA, a sul de Bembe, cerca de 250<br />
quilómetros a norte da capital, Luanda. Wästberg<br />
teve aí oportunidade de visitar o centro<br />
militar e administrativo da FNLA em Angola.<br />
Os seus relatos corroboraram as afirmações de<br />
Holden Roberto, que reivindicava o c<strong>on</strong>trolo<br />
Olle Wästberg durante a sua viagem com a<br />
FNLA a Angola em Julho–Agosto de 1969.<br />
(Foto de Olle Wästberg)<br />
pela FNLA de grandes extensões de terreno. Assim, ”mesmo no centro da colónia” Wästberg<br />
pôde ver como as z<strong>on</strong>as libertadas funci<strong>on</strong>avam ”como um país autónomo”, <strong>on</strong>de<br />
a FNLA tinha ”criado a sua própria administração, com defesa, hospitais, escolas e uma<br />
igreja próprios”. 108<br />
Como a FNLA e o MPLA afirmavam c<strong>on</strong>trolar mais ou menos as mesmas z<strong>on</strong>as do<br />
norte de Angola, os relatos de Wästberg foram questi<strong>on</strong>ados pelos influentes defensores<br />
do MPLA, 109 c<strong>on</strong>stituindo uma dimensão que acrescentou algum azedume ao debate<br />
sobre Angola na Suécia. Este debate aumentou ainda mais de intensidade quando, de<br />
visita à Suécia em Julho de 1970, o presidente Agostinho Neto do MPLA disse, numa<br />
c<strong>on</strong>ferência de imprensa, que na sua opinião, Wästberg nunca tinha estado em Angola,<br />
mas que a FNLA o tinha andado a passear pelas florestas do Baixo C<strong>on</strong>go. 110 Estas declarações<br />
de Neto foram, por sua vez, veementemente rejeitadas por Holden Roberto,<br />
que as descreveu como ”pura propaganda”, numa reunião com o embaixador sueco em<br />
Kinshasa. 111 O debate na Suécia sobre a FNLA 112 e o MPLA viria assim a reproduzir as<br />
106. Olle Wästberg, em Expressen, 1 de Novembro de 1969.<br />
107. Ibid.<br />
108. Olle Wästberg (1970) op. cit., p. 152.<br />
109. Davids<strong>on</strong> (1972) op. cit., p. 218.<br />
110. Olle Wästberg: ”Visst var jag i Angola” (”Claro que estive em Angola”), em Expressen, 14 de Julho de 1970.<br />
Segundo Wästberg, ”duas organizações de guerrilha poderiam estar activas na mesma região de Angola sem haver<br />
c<strong>on</strong>tactos. Ambas poderiam estar c<strong>on</strong>vencidas que estavam sozinhas na z<strong>on</strong>a” (Wästberg (1970) op. cit., p. 120).<br />
111. Carta de Olof Bjurström ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Kinshasa [sem indicação de data, mas possivelmente<br />
Julho-Agosto de 1970, (MFA). Dez anos mais tarde, Anders Ehnmark publicou uma novela inspirada no<br />
debate à volta da visita de Wästberg. A sátira gira à volta de um corresp<strong>on</strong>dente estrangeiro sueco que é mandado<br />
pelo seu jornal a Angola para escrever acerca da luta de libertação. Acaba por nunca lá chegar, ficando com ´o movimento<br />
UNA” no C<strong>on</strong>go <strong>on</strong>de, na altura, reinava grande agitação. Para o bem da causa, decide ignorar o facto e escreve<br />
sobre a luta de libertação como se estivesse mesmo a viver tudo isso em Angola, adequando as suas observações<br />
aos seus desejos, a realidade ao s<strong>on</strong>ho (Anders Ehnmark: Ög<strong>on</strong>vittnet (”Testemunha ocular”), Norstedts, 1980).<br />
112. Olle Wästberg teria provavelmente melhores informações em primeira mão sobre a FNLA do que qualquer<br />
outro sueco. Juntamente com a jornalista sueca Gertrud Brundin, muito próxima da FNLA, de acordo com Holden<br />
Roberto, voltou, por exemplo, em Abril de 1973 à base em Kinkuzu e ao hospital de Franquetti. Teve tam-<br />
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