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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Tor Sellström<br />

C<strong>on</strong>go-Brazzaville. 176 O projecto da escola foi muito apreciado pelo MPLA 177 e teve<br />

o efeito político adici<strong>on</strong>al de aproximar a Suécia e o MPLA, numa altura decisiva. No<br />

seguimento da assinatura de um acordo formal de unidade entre o MPLA e a FNLA em<br />

Kinshasa no mês de Dezembro de 1972, 178 a União Soviética tinha, por volta de meados<br />

de 1973, retirado progressivamente a sua ajuda à organização de Agostinho Neto. 179 Para<br />

além disso, numa altura em que Julius Nyerere da Tanzânia e Kenneth Kaunda da Zâmbia<br />

deram ajuda diplomática activa à FNLA, foi desmascarada, em Abril de 1973, uma<br />

facção interna do MPLA, mais tarde c<strong>on</strong>hecida como a Revolta do Leste, que se opunha<br />

à liderança de Neto e que era liderada por Daniel Chipenda a partir da Zâmbia. A ajuda<br />

humanitária directa iniciada em 1971 e a ajuda adici<strong>on</strong>al à escola de Dolisie foram vistas,<br />

deste prisma, como um rec<strong>on</strong>hecimento factual e oficial sueco do MPLA, sob a liderança<br />

do grupo à volta de Agostinho Neto. 180 Resp<strong>on</strong>sável pela logística, Chipenda, c<strong>on</strong>tudo,<br />

manteve-se como parceiro da ASDI junto do MPLA na Zâmbia, o que levaria a tensões<br />

entre a Suécia e o MPLA, ao nível da Embaixada da Suécia em Lusaca.<br />

176. Principal escola política do MPLA, o Centro de Instrução Revoluci<strong>on</strong>ária (CIR), também estava situado em<br />

Dolisie. As escolas de educação política e clássica estavam separadas. O projecto apoiado pela WUS, UNESCO e<br />

ASDI destinava-se a formação profissi<strong>on</strong>al e pertencia à segunda categoria de escolas.<br />

177. Ver a entrevista com Lúcio Lara, p. 18.<br />

178. Iniciado pela OUA, que em 1971 tinha retirado o rec<strong>on</strong>hecimento da GRAE, mas não da FNLA, o acordo<br />

de Dezembro de 1972 entre o MPLA e a FNLA foi negociado sob os auspícios dos presidentes Kaunda (Zâmbia),<br />

Mobutu (Zaire), Ngouabi (C<strong>on</strong>go-Brazzaville) e Nyerere (Tanzânia). Segundo o acordo, os dois movimentos angolanos<br />

deveriam terminar imediatamente todas as hostilidades um c<strong>on</strong>tra o outro, e formar um C<strong>on</strong>selho Supremo<br />

para a Libertação de Angola (CSLA), que coordenaria um comando militar unificado (presidido pelo MPLA) e um<br />

c<strong>on</strong>selho político (presidido pela FNLA). A participação nos três organismos deveria basear-se no princípio da paridade,<br />

mas a FNLA, ou seja, Holden Roberto, presidiria ao CSLA. Uma das principais razões pelas quais o MPLA<br />

assinou o acordo foi que este tornaria possível usar o Zaire como base de retaguarda. C<strong>on</strong>tudo, ficou-se pouco depois<br />

a saber que o governo de Mobutu não estava disposto a abrir o seu território ao MPLA. Os guerrilheiros do MPLA<br />

não foram autorizados a fazer trânsito pelo país e os membros do MPLA c<strong>on</strong>tinuavam sujeitos a ser presos no Zaire.<br />

Assim, o acordo ficou esvaziado de sentido e acabou por não prosseguir.<br />

179. Ao c<strong>on</strong>trário de Cuba e da Jugoslávia, e apesar de uma visita de Agostinho Neto a Moscovo no início de 1973,<br />

a União Soviética retirou o apoio ao MPLA, que só recomeçou no início de 1975. Vladimir Shubin, que ocupava o<br />

cargo de Secretário para os Assuntos Africanos da Comissão de Solidariedade Soviético Afro-Asiático, deu a seguinte<br />

explicação em 1995: ”A FNLA assinou este infeliz acordo com o MPLA, de quem já ninguém se lembra e que se<br />

tornou num dos problemas entre a União Soviética e o MPLA [...]. Neto era suposto ser o segundo da hierarquia,<br />

logo a seguir a Roberto. Foi um erro e levantou-nos um problema [...]. Eu estive presente quando Neto veio à União<br />

Soviética a seguir ao acordo e quando ele tentou explicar a necessidade do acordo. Mas os nossos não ficaram c<strong>on</strong>vencidos<br />

e a ajuda foi suspensa. Não acabou completamente, uma vez que ainda estavam estudantes do MPLA na<br />

União Soviética e o material militar c<strong>on</strong>tinuou a chegar. [...] C<strong>on</strong>tudo, o acordo diminuiu imediatamente o nível<br />

de prestígio de que gozava o MPLA”(c<strong>on</strong>versa com Vladimir Shubin, Cidade do Cabo, 12 de Setembro de 1995).<br />

A decisão de recomeçar a ajuda foi tomada depois da C<strong>on</strong>ferência Inter-Regi<strong>on</strong>al do MPLA do distrito angolano do<br />

Moxico de Setembro de 1974. De acordo com Shubin, baseou-se de forma decisiva em informações dadas por Lars-<br />

Gunnar Erikss<strong>on</strong> da IUEF: ”Eu c<strong>on</strong>heci Lars-Gunnar Erikss<strong>on</strong>. Por volta dos anos setenta dávamo-nos muito bem.<br />

Enc<strong>on</strong>trámo-nos em Moscovo. [...] Os funci<strong>on</strong>ários da IUEF eram quase os únicos a estar presentes na C<strong>on</strong>ferência<br />

Inter-Regi<strong>on</strong>al. [...] Lars-Gunnar Erikss<strong>on</strong> falou-me disso e da importância de se apoiar o MPLA. Isso ajudou os<br />

nossos funci<strong>on</strong>ários em Moscovo a perceber melhor a situação”(Ibid.).<br />

180. Entrevista com Lúcio Lara, p. 18.

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