Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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Tor Sellström<br />
dos principais jornalistas e comentadores de questões internaci<strong>on</strong>ais suecos que mais<br />
c<strong>on</strong>tribuiu para o destaque que foi dado a Angola na Suécia em 1961–62. Do lado social<br />
democrata, Victor Vinde, editor chefe do Stockholms-Tidningen, defendia uma combinação<br />
de protestos c<strong>on</strong>tra Portugal e o auxílio aos naci<strong>on</strong>alistas, dizendo que ”ao ditador<br />
Salazar devem ser fechadas as portas de todas as instâncias internaci<strong>on</strong>ais [...], incluindo<br />
da EFTA. Com esta liderança, Portugal não tem lugar no Mundo Ocidental”. 72 Os outros<br />
jornais socialistas fizeram eco da opinião de Vinde. Göran <str<strong>on</strong>g>The</str<strong>on</strong>g>rborn – por exemplo,<br />
internaci<strong>on</strong>almente rec<strong>on</strong>hecido como um dos mais importantes cientistas sociais da<br />
Suécia, publicou uma análise de fundo bem fundamentada sobre o desenrolar dos ac<strong>on</strong>tecimentos<br />
em Angola, e publicou-a no semanário sindicalista Arbetaren. 73<br />
Foram, no entanto, Sven Öste no matutino liberal Dagens Nyheter e Anders Ehnmark,<br />
o seu homólogo do vespertino Expressen quem mais c<strong>on</strong>tribuiu para introduzir o<br />
tema de Angola no debate sueco. Ambos visitaram a região mais setentri<strong>on</strong>al do C<strong>on</strong>go<br />
em meados de 1961 e tiveram c<strong>on</strong>tacto directo com a UPA e o MPLA, publicandos depois<br />
relatos dos ac<strong>on</strong>tecimentos em torno da luta em Angola, que na altura não serviram<br />
apenas para informar o público sueco, mas foram citados na literatura internaci<strong>on</strong>al. 74<br />
Tiveram uma importância especial os primeiros c<strong>on</strong>tactos de Ehnmark com a liderança<br />
exilada do MPLA e a sua promoção numa campanha de angariação de fundos do jornal<br />
Expressen para os refugiados em Angola no sul do C<strong>on</strong>go. Além disso, Anders Ehnmark,<br />
Sven Hamrell, Per Wästberg e Sven Öste 75 publicaram em 1961–62 nada menos que<br />
quatro obras sobre Angola. Três delas apresentavam ao público sueco os líderes dos movimentos<br />
de libertação angolanos pelas suas próprias palavras. Este esforço explica em larga<br />
medida porque o MPLA, e posteriormente, por inerência, a FRELIMO de Moçambique<br />
e o PAIGC da Guiné-Bissau, no início dos anos 60 já eram alvo de atenção no l<strong>on</strong>gínquo<br />
país que era a Suécia.<br />
Vozes de Angola no Expressen e Öste e Ehnmark no C<strong>on</strong>go<br />
A 15 de Março de 1961, apenas um mês depois dos trágicos ac<strong>on</strong>tecimentos em Luanda,<br />
a UPA de Holden Roberto aproveitou a c<strong>on</strong>fusão e passou à acção, lançando um ataque<br />
no coração da z<strong>on</strong>a dos cafezais, no norte do país. Tratou-se de um desafio muito mais<br />
sério aos portugueses do que os ataques às prisões em Luanda, e lançou Angola numa<br />
rebelião prol<strong>on</strong>gada. Os ataques inspirados pela UPA provocaram um levantamento generalizado<br />
e, em questão de dias, centenas de plantações e explorações agrícolas de portugueses,<br />
estabelecimentos comerciais e postos do governo foram destruídos. Nessa fase, as<br />
instruções da UPA, no sentido de se direcci<strong>on</strong>ar apenas a acção c<strong>on</strong>tra o governo col<strong>on</strong>ial<br />
e c<strong>on</strong>tra a propriedade dos col<strong>on</strong>os portugueses 76 , acabaram por ceder o lugar a uma<br />
72. Victor Vinde: ”Angola nos anos 50” em Stockholms-Tidningen, 6 de Julho de 1961. Nesse mesmo artigo, Vinde<br />
protestou c<strong>on</strong>tra o facto de o representante diplomático da Suécia em Lisboa, Alexis Aminoff, que tinha estado<br />
colocado na África do Sul e, na sua estadia nesse país, tinha pedido desculpas ao primeiro ministro Verwoerd pelas<br />
críticas da imprensa sueca ao apar<strong>the</strong>id, ter tido ocasião de ”repetidamente dem<strong>on</strong>strar a sua simpatia pelo ditador<br />
Salazar”.<br />
73. Göran <str<strong>on</strong>g>The</str<strong>on</strong>g>rborn: ”Frihet även för Angola” (”Liberdade também para Angola”) em Arbetaren, 7 de Setembro de<br />
1961.<br />
74. Ver, por exemplo, Marcum (1969) op. cit., p. 211.<br />
75. Hamrell e Wästberg viriam a tornar-se membros do Comité C<strong>on</strong>sultivo para Ajuda Humanitária. Ehnmark e<br />
Öste nunca chegaram a ser membros deste organismo tão importante.<br />
76. Marcum (1969) op. cit., p. 143.