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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Tor Sellström<br />

apoio às necessidades civis e não relaci<strong>on</strong>adas com a luta armada.<br />

Após uma visita à Tanzânia, Ola Ullsten, na altura secretário geral da Juventude<br />

Liberal, recomendou em Dezembro de 1964 que fosse dada ajuda sueca ao Instituto<br />

Moçambicano da FRELIMO, situado em Dar es Salaam. ”Podemos ajudar”, disse o futuro<br />

primeiro ministro. ”Ensinar álgebra e inglês a crianças africanas não c<strong>on</strong>stituirá mais<br />

do que uma pequena ameaça à nossa neutralidade.” Durante as décadas de cinquenta e<br />

sessenta, a ec<strong>on</strong>omia sueca registou um crescimento médio anual de 3,5 por cento, o<br />

que a tornou numa das mais fortes do mundo. Relativamente ao terceiro objectivo de<br />

política externa, a oportunidade ec<strong>on</strong>ómica, a Suécia estava em melhor posição do que<br />

a maioria dos outros países para ajudar os movimentos de libertação. Tal como disse<br />

Ullsten, a ajuda humanitária não viria, para além disso, afectar a posição da Suécia em<br />

termos de segurança global, de nenhuma forma digna de nota. Poderia, também, ter dito<br />

que o apoio a organizações naci<strong>on</strong>alistas da África Austral c<strong>on</strong>stituiria no seu todo um<br />

risco marginal para a ec<strong>on</strong>omia sueca e, na maior parte dos casos, não c<strong>on</strong>stituiria risco<br />

de espécie nenhuma.<br />

O ”boom” ec<strong>on</strong>ómico sueco do pós-guerra criou as bases para a visão social democrata<br />

da ”casa própria”. Sendo uma ec<strong>on</strong>omia marcadamente dependente do comércio e da<br />

internaci<strong>on</strong>alização rápida, a c<strong>on</strong>strução de um estado-providência paritário estava, ao<br />

mesmo tempo, cada vez mais vulnerável a factores externos. A promoção da liberalização<br />

do comércio e a participação em organizações internaci<strong>on</strong>ais, como o GATT e a EFTA,<br />

tornaram-se, com este pano de fundo, muito importantes. Com o apoio dos interesses<br />

exportadores suecos, o governo social democrata pôde levar a cabo, de forma activa, uma<br />

política comercial de cariz liberal.<br />

O comércio sueco dos anos cinquenta e sessenta c<strong>on</strong>centrava-se na Europa, enquanto<br />

a África Austral desempenhava um papel meramente marginal. A isso acresce que, no<br />

final dos anos sessenta, quando foi tomada a decisão de apoiar os movimentos de libertação,<br />

o peso relativo combinado de Angola, Moçambique, Namíbia, África do Sul e<br />

Zimbabué nas trocas comerciais suecas tinha diminuído de forma c<strong>on</strong>tinuada. As vendas<br />

para estes cinco países representavam 1,9 por cento do total das exportações em 1950,<br />

tendo essa quota em 1960 diminuído para 1,3 por cento e em 1970 para 1,1 por cento.<br />

Os valores corresp<strong>on</strong>dentes para as importações suecas a partir dos cinco era respectivamente<br />

de 1,5, 1,1 e 0,6 por cento. Combinando as estatísticas, os cinco países representavam<br />

apenas 1,7 por cento do comércio externo sueco em 1950. As suas quotas, dez anos<br />

mais tarde, tinham diminuído para 1,2 por cento e em 1970 para 0,7 por cento, uma<br />

diminuição de mais de metade em vinte anos. Durante o prol<strong>on</strong>gado período do pósguerra,<br />

em que o crescimento ec<strong>on</strong>ómico sueco foi sustentado, os cinco países foram-se<br />

assim tornando, de forma progressiva, menos importantes para a Suécia. Esta afirmação<br />

é particularmente verdadeira para as duas colónias portuguesas, Angola e Moçambique,<br />

mas também para a Namíbia e o Zimbabué, que juntos representavam uma quota de 0,5<br />

por cento do comércio externo sueco em 1950. Vinte anos mais tarde, este valor tinha<br />

diminuído para uns insignificantes 0,1 por cento. Isto significa que uma decisão politicamente<br />

motivada, de ajudar as organizações naci<strong>on</strong>alistas teria um potencial de impacto<br />

muito reduzido sobre a posição material da Suécia, no caso, improvável, de serem feitas<br />

retaliações ec<strong>on</strong>ómicas.<br />

C<strong>on</strong>tudo, no caso da África do Sul, a situação era mais complicada. As relações no<br />

pré-guerra entre a Suécia e esse país eram de natureza primordialmente ec<strong>on</strong>ómica. Vá-

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