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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Tor Sellström<br />

excepção da África do Sul, pela inexistência de qualquer problema de cariz ec<strong>on</strong>ómico.<br />

Em vez disso, associar-se-ia a uma participação progressiva da Suécia ao lado das organizações<br />

naci<strong>on</strong>alistas.<br />

Quanto ao quarto objectivo de política externa, a legitimidade pública, ou seja, a<br />

aceitação pela opinião pública, esta apresentação ilustrou a avaliação feita em 1996 pelo<br />

antigo director geral da ASDI, Ernst Michanek. ”Não foi o governo sueco que assumiu<br />

a iniciativa política relativamente ao apoio aos movimentos de libertação. E ainda menos<br />

em casos de natureza c<strong>on</strong>troversa. Toda a formação da opinião pública sueca para a questão<br />

da África Austral foi feita a partir de baixo”. Quando se acabou por tomar a decisão<br />

de ajudar as organizações naci<strong>on</strong>alistas, a primeira geração de solidariedade organizada<br />

com a África Austral já tinha, c<strong>on</strong>tudo, sido largamente ultrapassada pelo movimento<br />

em prol do Vietname. A posição oficial tomada pelo estado foi, ir<strong>on</strong>icamente, tomada<br />

numa altura em que a mobilização não-governamental em prol da África Austral estava<br />

na mó de baixo. Apareceu então um movimento de solidariedade mais militante, pós-<br />

Vietname, no início dos anos setenta, por intermédio dos Grupos de África da Suécia<br />

(AGIS). Em meados da década, esse movimento expressaria a sua solidariedade com os<br />

mesmos movimentos de libertação que já recebiam apoio do governo. Era peculiar para<br />

a Suécia que esse apoio oficial tenha ac<strong>on</strong>tecido antes do rec<strong>on</strong>hecimento por parte do<br />

movimento popular de solidariedade e que tanto o estado sueco como a sociedade civil<br />

sueca tenham apoiado o ANC, a SWAPO, o MPLA, a FRELIMO, a ZANU e a ZAPU.<br />

Dando destaques diferentes e apesar das tensões que muitas vezes se manifestaram entre<br />

ambos, a preocupação comum reforçou a participação sueca em prol da libertação naci<strong>on</strong>al<br />

na África Austral. Para além disso, o governo sueco e os AGIS viriam, por intermédio<br />

da ASDI, a iniciar uma cooperação cada vez mais estreita entre si.<br />

Neste volume fizemos uma apresentação do apoio sueco aos movimentos de libertação<br />

de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Entrementes, vale a pena referir que os quatro<br />

objectivos de base da política externa sueca acima referidos, levaram o país a participar de<br />

forma activa na África Austral. Na procura da paz no c<strong>on</strong>texto da guerra fria (segurança<br />

naci<strong>on</strong>al), os ac<strong>on</strong>tecimentos nas colónias portuguesas e na África do Sul seriam vistos<br />

cada vez mais como ameaças. Quanto aos valores fundamentais e ao entendimento de<br />

base das normas internaci<strong>on</strong>ais (afinidade ideológica), os regimes de minoria branca c<strong>on</strong>stituíam<br />

um anátema, enquanto os movimentos de libertação eram vistos como representantes<br />

da democracia e dos interesses estratégicos comuns. Quanto à questão da procura<br />

substantiva do bem-estar para a Suécia e para os seus cidadãos (oportunidade ec<strong>on</strong>ómica),<br />

havia divergência de p<strong>on</strong>tos de vista nessa matéria mas as relações ec<strong>on</strong>ómicas com a<br />

região eram, com a excepção da África do Sul, de importância marginal, para não dizer<br />

insignificantes. Na sua ambição de pugnar pela aceitação no seu próprio país da política<br />

externa seguida (legitimidade pública), o governo sueco acabou, no início da década de<br />

sessenta, e sob pressão intensa de uma opinião pública activa, por se alicerçar claramente<br />

na esquerda socialista e no centro liberal. Assim, uma combinação de factores explica, ao<br />

fim ao cabo, a razäo por que a procura de libertação naci<strong>on</strong>al na distante África Austral e<br />

na Guiné-Bissau, se transforma numa preocupação naci<strong>on</strong>al na Suécia.

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