Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Na via para o apoio oficial ao MPLA<br />
o IUEF estava muito bem posici<strong>on</strong>ado. Dava total apoio a Neto, o que era muito importante<br />
e ajudou os nossos colaboradores em Moscovo a perceber melhor a situação, pelo que tem de<br />
ser atribuído muito mérito ao IUEF e a Lars-Gunnar Erikss<strong>on</strong>. 73<br />
O relaci<strong>on</strong>amento entre a UNITA e a Suécia deteriorou-se rapidamente após a independência<br />
de Angola. Em Outubro de 1977 J<strong>on</strong>as Savimbi acusou o governo não socialista<br />
sueco de fazer transportar tropas cubanas para participarem em operações militares c<strong>on</strong>tra<br />
a UNITA, ameaçando usar a força c<strong>on</strong>tra a operação humanitária da Cruz Vermelha/<br />
ACNUR, apoiada pela Suécia, e virada para os refugiados zairenses no leste de Angola. 74<br />
Uma década mais tarde, numa altura em que um grupo de deputados do Partido Moderado<br />
apoiava activamente um comité sueco de extrema direita que apoiava a UNITA 75 ,<br />
Savimbi passou das palavras aos actos e fez reféns três cooperantes suecos em Angola,<br />
acabando um deles por ser morto. Durante as negociações para a libertação dos outros<br />
dois a ira de Savimbi teve especialmente como alvo o Subsecretário de Estado para os<br />
Negócios Estrangeiros sueco, Pierre Schori 76 que, vinte anos antes, tinha participado no<br />
projecto UNITA e acolhera o líder do movimento em Estocolmo.<br />
O FNLA e o Partido Liberal<br />
Apesar de rec<strong>on</strong>hecido pela OUA e de ter inicialmente recebido um alargado apoio internaci<strong>on</strong>al,<br />
a FNLA de Holden Roberto nunca se afirmou como um movimento de<br />
libertação angolano sério junto da Suécia. No início da década de sessenta a juventude da<br />
FNLA estabeleceu, por intermédio da Assembleia Mundial da Juventude e do seu secretário<br />
geral sueco, o liberal David Wirmark, um relaci<strong>on</strong>amento com organizações filiadas<br />
no C<strong>on</strong>selho Naci<strong>on</strong>al de Juventude da Suécia, mas o movimento primou pela ausência<br />
no debate à volta da questão na Suécia. A imprensa só esporadicamente fez referência<br />
à FNLA ou ao seu Governo Revoluci<strong>on</strong>ário de Angola no Exílio (GRAE). Mais ainda,<br />
Holden Roberto e a sua organização não foram alvo da atenção do movimento organizado<br />
de solidariedade para com a África Austral 77 e nenhum partido político defendeu<br />
a sua causa. Dito isto, a situação mudou radicalmente a partir de 1968, altura em que o<br />
Partido Liberal, segundo Carl Tham, na altura c<strong>on</strong>selheiro político do líder do partido<br />
Sven Wedén, muito devido a um ”reflexo de uma posição mais anticomunista no seio do<br />
partido” 78 , começou a fazer campanha a favor da FNLA. 79<br />
Em c<strong>on</strong>traste tanto com o MPLA como com a UNITA, e, em boa verdade, com os<br />
outros grandes movimentos de libertação da África Austral, a FNLA-GRAE c<strong>on</strong>duziu<br />
a sua diplomacia internaci<strong>on</strong>al durante os anos sessenta dando pouco atenção à Suécia<br />
73. C<strong>on</strong>versa com Vladimir Shubin, Cidade do Cabo, 12 de Setembro de 1995.<br />
74. ”UNITA attack: Sverige deltar i Angola-kriget” (”Ataque da UNITA: A Suécia participa na guerra de Angola”)<br />
em Göteborgs-Posten, 13 de Outubro de 1977 e Anders Johanss<strong>on</strong>: ”Sabotagevakt på hjälpplanet” (”Em guarda c<strong>on</strong>tra<br />
a sabotagem ao avião de ajuda”), em Dagens Nyheter, 14 de Outubro de 1977.<br />
75. O comité de extrema direita de solidariedade com a UNITA chamava-se Ajuda Sueca-Angola (Svenska Angola-<br />
Hjälpen), nome que também fora usado em 1961 pela campanha do Expressen em prol do MPLA.<br />
76. Ver, por exemplo, Bosse Schön: ”Schori gjorde UNITA till Sveriges fiende” (”Schori transformou a UNITA num<br />
inimigo da Suécia”), em Aft<strong>on</strong>bladet, 9 de Setembro de 1987.<br />
77. O Comité da África do Sul de Uppsala incluíra em 1967 a FNLA-GRAE entre os dez movimentos de libertação<br />
da África Austral, a quem doou algumas pequenas quantias. Tratou-se até de um caso isolado.<br />
78. Entrevista a Carl Tham, p. 340. ”Penso que Olle Wästberg foi quem pediu ajuda para a FNLA e que o partido<br />
o apoiou” (ibid.).<br />
79. No seu c<strong>on</strong>gresso de 1968, o Partido Liberal decidiu traçar directrizes para o apoio a ”movimentos de resistência”.<br />
59