Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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MPLA de Angola: Um caminho mais difícil<br />
na política oficial da Suécia. 218 O governo de Fälldin c<strong>on</strong>cederia pouco depois a Angola<br />
o estatuto de ”país programa” de base. Logo em Maio de 1977, Ullsten visitou Angola,<br />
numa missão de exploração, acompanhado do director geral da ASDI, Michanek. 219 O<br />
primeiro acordo regular e bilateral previu a c<strong>on</strong>cessão de ajuda no valor mínimo de 50<br />
milhões de coroas suecas para o ano fiscal de 1977–78, tendo sido assinado por Paulo<br />
Jorge 220 e, um pouco ir<strong>on</strong>icamente, tendo em c<strong>on</strong>ta a posição anteriormente assumida<br />
pelo Partido Liberal, por Ullsten. 221 Na área não-militar, a Suécia passaria, a partir daí,<br />
a ser o maior doador de Angola, c<strong>on</strong>tribuindo com mais de 40 por cento do total da<br />
ajuda bilateral dada ao país, por volta de finais da década de oitenta. 222 A ajuda a Angola<br />
incluía ajuda inicial de emergência, e o valor total de ajuda, para o período entre<br />
1975–76 e 1994–95 chegou, a preços fixos (1995), a um total de 3,9 mil milhões de<br />
coroas suecas. 223<br />
Tal como havia ac<strong>on</strong>tecido com a Guiné-Bissau e com Moçambique, as relações anteriormente<br />
estabelecidas com o movimento naci<strong>on</strong>alista, durante a luta de libertação, deram<br />
a possibilidade ao governo não-socialista de ver para além da clivagem da guerra fria<br />
entre Leste e Ocidente, tendo também em c<strong>on</strong>sideração a situação, mais complexa, de<br />
Angola. A Suécia desempenhou um papel único, no c<strong>on</strong>texto dos países ocidentais, em<br />
Angola. O governo de Fälldin, do qual fazia parte, na qualidade de parceiro minoritário,<br />
o Partido Moderado, de tendência c<strong>on</strong>servadora, deu c<strong>on</strong>tinuidade, em finais dos anos<br />
setenta, à política de ajuda oficial iniciada em 1971 pelos seus antecessores do Partido<br />
Social Democrata, mas também procedeu ao aprofundamento dessa mesma política, o<br />
que, por sua vez, teve como c<strong>on</strong>sequência aproximar a Suécia da África Austral. Num<br />
discurso proferido no Centro de Estudos Estratégicos e Internaci<strong>on</strong>ais, na Universidade<br />
de Georgetown em Washingt<strong>on</strong>, nos Estados Unidos da América, a Ministra dos Negó-<br />
218. O Partido Liberal foi favorável ao apoio, tanto à FNLA quanto ao MPLA, mas havia quem pedisse com muita<br />
veemência, no seio do movimento liberal sueco mais lato, que só o último fosse apoiado. Após a proclamação da<br />
independência de Angola, o jornal liberal teórico Liberal Debatt dava nota num editorial do facto de ”o FNLA e<br />
a UNITA c<strong>on</strong>siderarem os seus objectivos perfeitamente compatíveis com ajuda dos mercenários portugueses e de<br />
forças sul-africanas regulares”. Nesta situação, o jornal declarava que ”o governo do MPLA em Luanda parece ser o<br />
único representante legítimo da Angola livre”, c<strong>on</strong>cluindo com o seguinte apelo: ”A ajuda sueca à luta de libertação<br />
do povo angolano não pode ser interrompida neste momento decisivo. Nenhuma subtileza diplomática pode desculpar<br />
o fim da manifestação de solidariedade da Suécia. Rec<strong>on</strong>heçam o novo governo em Luanda! Apoiem o MPLA!”<br />
(”Stöd MPLA!”/”Apoiem o MPLA!” em Liberal Debatt, Nº 8, 1975, p. 3).<br />
219. Ministério dos Negócios Estrangeiros: Memorando (”Sverige-Angola”/”Suécia-Angola”), Departamento de<br />
Política, Estocolmo, 17 de Abril de 1978 (MFA).<br />
220. Paulo Jorge foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros em Novembro de 1976, cargo que ocupou até<br />
1984.<br />
221. Paulo Jorge declarou mais tarde que tinha ficado ”satisfeito” pelo facto de ”o primeiro acordo entre Angola<br />
independente e a Suécia ter sido assinado por mim e pelo Ministro do Partido Liberal” (Entrevista com Paulo Jorge,<br />
p. 17).<br />
222. Inge Tvedten: Análise do País: Angola, ASDI, Estocolmo, 1992, p. 81. Até ao final da década de oitenta, a maior<br />
parte da ajuda sueca foi canalizada para os sectores da pesca e da saúde, bem como para a ajuda em géneros. Do total<br />
da ajuda oficial ao desenvolvimento destinada a Angola, ou seja, de f<strong>on</strong>tes bilaterais e multilaterais, a c<strong>on</strong>tribuição<br />
sueca foi, em 1989, de aproximadamente 25 por cento (ibid.).<br />
223. ASDI op. cit., p. 24. Era notório que a situação em Angola em 1998 voltou a unir os AGIS à liderança histórica<br />
do MPLA. Em Maio de 1998, a União dos Estudantes do Ensino Secundário suecos levou a cabo a ”Operação um<br />
dia de trabalho” em prol das crianças e das escolas angolanas. A ajuda foi dada, na prática, pelos AGIS, em colaboração<br />
com a ONG angolana ADRA (Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente). Na preparação para a<br />
campanha dos estudantes do secundário, os Grupos de África c<strong>on</strong>vidaram Lúcio Lara para uma visita à Suécia. Em<br />
Outubro de 1997, o veterano líder do MPLA fez uma digressão pelo país, com outra activista, também bastante<br />
experiente, Hillevi Nilss<strong>on</strong>. Por coincidência, a digressão teve lugar vinte e seis anos depois da visita de Lara à Suécia<br />
e dos primeiros c<strong>on</strong>tactos directos com o MPLA, na parte ocidental da Zâmbia. Foi a questão do apoio sueco à<br />
escola do MPLA em Dolisie (C<strong>on</strong>go-Brazzaville) o tema que, em Novembro de 1971 trouxe Lara à Suécia e foram as<br />
actividades do MPLA na área educativa, na frente leste, que muito impressi<strong>on</strong>aram Nilss<strong>on</strong> em Julho de 1971.<br />
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