Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
250<br />
Tor Sellström<br />
dois anos, o líder da UNITA declarou à British Independent Televisi<strong>on</strong> News que ”a Suécia<br />
está a participar militarmente, ao lado do MPLA, deslocando tropas de Luanda por via<br />
aérea e ajudando os cubanos na guerra c<strong>on</strong>tra nós”. 232 Noutras declarações, Savimbi, na<br />
altura de visita ao Togo, ameaçou ”liquidar” a aer<strong>on</strong>ave sueca. 233<br />
C<strong>on</strong>tinuando com as ameaças, Savimbi escreveu uma extensa carta ao presidente<br />
senegalês, Léopold Senghor, alegando que a aer<strong>on</strong>ave estava a ser usada pelo exército angolano<br />
para combates no Huambo, no centro de Angola. Segundo o líder da UNITA, ”a<br />
Suécia estava enverg<strong>on</strong>hada, porque não sabia o que o governo de Luanda estava a fazer<br />
com o avião”, acrescentando ainda que o governo sueco havia dado mostras de ”desprezo<br />
pelo destino de 3 milhões de angolanos, que estão com a UNITA, interessando-se apenas<br />
pela minoria do MPLA em Luanda e pelos 55.000 refugiados de Katanga”. 234 Disp<strong>on</strong>do<br />
de ligações de grande proximidade com a Internaci<strong>on</strong>al Socialista, Senghor enviou uma<br />
carta a Olof Palme, sublinhando que Savimbi era ”um homem sincero” e que Palme deveria<br />
”iniciar uma investigação nesta matéria”. 235 Uma vez que as declarações de Savimbi<br />
careciam de fundamento decidiu-se, por c<strong>on</strong>senso entre o Partido Social Democrata e o<br />
governo não-socialista, não avançar mais na matéria.<br />
Entra em cena a direita sueca<br />
Savimbi não aband<strong>on</strong>ou a sua aversão à Suécia. Dez anos mais tarde, quando o Partido<br />
Social Democrata já tinha voltado ao poder, 236 e com um grupo de deputados do Partido<br />
Moderado a apoiar activamente a UNITA, passou das palavras à acção. Em Setembro<br />
de 1987, a UNITA fez três cooperantes suecos reféns, tendo um deles sido morto. Durante<br />
as negociações para libertar os restantes dois, a ira de Savimbi estava sobretudo<br />
virada c<strong>on</strong>tra Pierre Schori, o subsecretário de estado do Partido Social Democrata para<br />
os Negócios Estrangeiros que, vinte anos antes, tinha recebido o líder da UNITA na<br />
Suécia. No pico da guerra fria, a acção da UNITA introduziu novas dimensões naci<strong>on</strong>ais<br />
e internaci<strong>on</strong>ais na presença da Suécia na África Austral. Mais do que qualquer outro<br />
ac<strong>on</strong>tecimento isolado, à excepção talvez da operação que impediu que a África do Sul<br />
se infiltrasse no IUEF em finais da década de setenta, o rapto e os ac<strong>on</strong>tecimentos que<br />
se lhe seguiram, sublinharam que os cooperantes e os projectos suecos estavam l<strong>on</strong>ge de<br />
serem imunes a ataques. 237 Revelaram também que a UNITA e a África do Sul tinham<br />
232. Transcrição da entrevista de Michael Nichols<strong>on</strong> a J<strong>on</strong>as Savimbi para a Independent Televisi<strong>on</strong> News, apenso a<br />
carta (”UNITA-ledaren Savimbis uttalande om det svenska Hercules-planet i Angola”/”A declaração de Savimbi,<br />
líder da UNITA, sobre o avião Hércules sueco em Angola”) da Embaixada da Suécia em L<strong>on</strong>dres para o Ministério<br />
dos Negócios Estrangeiros, L<strong>on</strong>dres, 20 de Outubro de 1977 (MFA).<br />
233. Anders Johanss<strong>on</strong>: ”Sabotagevakt på hjälpplanet” (”Defesa c<strong>on</strong>tra sabotagem no avião usado para prestar assistência”),<br />
em Dagens Nyheter, 14 de Outubro de 1977.<br />
234. Carta de J<strong>on</strong>as Savimbi a Léopold Senghor, Kinshasa, 27 de Outubro de 1977; original em francês (enviado à<br />
Filial do ACNUR em Luanda. Colecção privada do autor).<br />
235. Carta de Léopold Senghor a Olof Palme, Dakar, 17 de Novembro de 1977; original em francês (enviado à filial<br />
do ACNUR em Luanda. Colecção privada do autor).<br />
236. Acabando com seis anos de governação não-socialista, o Partido Social Democrata venceu as eleições legislativas<br />
em Setembro de 1982 e, mais uma vez, em Setembro de 1985. Olof Palme foi assassinado em Fevereiro de<br />
1986, sendo substituído na liderança do partido e no cargo de primeiro ministro por Ingvar Carlss<strong>on</strong>. A seguir às<br />
eleições de Setembro de 1991, formou-se uma coligação governamental não-socialista, integrando o líder do Partido<br />
Moderado, Carl Bildt.<br />
237. Em Dezembro de 1984, Per Martinss<strong>on</strong>, um cooperante sueco c<strong>on</strong>tratado pela ARO, foi morto no sul de<br />
Moçambique pelo MNR, que lutava c<strong>on</strong>tra o governo. O movimento é mais c<strong>on</strong>hecido por RENAMO. Ver ”Mordet<br />
på Per Martinss<strong>on</strong>” (”O assassinato de Per Martinss<strong>on</strong>”), em Afrikabulletinen, Nº 1, 1985, p. 23.