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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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266<br />

Tor Sellström<br />

da política externa activa da Suécia. É, c<strong>on</strong>tudo, provável que Palme estivesse também a<br />

pensar na África Austral e do Sul. Usando da palavra nas manifestações do Dia do Trabalhador<br />

em Kramfors, na companhia de Charles Kauraisa da SWANU, Palme fizera, logo<br />

a 1 de Maio de 1964, um discurso militante no qual ele, em c<strong>on</strong>traste marcado com a<br />

posição oficial do governo social democrata, caracterizou o apar<strong>the</strong>id e o racismo como<br />

uma ameaça à paz internaci<strong>on</strong>al e alertou para uma divisão do mundo entre ricos e brancos<br />

e pobres e negros. Ao preparar o seu discurso de Gävle, Palme ter-se-á certamente<br />

apercebido da ”plataforma dividida” entre Erlander e Tambo três meses antes, bem como<br />

do debate que se lhe seguiu, no seio do movimento social democrata.<br />

Com a espectacular entrada de Palme na cena da política externa, desp<strong>on</strong>ta uma<br />

nova geração de social democratas que c<strong>on</strong>duziria o partido no poder para posições internaci<strong>on</strong>ais<br />

de maior independência. Em Março de 1966, Palme presidiu à C<strong>on</strong>ferência<br />

Internaci<strong>on</strong>al sobre o Sudoeste Africano, realizada em Oxford em Inglaterra. No que diz<br />

respeito à África Austral, foram os ac<strong>on</strong>tecimentos no c<strong>on</strong>gresso da Internaci<strong>on</strong>al Socialista,<br />

realizado em Estocolmo dois meses mais tarde que marcaram de forma decisiva o<br />

início do processo de mudança de rumo.<br />

O c<strong>on</strong>gresso da Internaci<strong>on</strong>al Socialista revelou profundos c<strong>on</strong>flitos de interesse entre<br />

os principais membros europeus e os não-membros c<strong>on</strong>vidados do Terceiro Mundo, nomeadamente<br />

entre o Partido Trabalhista britânico e a ZANU e a ZAPU do Zimbabué.<br />

C<strong>on</strong>tudo, as posições assumidas pelo Partido Social Democrata sueco foram altamente<br />

tidas em c<strong>on</strong>sideração, o que motivou o presidente da FRELIMO, Eduardo M<strong>on</strong>dlane,<br />

a sugerir que ”as boas relações entre o partido e muitos partidos socialistas africanos,<br />

especialmente das regiões este e austral de África, têm de ser estimuladas”. A proposta foi<br />

levada à prática sob a liderança do secretário do Partido Social Democrata Sten Anderss<strong>on</strong><br />

e de Pierre Schori que, em 1965, tinha entrado para a comissão naci<strong>on</strong>al do partido.<br />

O Partido Social Democrata, que tradici<strong>on</strong>almente tinha tido em c<strong>on</strong>ta, para a sua<br />

orientação internaci<strong>on</strong>al, os princípios seguidos pelo Partido Trabalhista britânico e pelos<br />

membros mais proeminentes da Internaci<strong>on</strong>al Socialista, enveredou num curso pela entrada<br />

nos não alinhado, estabelecendo relações directas com os movimentos de libertação<br />

fora da Internaci<strong>on</strong>al. No ano seguinte, em Outubro de 1967, o partido criou um fundo<br />

internaci<strong>on</strong>al para a solidariedade, no intuito de ”se dotar dos meios para poder ajudar<br />

organizações e movimentos de libertação irmãos de países pobres e oprimidos”.<br />

A inflexão relativamente ao passado recente e cauteloso do partido foi feita ao nível<br />

da formulação da políticas, reflectindo-se num c<strong>on</strong>junto de artigos escritos pela geração<br />

mais jovem de sociais democratas. A liderança do partido, para resp<strong>on</strong>der às crescentes<br />

críticas tinha lançado, numa reacção defensiva, a brochura A África do Sul e nós, no Out<strong>on</strong>o<br />

de 1965. Três anos mais tarde Pierre Schori, então secretário internaci<strong>on</strong>al do Partido<br />

Social Democrata, tomou a ofensiva num artigo publicado no jornal do partido, com o<br />

título ”Os movimentos de libertação e nós”, no qual explicava a reviravolta operada e antevia<br />

a histórica declaração do Ministro dos Negócios Estrangeiros Torsten Nilss<strong>on</strong>, em<br />

Dezembro de 1968, em que se anunciava que o governo sueco estava ”em c<strong>on</strong>tacto com<br />

um c<strong>on</strong>junto de líderes de movimentos de libertação africanos” e que estava ”preparado<br />

para ajudar, da mesma forma que ajudámos a frente de libertação no Vietname do Sul”.<br />

Na era do Vietname, a mudança de rumo da política externa introduzida por Palme<br />

no movimento operário sueco teve paralelo no movimento liberal. Em Novembro de<br />

1968 foi nomeado um grupo de trabalho para elaborar as directrizes do Partido Liberal

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