Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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a representação da UNITA nunca<br />
teve grande importância na<br />
Suécia. 48 C<strong>on</strong>tudo, logo a seguir<br />
à visita de Savimbi, alguns dos<br />
comités de solidariedade já estabelecidos<br />
levaram, de facto, a<br />
cabo actividade de angariação de<br />
fundos a favor também da UNI-<br />
TA, de que é exemplo o Comité<br />
da África do Sul de Uppsala, que<br />
incluiu a UNITA no grupo dos<br />
dez movimentos de libertação<br />
africanos a favor dos quais recolheu<br />
algumas verbas (diminutas,<br />
diga-se) em 1967. 49 Da mesma<br />
forma, em finais desse mesmo<br />
ano, o Comité da África do Sul<br />
Na via para o apoio oficial ao MPLA<br />
de Estocolmo, presidido por Bengt Ahlsén da Juventude Social Democrata, doou 5.000<br />
coroas suecas à ZANU do Zimbabué e 1.000 à UNITA. 50<br />
Fecha-se o parêntesis chamado UNITA<br />
O Presidente da UNITA J<strong>on</strong>as Savimbi durante o enc<strong>on</strong>tro<br />
com a imprensa em Estocolmo a 31 de Maio de 1967.<br />
(Foto: FLT-PICA)<br />
O relaci<strong>on</strong>amento entre o IUEF, o Partido Social Democrata e a UNITA terminou pouco<br />
depois do regresso de Savimbi a Angola, em meados de 1968. A Suécia participou de forma<br />
muito próxima no projecto de criação de uma terceira força angolana mas, uma vez<br />
esta criada, o país colocou-a pouco tempo depois de lado, por várias razões. Talvez a mais<br />
importante, sublinhada por N’Zau Puna, foi que os canais de comunicação da UNITA<br />
com o mundo exterior foram cortados. 51 Outra teve a ver com o facto de governo zambiano<br />
ter virado as costas à UNITA 52 e de o movimento não ser rec<strong>on</strong>hecido pela OUA.<br />
Além disso, o movimento de solidariedade da Suécia mobilizou muito apoio popular, a<br />
partir de 1969, em prol do MPLA, o que levantou sérias dúvidas quanto à natureza da<br />
UNITA como genuíno movimento de libertação. Naquilo que c<strong>on</strong>stitui provavelmente<br />
uma das primeiras denúncias das relações da UNITA com Portugal, Dick Urban Vestbro<br />
já em meados de 1969 escrevera no semanário socialista Tidsignal que havia ”provas de<br />
que a UNITA colabora com os portugueses”, citando panfletos distribuídos pelo regime<br />
48. A situação viria a alterar-se em meados da década de oitenta, altura em que o gabinete local da UNITA estabeleceu<br />
laços estreitos com representantes do Partido Moderado.<br />
49. Comité da África do Sul de Uppsala: ”Protokoll från sammanträde” (”Actas da reunião”), Uppsala, 18 de Fevereiro<br />
de 1968 (UPA). Como foi anteriormente refererido, os movimentos eram o ANC, a PAC, a SWAPO, a ZAPU,<br />
a ZANU, a COREMO, o MPLA, a FNLA/GRAE, a UNITA e o PAIGC.<br />
50. Comité da África do Sul de Estocolmo: ”Medlemsmeddelande” (”Informação aos filiados”), Estocolmo, 21 de<br />
Novembro de 1967 (AJC).<br />
51. Entrevista a Miguel N’Zau Puna, p. 23.<br />
52. P<strong>on</strong>do de lado outras c<strong>on</strong>siderações, o facto de a Zâmbia ter cortado relações com a UNITA tornou impossível<br />
a ajuda humanitária oficial sueca. O antigo director geral da ASDI, Michanek, declarou o seguinte em 1996: ”A<br />
posição da Zâmbia foi importante neste c<strong>on</strong>texto. Independentemente de qual pudesse ter sido o nosso posici<strong>on</strong>amento<br />
da altura face à UNITA, era-nos pura e simplesmente impossível apoiar uma organização que alguns dos<br />
nossos parceiros de cooperação c<strong>on</strong>sideravam impossível” (entrevista a Ernst Michanek, p. 320).<br />
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