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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Tor Sellström<br />

receberam atenção comparável. No caso de Angola, o Comité da África do Sul de Lund<br />

colocar-se-ia desde o início numa posição de apoio ao MPLA, influenciando futuras<br />

opiniões do movimento organizado de solidariedade sueco. 7<br />

A UNITA, o IUEF e o Partido Social Democrata<br />

Poucos sabem que o Partido Social Democrata tinha, mais ou menos na mesma época,<br />

tido c<strong>on</strong>tactos muito importantes com a UNITA de J<strong>on</strong>as Savimbi. Esse facto é sobretudo<br />

c<strong>on</strong>sequência de ligações anteriores com estudantes angolanos pró-Savimbi no<br />

âmbito da ISC/COSEC e do IUEF. Um dos principais pólos de apoio a Savimbi era um<br />

grupo de estudantes politicamente activos da UNEA, o corpo de estudantes, formado<br />

em 1962 sob os seus auspícios. O grupo foi liderado pelo presidente da UNEA, Jorge<br />

Valentim que, em Julho de 1964, fora eleito secretário adjunto para assuntos africanos<br />

da COSEC.<br />

Enquanto estudava na Suiça, Savimbi fora, a partir de 1962, Ministro dos Negócios<br />

Estrangeiros do Governo Revoluci<strong>on</strong>ário de Angola no Exílio (GRAE), liderado por<br />

Holden Roberto. C<strong>on</strong>tudo, a partir de 1963, começou a notar-se uma clivagem cada<br />

vez mais pr<strong>on</strong>unciada, e em larga escala definida por questões étnicas, entre a região do<br />

Bak<strong>on</strong>go do norte de Holden Roberto e os seguidores Ovimbundu de Savimbi, oriundos<br />

do centro e sul de Angola. 8 Savimbi foi também apoiado, neste c<strong>on</strong>flito em escalada,<br />

por vários políticos e líderes estudantis da FNLA-GRAE, oriundos do enclave angolano<br />

de Cabinda. 9 O c<strong>on</strong>flito atingiu o seu p<strong>on</strong>to máximo na cimeira de chefes de estado e<br />

de governo da OUA, reunida no Cairo em Julho de 1964, <strong>on</strong>de Savimbi se demitiu de<br />

forma espectacular do GRAE, acusando o governo no exílio de Holden Roberto ”não<br />

só de não intensificar a acção militar e o reagrupamento das massas populares, única<br />

forma de acelerar a libertação de Angola, mas também de se limitar a fazer discursos<br />

vazios”. 10 Savimbi viria também, pouco tempo depois, a c<strong>on</strong>denar Holden Roberto de<br />

forma arrasadora, denunciando especialmente o ”imperialismo americano” e ”o flagrante<br />

tribalismo bak<strong>on</strong>go” reinante no movimento. 11<br />

Savimbi, que era igualmente crítico daquilo que era, para si, a dominação ambundu<br />

7. A luta nas colónias portuguesas em África foi simultaneamente alvo de destaque por intelectuais proeminentes.<br />

Em 1967, o escritor germano-sueco Peter Weiss publicou o seu drama Sången om Skråpuken (”Canto do espantalho<br />

lusitano”), que era uma c<strong>on</strong>denação particularmente forte do col<strong>on</strong>ialismo português e da cumplicidade ocidental<br />

na matéria. A peça estreou em Estocolmo a 1 de Janeiro de 1967 e foi alvo de reprodução parcial no primeiro número<br />

do Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin (Nº 1, 1967, pp. 17–18). O Comité da África do Sul de Lund ajudou Weiss<br />

na fase de recolha de factos para criar a peça (Comité da África do Sul de Lund: ”Medlemsmeddelande”/”Informação<br />

aos membros”, Nº 1/67, Lund [sem indicação de data]) (AGA).<br />

8. Muitos trabalhadores c<strong>on</strong>tratados ovimbundu, que trabalhavam em explorações portuguesas, e a quem se chamava,<br />

de uma forma desdenhosa, ”bailundos”, ou seja, gente que vem da z<strong>on</strong>a do Bailundu nas z<strong>on</strong>as m<strong>on</strong>tanhosas centrais,<br />

foram mortos a partir de Março de 1961, durante os levantamentos da UPA no norte de Angola. Os seguidores<br />

de Savimbi de origem ovimbundu não esqueceram este ac<strong>on</strong>tecimento. A título de curiosidade c<strong>on</strong>vém notar que,<br />

depois das eleições de 1992, Savimbi tinha fixado o seu quartel-general no Bailundu.<br />

9. Tal como Alexandre Taty, Ministro do Armamento do GRAE, que viria a aderir à Frente de Libertação do Enclave<br />

de Cabinda (FLEC), Miguel N’Zau Puna e ”T<strong>on</strong>y” da Costa Fernandes. Tanto N’Zau Puna como Fernandes fizeram<br />

parte do grupo fundador da UNITA. Ambos trabalharam muito de perto com Savimbi durante trinta e cinco anos,<br />

mas deixaram a UNITA no início de 1992, acusando Savimbi do assassinato em 1991 de Tito Chingunji e de Wils<strong>on</strong><br />

dos Santos, antigos representantes da UNITA nas Nações Unidas e em Portugal.<br />

10. J<strong>on</strong>as Savimbi: ”Declaração de demissão”, 16 de Julho de 1964, em Chilcote op. cit., p. 155.<br />

11. J<strong>on</strong>as Savimbi: ”Onde está a revolução angolana?”, Outubro de 1964, em Ibid., pp. 156 e 159.

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