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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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252<br />

Tor Sellström<br />

O traço comum a todos eles era terem sido, ou c<strong>on</strong>tinuarem a ser, membros activos da<br />

Liga Mundial Anti-Comunista (WACL) 244 , uma organização internaci<strong>on</strong>al de organizações<br />

de direita, criada no final dos anos sessenta. 245 Birger Hagård e Bertil Wedin também<br />

tinham ligações antigas à África Austral.<br />

Ao mesmo tempo que presidia à Liga da Juventude do Partido Moderado 246 , entre<br />

1963 e 1965, Hagård foi um membro de topo do Comité Katanga sueco. 247 Wedin, que<br />

mais ou menos nessa mesma altura integrou o c<strong>on</strong>tingente sueco das Nações Unidas para<br />

o c<strong>on</strong>flito no C<strong>on</strong>go, foi recrutado em 1980 pelo oficial dos serviços secretos sul-africanos<br />

Craig Williams<strong>on</strong>, para trabalhar como agente infiltrado remunerado pelo regime do<br />

apar<strong>the</strong>id, em L<strong>on</strong>dres, no início da década. 248<br />

A UNITA, talvez através da WACL e/ou da África do Sul, criou, em meados da década<br />

de oitenta, relações muito próximas com o grupo à volta do C<strong>on</strong>tra. 249 Por essa época,<br />

244. Nilss<strong>on</strong> op. cit., p. 258.<br />

245. Hagård estava presente quando a WACL foi fundada em Taiwan, em 1967 (ibid., p. 143). Entrevistado pelo<br />

jornal regi<strong>on</strong>al Östgöta-Corresp<strong>on</strong>denten em Outubro de 1986, Hagård, na altura deputado do Partido Moderado,<br />

c<strong>on</strong>firmou ter sido p<strong>on</strong>to de c<strong>on</strong>tacto da WACL na Suécia. De acordo com Hagård, ”nós estimulamos a luta c<strong>on</strong>tra<br />

o comunismo, por exemplo, através do apoio que damos aos C<strong>on</strong>tras na Nicarágua, à RENAMO em Moçambique<br />

e à UNITA em Angola” (Jan Hederén: ”Birger Hagård medlem i antikommunistiskt förbund”/”Birger Hagård membro<br />

de uma liga anti-comunista” em Östgöta-Corresp<strong>on</strong>denten, 7 de Outubro de 1986). A WACL foi liderada em<br />

meados dos anos 80 pelo general norte-americano John Singlaub, membro do Covert Acti<strong>on</strong> Staff da CIA, ou seja,<br />

a estrutura que canalizava ajuda militar para a UNITA. Clive Derby-Lewis representava a África do Sul na WACL,<br />

tendo mais tarde sido c<strong>on</strong>denado pelo assassinato do líder do ANC Chris Hani, secretário geral do Partido Comunista<br />

da África do Sul, morto em Abril de 1993. A WACL mudou de nome em 1990, passando a chamar-se Liga<br />

Mundial para a Liberdade e a Democracia (WLFD).<br />

246. Na altura, Högerns Ungdomsförbund (HUF).<br />

247. Entrevista com Birger Hagård, p. 273.<br />

248. C<strong>on</strong>sulte, por exemplo, Leif Kasvi: ”Craig Williams<strong>on</strong> avslöjar sitt hemliga agentnät” (”Craig Williams<strong>on</strong> revela<br />

a sua rede secreta de agentes”) e Lennart Håård: ”Svenske agenten berättar om mötena med Williams<strong>on</strong>” (”Agente<br />

sueco fala sobre as reuniões com Williams<strong>on</strong>”) em Aft<strong>on</strong>bladet, 29 de Setembro de 1996. De acordo com f<strong>on</strong>tes<br />

policiais suecas, Wedin tinha feito c<strong>on</strong>tactos com os serviços secretos sul-africanos nos anos setenta (Viveka Hanss<strong>on</strong><br />

e Annika Folcker: ”Han var en känd Palme-hatare”/”Ele era c<strong>on</strong>hecido pelo seu ódio a Palme” em Expressen, 2 de<br />

