Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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Insurreições em Angola, reacções na Suécia<br />
extremamente baixos. Em 1950, o valor das exportações suecas para toda esta região era<br />
de 1,8 milhões de coroas suecas, representando 0,03 por cento do total de vendas suecas<br />
para o estrangeiro. Na mesma altura, o valor das importações era de 2,3 milhões de coroas<br />
suecas, ou seja, 0,04 por cento do total das importações da Suécia.<br />
Dez anos mais tarde, mesmo antes do início da guerra de libertação, a balança comercial<br />
tinha-se alterado a favor da Suécia, mas este comércio tinha ainda um carácter apenas<br />
marginal. Em 1960, as importações suecas da África Ocidental Portuguesa atingiram 3.8<br />
milhões de coroas suecas, apenas uma parte do total de 0,03 por cento, enquanto o valor<br />
das exportações da Suécia tinha aumentado para 10,7 milhões de coroas suecas, ou seja,<br />
0,08 por cento do total. 32 As principais importações suecas da África Ocidental Portuguesa<br />
eram óleos vegetais, enquanto os principais bens exportados eram papel, pasta de<br />
papel e maquinaria. A Suécia nunca foi um mercado importante para o café angolano.<br />
Em 1950, por exemplo, a Suécia importou café da África Ocidental Portuguesa num valor<br />
total de apenas 104.000 coroas suecas, representando quatro por cento do total das, já<br />
de si reduzidas, importações daquela z<strong>on</strong>a. Quando, resp<strong>on</strong>dendo a um apelo do MPLA,<br />
o movimento internaci<strong>on</strong>al de solidariedade levou a cabo um boicote ao café angolano<br />
nos anos 70, nem assim se tornou uma questão relevante na Suécia. 33<br />
Ainda assim, em meados dos anos 50, uma série de empresas suecas tinha feito tentativas<br />
de penetração tanto no mercado de Angola como no de Moçambique. Uma das<br />
mais importantes era o c<strong>on</strong>sórcio mineiro Bolidens Gruv AB. No princípio dessa década,<br />
assinaram um acordo de c<strong>on</strong>cessão, com a duração de cinco anos, com o governo de Portugal<br />
para prospecção mineral em ambos os territórios, criando a empresa local designada<br />
Sociedade Boliden de Moçambique, em Lourenço Marques (agora Maputo), em Abril de<br />
1954. As áreas c<strong>on</strong>cessi<strong>on</strong>adas à Boliden eram gigantescas e cobriam uma superfície total<br />
de cerca de 50.000 quilómetros quadrados, ou mais do que um décimo da superfície da<br />
Suécia. Em Angola, a c<strong>on</strong>cessão com 30.000 quilómetros quadrados ficava no exterior<br />
de Moçâmedes (agora Namibe), na parte sudoeste do país. A c<strong>on</strong>cessão de Moçambique,<br />
algo menor, ficava em Manica, entre o porto da Beira e a fr<strong>on</strong>teira com a Rodésia. 34 No<br />
entanto, estas explorações não foram bem sucedidas e foram encerradas em 1957. 35<br />
A Associação Geral de Exportações da Suécia envolveu-se também activamente na<br />
promoção de ligações comerciais mais estreitas com Angola e Moçambique. Depois de<br />
ter organizado o que chamou de viagens de ”análise e boa-v<strong>on</strong>tade” à África Ocidental e<br />
Equatorial Francesa em 1952, e ao C<strong>on</strong>go Belga em 1953, a associação levou a cabo uma<br />
dessas visitas aos dois territórios portugueses em Maio-Junho de 1955. Esta delegação 36<br />
foi liderada pelo enviado da Suécia em Lisboa, Jan Stenström, que ficou impressi<strong>on</strong>ado<br />
com o que viu nessa visita. Em entrevista, diria posteriormente<br />
32. (Para 1950:) Kommerskollegium: Handel: Berättelse för år 1950, Volym I, Sveriges Officiella Statistik, Norstedt<br />
& Söner, Estocolmo, 1952. (Para 1960:) Statistiska Centralbyrån: Handel: Berättelse för år 1960, Volym II, Estocolmo,<br />
1963. As trocas comerciais entre a Suécia e a África Ocidental Portuguesa não aumentaram após a adesão<br />
de Portugal à EFTA. Pelo c<strong>on</strong>trário. Assim, em 1970, as mercadorias suecas vendidas para essa z<strong>on</strong>a atingiram um<br />
valor total de 2,5 milhões de coroas suecas, o que representa menos de 0,01 por cento do total de exportações da<br />
Suécia. Quando às importações, estas eram de 27,2 milhões de coroas suecas, uns estáveis 0,08 por cento (Statistiska<br />
Centralbyrån: Utrikeshandel 1970, Volym II, Estocolmo, 1972).<br />
33. Entrevista com Hillevi Nilss<strong>on</strong>, p. 326. A campanha de boicote c<strong>on</strong>tra o café de Angola foi especialmente forte<br />
nos Países Baixos e no Canadá.<br />
34. Svensk Utrikeshandel, Nº 18, 30 de Setembro de 1955, pp. 11–12.<br />
35. Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin, Nº 5, 1969, p. 47.<br />
36. As empresas suecas representadas na delegação foram a AGA, a Bolidens Gruv AB, a Elof Hans<strong>on</strong>, a AB Linjebyggnad<br />
e a STAB/Sociedade Naci<strong>on</strong>al de Fósforos, esta última sediada em Portugal.<br />
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