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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Nota final<br />

rias empresas suecas estavam estabelecidas no país e, em 1948, ano em que o Partido<br />

Naci<strong>on</strong>alista chegou ao poder, a África do Sul era o terceiro país na lista dos parceiros<br />

comerciais não europeus da Suécia, logo atrás dos Estados Unidos e da Argentina. O comércio<br />

entre a Suécia e a África do Sul começaria a partir de então a diminuir em termos<br />

relativos mas, no final dos anos sessenta, a África do Sul c<strong>on</strong>tinuava a ter um certo peso,<br />

nomeadamente enquanto mercado exportador. A sua quota do comércio global sueco<br />

era de 1,2 por cento em 1950, mas diminuiu para 0,7 por cento em 1960 e para 0,6 por<br />

cento em 1970. C<strong>on</strong>tudo, enquanto as importações da África do Sul durante esses anos<br />

representaram apenas 0,7, 0,3 e 0,2 por cento, respectivamente, as vendas para aquele<br />

país atingiram os 1,8, 1,0 e 0,9 por cento do total das exportações suecas, respectivamente<br />

em 1950, 1960 e 1970. Para além disso, só na África do Sul é que as empresas manufactureiras<br />

suecas fizeram investimentos directos. Também nesse aspecto se verificou uma<br />

relativa tendência para a descida nos anos sessenta, mas o crescimento dos investimentos<br />

suecos em valores absolutos não era insignificante, antes pelo c<strong>on</strong>trário. Com um total de<br />

activos no valor de 72 milhões de coroas suecas em 1960, a África do Sul estava no 15º<br />

lugar mundial em termos de investimento sueco. Em 1970, esses activos tinham aumentado<br />

para 242 milhões, mas a África do Sul passara a estar apenas em 19º lugar. C<strong>on</strong>tudo,<br />

os bens de propriedade sueca na África do Sul representavam, nessa mesma altura,1,6 por<br />

cento do activo total no estrangeiro. Em termos relativos, a África do Sul do apar<strong>the</strong>id,<br />

o único país da África Austral com algum significado ec<strong>on</strong>ómico para a Suécia, era mais<br />

importante como investimento do que como mercado para exportação.<br />

O papel da África do Sul nas relações ec<strong>on</strong>ómicas internaci<strong>on</strong>ais da Suécia viria, em<br />

grande medida, a fazer com que o Partido Moderado, estreitamente alinhado com os interesses<br />

exportadores suecos, se colocasse à margem da coligação anti-apar<strong>the</strong>id, formada<br />

por socialistas e liberais. Em defesa dos seus bens na África do Sul, os representantes<br />

de interesses suecos do poderoso grupo Wallenberg, de quefaz parte a ASEA, reagiram<br />

activamente ao movimento de solidariedade, caracterizando publicamente a África do<br />

Sul como ”o mais notório posto avançado e pilar de apoio da civilização em África”. O<br />

seu peso veio somar-se aos argumentos a favor da posição tomada pelo governo sueco<br />

relativamente às sanções c<strong>on</strong>tra a África do Sul. Como foi dito, a Suécia seguiu à letra<br />

a Carta das Nações Unidas, op<strong>on</strong>do-se às exigências para que fossem tomadas medidas<br />

unilaterais e mantendo a sua posição de que só o C<strong>on</strong>selho de Segurança estava mandatado<br />

para isolar um país das trocas ec<strong>on</strong>ómicas globais. 29 A relutância em intervir c<strong>on</strong>tra<br />

interesses privados suecos na África Austral manifestada pelo governo social democrata<br />

ficou, para além do mais, bem patente pela recusa em tomar medidas c<strong>on</strong>tra Portugal<br />

na EFTA e, sobretudo, pelo apoio dado à ASEA no caso do projecto de Cahora Bassa<br />

em Moçambique. A ASEA viria em Setembro de 1969, por mote próprio, a retirar-se<br />

do projecto, quatro meses antes de o parlamento sueco aprovar a lei de sanções c<strong>on</strong>tra a<br />

Rodésia, abrindo o caminho para o apoio directo aos movimentos de libertação da África<br />

Austral. Olof Palme assumiu a liderança do Partido Social Democrata e do governo sueco<br />

um mês mais tarde. Do que diz respeito à África Austral, o seu primeiro mandato como<br />

primeiro ministro, que durou até meados de 1976, caracterizou-se, com a importante<br />

29. A posição sueca viria a mudar durante a década de setenta, devido à c<strong>on</strong>tinuada intransigência do regime da<br />

África do Sul. Assim, Olof Palme, na altura líder da oposição, declarou no parlamento sueco em Março de 1977 que<br />

”a liberdade dos seres humanos é mais importante do que a livre circulação de capitais” (Schori op. cit., p. 27) e, em<br />

Junho de 1979, o parlamento sueco aprovou a primeira lei das sanções c<strong>on</strong>tra a África do Sul, proibindo que fossem<br />

feitos novos investimentos nesse pais.<br />

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