Outubro de 1996). C<strong>on</strong>tudo, foi durante uma visita à África do Sul em 1980, pouco depois de Williams<strong>on</strong> ter sido<br />

revelado à IUEF, que o recrutaram para as operações no estrangeiro. Williams<strong>on</strong> c<strong>on</strong>firmou, em Outubro de 1996<br />

que ”recrutei-o e mandei-o para L<strong>on</strong>dres, no âmbito da operação europeia que estava a preparar” (Peta Thornycroft:<br />

”Assassinato de Palme ainda é mistério” em Mail & Guardian, 4–10 de Outubro de 1996). O principal agente de<br />

Williams<strong>on</strong> em L<strong>on</strong>dres era Peter Casselt<strong>on</strong>, também referido em ligação ao assassinato de Palme, que, entre outras<br />

pessoas, tinha dado as informações para o ataque da Rodésia ao campo de Chimoio, da ZANU, em Moçambique, em<br />

Novembro de 1977 (Jacques Pauw: Into <strong>the</strong> Heart of Darkness: C<strong>on</strong>fessi<strong>on</strong>s of Apar<strong>the</strong>id’s Assassins, J<strong>on</strong>athan Ball Publishers,<br />

Joanesburgo, 1997, p. 213–14). Wedin, com o pseudónimo de ”John Wils<strong>on</strong>”, trabalhou em L<strong>on</strong>dres, sob o comando<br />

de Casselt<strong>on</strong>. Em Julho-Agosto de 1982, os dois organizaram os assaltos aos escritórios do ANC em L<strong>on</strong>dres<br />

(que albergavam o ANC da África do Sul e a SWAPO da Namíbia). Casselt<strong>on</strong> foi em seguida preso, tendo Wedin sido<br />

ilibado por um tribunal britânico, fixando-se posteriormente em Chipre, mas c<strong>on</strong>tinuando a escrever para o C<strong>on</strong>tra.<br />

Manteve-se também activo na organização ligada à África do Sul chamada Victism Against Terrorism (VAT)(”Vítimas<br />

C<strong>on</strong>tra o Terrorismo”). C<strong>on</strong>hecido como ”Morgan”, a história de Wedin foi publicada pela primeira vez pelo jornalista<br />

sueco Anders Hasselbohm, em 1995 (Anders Hasselbohm: ”Svensken som spi<strong>on</strong>erade för Sydafrika”/”O sueco<br />

que espiou para a África do Sul” em Vi, Nº 11, 1995, pp. 5–11. Ver também os Nº. 12 e 13, 1995).<br />

249. Mais ou menos na mesma altura, alguns membros destacados de partidos suecos não-socialistas entraram em<br />

c<strong>on</strong>tacto com a UNITA, através de organizações anticomunistas. Foi o caso de Andres Küng, que foi membro do<br />

C<strong>on</strong>selho Naci<strong>on</strong>al do Partido Liberal entre 1982 e 1993. Küng foi presidente da secção sueca da Resistance Internati<strong>on</strong>al<br />

(RI) (”Resistência Internaci<strong>on</strong>al”), que iniciou as suas actividades em Março de 1985 (Nilss<strong>on</strong> op. cit., p.<br />

262). A RI fora criada em Paris em 1982, com o objectivo de ”promover o apoio político, humanitário e material<br />

a movimentos democráticos de resistência” (citado em Anne-Marie Gustafss<strong>on</strong>: ”Liberalt stöd till terror”/”Apoio<br />

liberal ao terror” em Afrikabulletinen, Nº 6, 1985, p. 4). A UNITA e a RENAMO de Moçambique eram membrosfundadores<br />

da Resistência Internaci<strong>on</strong>al, organização que, como o WACL e outras, defendia activamente o apoio aos<br />

C<strong>on</strong>tras da Nicarágua. Entrevistado pelos AGIS em meados de 1985, Küng declarou apoiar as exigências políticas<br />

da UNITA mas, ao mesmo tempo, recusando-se a dissociar-se da RENAMO (”Vad menar du Andres Küng?”/”O<br />

que quer dizer, Andres Küng?” em Afrikabulletinen, Nº 6, 1985, p. 5). Küng recebeu o ”prémio da paz” da C<strong>on</strong>tra<br />

em 1986 (Nilss<strong>on</strong> op. cit., p. 252).

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