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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Tor Sellström<br />

tas com o partido no poder na Suécia. Declarou em 1996 que ”beneficiámos das boas<br />

relações da SWAPO com a Suécia”, indicando os nomes de Andreas Shipanga, 65 Emil<br />

Appolus 66 e Peter Katjavivi 67 como importantes defensores da causa da UNITA na SWA-<br />

PO, tanto junto da Suécia como de outros países escandinavos. 68 A polarização provocada<br />

pela guerra fria fez com que, especialmente depois da c<strong>on</strong>ferência sobre a África Austral<br />

de Janeiro de 1969 em Cartun, patrocinada pelos soviéticos, e na qual a SWAPO e o<br />

MPLA foram c<strong>on</strong>juntamente catalogados como ”autênticos” movimentos de libertação,<br />

a aliança SWAPO-UNITA, de natureza eminentemente táctica, acabaria por ser minimizada<br />

pelos namibianos, nas suas actividades diplomáticas internaci<strong>on</strong>ais. A UNITA, não<br />

rec<strong>on</strong>hecida pela OUA e, na altura, dependente da ajuda chinesa, em breve se viu isolada<br />

no interior de Angola. 69<br />

A nível oficial, mais nenhum pais nórdico desenvolveu relações tão próximas com o<br />

MPLA como a Suécia, tanto antes como depois da independência de Angola, em Novembro<br />

de 1975. Discutiremos essa relação mais adiante. Poder-se-ia entrementes dizer<br />

que a posição singular da Suécia no mundo ocidental relativamente ao MPLA, à UNITA<br />

e à FNLA, ficava grandemente a dever-se a Olof Palme. Numa entrevista realizada em<br />

1996, Jorge Valentim da UNITA, declarando c<strong>on</strong>hecer Palme pessoalmente 70 , referiu<br />

que a política de Palme teve como c<strong>on</strong>sequência um efeito de c<strong>on</strong>tra-peso relativamente<br />

à influência dos Estados Unidos. 71 Holden Roberto da FNLA, muito próximo dos norteamericanos,<br />

explicou que, na altura, a razão pela qual o governo social democrata sueco<br />

tinha optado por não apoiar a FNLA era mais de teor ideológico, uma vez que as políticas<br />

de Palme eram ”mais de esquerda”. Acrescentou que Palme, ao exercer uma grande influência<br />

pessoal, também fechou as portas de outros países nórdicos à FNLA. 72<br />

Fechando-se o parêntesis das relações privilegiadas entre a UNITA e o Partido Social<br />

Democrata, o IUEF também transferiu a sua ajuda para o MPLA no início dos anos<br />

setenta, no momento em que a União Soviética retirou a sua ajuda não-militar ao MPLA<br />

no seguimento do acordo de unidade de Kinshasa, celebrado entre a FNLA e o MPLA<br />

em Dezembro de 1972. Mantendo a FNLA à margem, o IUEF viria a ser uma das muito<br />

poucas organizações internaci<strong>on</strong>ais a apoiar o MPLA, numa altura em que o movimento<br />

estava cada vez mais isolado. É interessante c<strong>on</strong>statar que o IUEF foi chamado a intervir<br />

quando Moscovo retomou a prestação de ajuda a Agostinho Neto, nos finais de 1974, no<br />

seguimento do golpe de Lisboa e um ano antes da independência de Angola. Em 1995,<br />

Vladimir Shubin, na sua qualidade de secretário para Assuntos Africanos do Comité de<br />

Solidariedade Afro-asiático Soviético, actuando como c<strong>on</strong>selheiro do Comité Central do<br />

Partido Comunista da União Soviética, sublinhou o papel desempenhado pelo IUEF.<br />

Segundo Shubin,<br />

65. Na sua qualidade de representante da SWAPO no Egipto entre 1964 e 1969, Shipanga tinha relações de grande<br />

proximidade com J<strong>on</strong>as Savimbi tendo, durante esse período, visitado a Suécia várias vezes.<br />

66. Appolus visitou a Suécia várias vezes a partir de 1963.<br />

67. Sediado em L<strong>on</strong>dres, Katjavivi foi o representante da SWAPO no Reino Unido e na Europa Ocidental, entre<br />

1968 e 1976.<br />

68. Entrevista a Miguel N’Zau Puna, p. 23.<br />

69. Ibid. e entrevista a Jorge Valentim, p. 34.<br />

70. Palme foi um dos fundadores da C<strong>on</strong>ferência Internaci<strong>on</strong>al dos Estudantes (ISC) e do respectivo Secretariado<br />

Coordenador (COSEC) em 1950. Jorge Valentim viria a ser nomeado vice secretário para Assuntos Africanos da<br />

ISC/COSEC em 1964.<br />

71. Entrevista a Jorge Valentim, p. 34.<br />

72. Entrevista a Holden Roberto, p. 30.

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