Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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Na via para o apoio oficial ao MPLA<br />
na Comissão Naci<strong>on</strong>al do Partido Social Democrata sueco. Erikss<strong>on</strong> foi descrito como<br />
”um grande amigo nosso”, 25 que, em c<strong>on</strong>junto com Schori, ”que tinha c<strong>on</strong>tacto directo<br />
com o presidente Savimbi” 26 , e através de ”aberturas de apoio e diplomáticas” 27 aproximou<br />
a UNITA da Suécia e de outros países escandinavos. De acordo com Jorge Valentim,<br />
a Suécia e a Escandinávia eram, na altura, ”referências e um modelo”, 28 enquanto<br />
N’Zau Puna, por sua vez, recordou que ”os nossos primeiros c<strong>on</strong>tactos foram mesmo<br />
com a Suécia”. 29<br />
Jorge Valentim, enquanto líder estudantil, estivera presente numa c<strong>on</strong>ferência sobre<br />
a África Austral em Uppsala na Suécia em 1964, mais ou menos na mesma altura em<br />
que entrou em c<strong>on</strong>tacto com os países escandinavos, através do director do IUEF norueguês,<br />
de nome Øystein Opdahl. 30 Os c<strong>on</strong>tactos desenvolveram-se ainda mais durante a<br />
vigência do sucessor de Opdahl, de nome Lars-Gunnar Erikss<strong>on</strong>, um antigo presidente<br />
do Comité da África do Sul de Estocolmo e secretário internaci<strong>on</strong>al da União Naci<strong>on</strong>al<br />
de Estudantes da Suécia. 31 Erikss<strong>on</strong> foi nomeado director do IUEF em 1966, cargo em<br />
que se manteria até ao início dos anos oitenta. A Suécia era o país que mais c<strong>on</strong>tribuía<br />
financeiramente para o IUEF e Erikss<strong>on</strong> estabeleceria, com o passar dos anos, c<strong>on</strong>tactos<br />
estreitos com o Partido Social Democrata através, entre outros, de Pierre Schori. Foi<br />
por intermédio de Erikss<strong>on</strong>, que Schori e o partido no poder na Suécia rapidamente<br />
travaram c<strong>on</strong>hecimento com Savimbi e com o grupo que, no maior secretismo, preparou<br />
no Egipto a entrada da UNITA em Angola. Depois de visitar o gabinete do movimento<br />
em Zamalek no Cairo, Erikss<strong>on</strong> organizou a viagem de N’Zau Puna da Tunísia, <strong>on</strong>de<br />
na altura estudava agr<strong>on</strong>omia, para a capital egípcia. 32 O que se revestiu de ainda maior<br />
importância foi o facto de ter sido Erikss<strong>on</strong> quem organizou e pagou o regresso a Angola<br />
de Savimbi e de N’Zau Puna, utilizando verbas do IUEF. 33 Depois de várias manobras<br />
de diversão, 34 a viagem acabaria por c<strong>on</strong>duzir os dois líderes da UNITA a Dar es Salaam,<br />
<strong>on</strong>de tinham à sua espera amigos namibianos da SWAPO, 35 com a ajuda da qual puderam<br />
voltar a entrar em Angola em Julho de 1968.<br />
Estes ac<strong>on</strong>tecimentos deram-se sob o máximo sigilo mas, num dos primeiros artigos<br />
sobre Portugal e as guerras em África, Schori escreveu no boletim social democrata Tiden,<br />
em meados de 1967, que o partido no poder na Suécia tinha ”b<strong>on</strong>s c<strong>on</strong>tactos com<br />
a UNITA de Angola”, sem referir nem o MPLA nem a FNLA. 36 Na verdade, Savimbi já<br />
tinha visitado a Suécia, por intermédio de Erikss<strong>on</strong> 37 e na companhia de Jorge Sangumba.<br />
25. Entrevista a Miguel N’Zau Puna, p. 23.<br />
26. Ibid.<br />
27. Ibid.<br />
28. Entrevista a Jorge Valentim, p. 34.<br />
29. Entrevista a Miguel N’Zau Puna, p. 23.<br />
30. Entrevista a Jorge Valentim, p. 34. Ao preparar a entrevista, o autor ficou surpreendido por Jorge Valentim o ter<br />
cumprimentado num sueco muito razoável.<br />
31. Erikss<strong>on</strong> tinha também sido suplente do Comité C<strong>on</strong>sultivo Sobre Ajuda Humanitária, dirigido pelo governo.<br />
32. Entrevista a Miguel N’Zau Puna, p. 23.<br />
33. Ibid.<br />
34. Ibid.<br />
35. Na altura, a SWAPO e a UNITA estavam muito alinhados um com o outro, nomeadamente ao nível das representações<br />
no Cairo, <strong>on</strong>de o gabinete da SWAPO era chefiado por Andreas Shipanga. Em Junho de 1967, Shipanga<br />
apresentou Savimbi, descrevendo-o como ”um bom amigo” a Anders Johanss<strong>on</strong> do Dagens Nyheter no Cairo (carta<br />
de Anders Johanss<strong>on</strong> ao autor, Eskilstuna, 26 de Abril de 1998).<br />
36. Pierre Schori: ”Portugal”, em Tiden, Nº 8, 1967, p. 495.<br />
37. Entrevista a Miguel N’Zau Puna, p. 23.<br />
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