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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Nota final<br />

mente estreitos com a Suécia. Aquilo que ele viria a descrever como ”abordagem particular<br />

sueca” estava ainda por fazer, nomeadamente ”que o c<strong>on</strong>ceito de emancipação de um<br />

povo não pode reduzir-se a um movimento de protesto, mas tem a ver com o direito de<br />

pequenas nações à autodeterminação. Trata-se de algo que é legítimo e necessário, pelo<br />

que tem de ser apoiado [...] fugindo à tentação de definir o que esse povo deve ser”. 16 A<br />

ajuda humanitária oficial dos anos sessenta c<strong>on</strong>stituiu uma expressão da reacção solidária<br />

c<strong>on</strong>tra o apar<strong>the</strong>id e a opressão, mas ainda não era apoio activo às lutas regi<strong>on</strong>ais pela<br />

libertação. Apesar da crescente pressão da opinião pública e dos apelos regularmente<br />

feitos pelos movimentos de libertação, o governo social democrata, bem como a ”velha<br />

guarda” dos Partidos Centrista e Liberal, acabariam por, nomeadamente, não aprovar um<br />

proposto boicote oficial sueco à África do Sul nem medidas dirigidas c<strong>on</strong>tra Portugal no<br />

seio da EFTA.<br />

As questões do apoio directo aos movimentos de libertação e das sanções unilaterais<br />

c<strong>on</strong>tra a África do Sul tornaram-se candentes em 1965. Às divergências de opinião entre<br />

o primeiro ministro Tage Erlander e o líder do ANC Oliver Tambo, c<strong>on</strong>vidado para as<br />

comemorações do Primeiro de Maio, seguiram-se fortes críticas ao governo social democrata.<br />

Essas críticas vieram do movimento de solidariedade e de políticos liberais, bem<br />

como da Juventude Social Democrata e de vozes importantes da imprensa social democrata.<br />

Num editorial publicado em Junho de 1965 no jornal ideológico do partido dominante,<br />

o Tiden, c<strong>on</strong>cluía-se que ”será necessária uma política social democrata de cariz<br />

mais veemente, recomendada nomeadamente pelas forças mais jovens do partido pois,<br />

caso c<strong>on</strong>trário, os comunistas e os liberais assumirão a iniciativa nestas questões”. A crítica<br />

levou a comissão executiva do partido no poder a emitir um comunicado, publicado<br />

em Outubro de 1965, em forma de folheto e intitulado A África do Sul e nós. A comissão,<br />

apesar de ter declarado que estava” fora de questão fomentar de forma c<strong>on</strong>sciente lutas<br />

armadas raciais num país distante, independentemente do nosso grau de empatia para<br />

com as vítimas da opressão” e reafirmado que ”qualquer decisão sobre sanções ec<strong>on</strong>ómicas<br />

tem de ser tomada pelo C<strong>on</strong>selho de Segurança das Nações Unidas”, não c<strong>on</strong>seguiu<br />

c<strong>on</strong>tudo satisfazer a opinião pública solidária sueca.<br />

Olof Palme, que ainda não era membro de pleno direito do comité executivo do<br />

partido no poder, já tinha por esta altura dado o seu primeiro grande c<strong>on</strong>tributo público<br />

para o que viria a ser descrito como ”uma reviravolta total do Partido Social Democrata<br />

e do movimento operário sobre uma questão ideologicamente fundamental”, 17 ou seja,<br />

a política relativa à libertação naci<strong>on</strong>al no Terceiro Mundo. Desempenhando funções de<br />

Ministro dos Negócios Estrangeiros durante as férias de verão, usou, em Julho de 1965,<br />

da palavra durante o c<strong>on</strong>gresso dos sociais democratas em Gävle e declarou que ”os valores<br />

morais fundamentais do socialismo democrático fazem com que seja nossa obrigação<br />

colocarmo-nos ao lado dos oprimidos c<strong>on</strong>tra os opressores, do lado dos pobres e dos<br />

desemparados c<strong>on</strong>tra os que os exploram e os seus mestres”.<br />

O famoso discurso de Palme na cidade de Gävle, que provocou uma reacção muito<br />

forte da oposição não-socialista e um grande debate de política externa, foi inspirado<br />

pelos ac<strong>on</strong>tecimentos no Vietname 18 e tem sido c<strong>on</strong>siderado como o p<strong>on</strong>to de partida<br />

16. Entrevista com Thabo Mbeki, p. 153.<br />

17. Anderss<strong>on</strong> em Huldt e Misgeld (eds.) op. cit., p. 97.<br />

18. Só no final do seu discurso é que Palme fez referência explícita ao Vietname, declarando ”pois é do Vietname que<br />

tenho sobretudo estado a falar”, frase que acrescentou à última da hora ao discurso (Elmbrant op. cit., p. 60).<br />

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