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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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MPLA de Angola: Um caminho mais difícil<br />

o representante em L<strong>on</strong>dres do movimento, Jorge Sangumba ”enviara Luís Antunes para<br />

a Suécia” 250 , a partir de <strong>on</strong>de passou a agir em nome do movimento na Escandinávia.<br />

Hagård foi abordado por Antunes pela primeira vez em 1984. 251 O representante da<br />

UNITA deu-lhe ”muito material e tudo foi avançando a partir daí”. 252 Hagård, deputado<br />

do Partido Moderado, ”achou que algo tinha de ser feito e apresentou uma moção ao<br />

Parlamento em Janeiro de 1985”. 253<br />

Nos sete anos que se seguiram, Hagård apresentou anualmente moções c<strong>on</strong>tra a<br />

c<strong>on</strong>cessão de ajuda sueca ao desenvolvimento a Angola, defendo que fosse c<strong>on</strong>cedida<br />

ajuda humanitária à UNITA. 254 De início, agiu em nome pessoal, mas em Janeiro de<br />

1988 já 17 outros deputados c<strong>on</strong>servadores tinham assinado a moção, 255 o que corresp<strong>on</strong>dia<br />

apenas a 5 por cento dos 349 deputados do parlamento sueco, mas representava<br />

quase 25 por cento dos 76 deputados do Partido Moderado. Hagård, que era presidente<br />

h<strong>on</strong>orário dos grupos suecos pró-Angola pró-UNITA lançou, em Julho de 1987, acompanhado<br />

do seu colega do Partido Moderado Göran Allmér, uma campanha chamada<br />

”Ajuda a Angola” 256 . Assim, ele c<strong>on</strong>seguiu c<strong>on</strong>gregar significativos apoios, junto dos c<strong>on</strong>servadores,<br />

para as suas exigências. Esta iniciativa, por sua vez, não recebeu um apoio<br />

inc<strong>on</strong>dici<strong>on</strong>al por parte dos líderes do Partido Moderado, liderado por Carl Bildt. Entrevistado<br />

em 1996, Hagård declarou que<br />

pode dizer-se que eu fui o ”primeiro a agir”. Nunca pedi qualquer tipo de apoio à liderança<br />

no meu partido. [...] Foi muito interessante, porque se gerou quase um c<strong>on</strong>flito entre mim<br />

próprio e o Carl Bildt. Ele disse que a moção não levantava problemas, mas que eu não podia<br />

aceitar muitos signatários porque nesse caso passaria a ser quase uma moção do partido. C<strong>on</strong>tudo,<br />

eu acho que havia uma maioria favorável ao meu posici<strong>on</strong>amento no seio da bancada<br />

parlamentar do Partido Moderado. Muitos colegas vieram ter comigo para me pedir para<br />

serem signatários da moção. [...] Foi algo único, a todos os títulos. 257<br />

250. Entrevista com Miguel N’Zau Puna, p. 26.<br />

251. Entrevista com Birger Hagård, p. 274.<br />

252. Ibid., pp. 274–75.<br />

253. Ibid., p. 275.<br />

254. As moções apresentadas por Hagård foram: Nº 844 em 1984–85, Nº U 213 em 1985–86, Nº U 235 em<br />

1986–87, Nº U 220 em 1987–88, Nº U 233 em 1988–89, Nº U 658 em 1989–90, Nº U 237 em 1990–91 e Nº<br />

U 224 em 1991–92. Já perto do final dos anos setenta, altura em que o Partido Moderado fazia parte da coligação<br />

não-socialista no poder, vários deputados moderados manifestaram-se activamente c<strong>on</strong>tra a política oficial sueca<br />

de apoio humanitário aos movimentos de libertação da África Austral. Em Novembro de 1996, Hagård solicitou<br />

à Comissão Parlamentar C<strong>on</strong>stituci<strong>on</strong>al, de que fazia parte , que analisasse, com efeito retroactivos, se a ajuda oficial<br />

à luta c<strong>on</strong>tra o apar<strong>the</strong>id tinha, ao l<strong>on</strong>go dos anos, sido compatível com os princípios da c<strong>on</strong>stituição (Birger<br />

Hagård: ”Anmälan till K<strong>on</strong>stituti<strong>on</strong>sutskottet”/”Pedido à Comissão Parlamentar C<strong>on</strong>stituci<strong>on</strong>al”, Estocolmo, 5 de<br />

Novembro de 1996, publicado no parlamento sueco/K<strong>on</strong>stituti<strong>on</strong>sutskottets betänkande (”Relatório pela Comissão<br />

Parlamentar C<strong>on</strong>stituci<strong>on</strong>al”), Nº 1997/98: KU 25, Parte II, Estocolmo, 1998, p. 343). De acordo com Hagård,<br />

não houvera, até à data, c<strong>on</strong>trolo parlamentar da Comissão C<strong>on</strong>sultiva sobre Ajuda Humanitária (Entrevista com<br />

Birger Hagård, p. 274). Os seus pedidos foram, c<strong>on</strong>tudo, rejeitados (Parlamento sueco /K<strong>on</strong>stituti<strong>on</strong>sutskottets<br />

betänkande op. cit., Part I, pp. 159–168).<br />

255. Entre os co-signatários c<strong>on</strong>tavam-se Göran Allmér, Elisabeth Fleetwood e Gullan Lindblad. A moção pedia que<br />

o acordo sobre ajuda ao desenvolvimento entre a Suécia e Angola fosse ”terminado logo que possível” e que a ajuda<br />

humanitária fosse canalizada para ”Angola no seu todo, incluindo as z<strong>on</strong>as libertadas pela UNITA” (Parlamento<br />

sueco 1987–88: Moção Nº U 220, Riksdagens Protokoll 1987–88, p. 4).<br />

256. Em sueco, Angola-Hjälpen. A forma como os apoiantes da UNITA de direita usaram, nos anos oitenta, designações<br />

próximas das usadas pelo movimento de solidariedade é notória. O movimento das ONGs organizadas para<br />

a África Austral era representado pelos AGIS, mas a estrutura a favor do apoio à UNITA chamava-se Grupos pró-<br />

Angola da Suécia. No caso da ”Ajuda a Angola”, lançada por Hagård e Allmér, o nome era o mesmo da campanha<br />

criada pelo jornal liberal Expressen, em prol do MPLA, no início dos anos sessenta.<br />

257. Entrevista a Birger Hagård, p. 275. Em 1996, Jorge Valentim, o antigo Secretário para a Informação da UNI-<br />

TA, sublinhou a importância do apoio do Partido Moderado: ”Havia uma tendência na Suécia favorável a uma<br />

253

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