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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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246<br />

Tor Sellström<br />

fracassar. A 16 de Setembro de 1976, uma semana antes de o Partido Social Democrata<br />

perder as eleições legislativas na Suécia, Kissinger escreveu, apesar desse fracasso, uma<br />

carta a Palme, agradecendo-lhe ”a ajuda dada ao fazer um trabalho de base para um diálogo<br />

com o governo de Angola. [...] Tendo em c<strong>on</strong>ta o respeito granjeado pela Suécia no<br />

Terceiro Mundo, a sua cooperação tem sido útil e muito apreciada”. 213<br />

Ao mesmo tempo que eram realizados estes esforços multilaterais, foi aberta uma<br />

representação oficial sueca em Luanda 214 e várias delegações oficiais visitaram Angola<br />

para debater o relaci<strong>on</strong>amento bilateral futuro entre os dois países, incluindo a questão<br />

da ajuda para o desenvolvimento. 215 Tal como se verificou no caso de Moçambique, foi<br />

levantada neste c<strong>on</strong>texto a questão do apoio aos movimentos de libertação da África<br />

Austral que foram acolhidos no novo país independente, nomeadamente a SWAPO da<br />

Namíbia, o ANC da África do Sul e a ZAPU do Zimbabué. Em Junho de 1976, Paulo<br />

Jorge explicou aos representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da ASDI<br />

que ”nada impedia qualquer um dos movimentos apoiados pela Suécia de receber mercadorias<br />

em Angola”. 216 Pouco tempo depois, começaram a ser feitas entregas de ajuda<br />

humanitária sueca à SWAPO e ao ANC em Angola.<br />

C<strong>on</strong>tinuidade não-socialista e a UNITA<br />

Em Setembro de 1976, o Partido Social Democrata perdeu as eleições legislativas para<br />

uma coligação não-socialista, liderada pelo presidente do Partido do Centro, Thorbjörn<br />

Fälldin. Karin Söder, do Partido do Centro, foi nomeada Ministra dos Negócios Estrangeiros<br />

e Ola Ullsten, do Partido Liberal, Ministro para a Cooperação Internaci<strong>on</strong>al para<br />

o Desenvolvimento. Uma vez que os partidos não-socialistas, nomeadamente por intermédio<br />

de Fälldin e Ullsten, tinham, durante muitos anos, reivindicado o apoio sueco à<br />

FNLA, Angola tinha razões bem fundamentadas para se preocupar com o relaci<strong>on</strong>amento<br />

com o seu principal apoiante no Ocidente. 217 C<strong>on</strong>tudo, não houve qualquer alteração<br />

213. Carta de Henry Kissinger a Olof Palme, (sem indicação de local), 16 de Setembro de 1976 (MFA). Ao discutir<br />

os agentes e os ac<strong>on</strong>tecimentos que levaram à crise angolana de 1975–76, Kissinger escreveu, vinte anos mais tarde,<br />

que J<strong>on</strong>as Savimbi ”teria aceite apoio viesse ele de <strong>on</strong>de viesse, o que, no seu caso foi, durante muito tempo, da<br />

China e, em menor grau, de admiradores na Escandinávia, sobretudo na Suécia” (Henry Kissinger: Years of Renewal,<br />

Sim<strong>on</strong> & Schuster, Nova Iorque, 1999, p. 794). Relativamente à Suécia, a declaração feita pelo antigo secretário de<br />

estado norte-americano é inexacta. Só em meados da década de oitenta é que um grupo de suecos de direita manifestou<br />

o seu apoio político à UNITA. Não há provas de a organização de Savimbi ter recebido, durante a primeira<br />

metade dos anos setenta, ajuda material ou financeira oriunda de f<strong>on</strong>tes suecas.<br />

214. Em Outubro de 1976 foi aberta uma Embaixada da Suécia.<br />

215. Anders Bjurner: Memorando (”Samtal med Paulo Jorge, president Netos utrikespolitiske rådgivare”/”C<strong>on</strong>versa<br />

com Paulo Jorge, c<strong>on</strong>selheiro do presidente Neto para a área da política externa”), Embaixada da Suécia, Luanda,<br />

12 de Maio de 1976 (MFA).<br />

216. Ann Wilkens: Memorandum (”Samtal med Paulo Jorge om stöd till befrielserörelser verksamma i Angola”/<br />

”C<strong>on</strong>versa com Paulo Jorge sobre ajuda aos movimentos de libertação activos em Angola”), Ministério dos Negócios<br />

Estrangeiros, Estocolmo, 23 de Junho de 1976 (MFA). A reunião com Paulo Jorge teve lugar em Luanda, a 10 de<br />

Junho de 1976. Tiveram também lugar reuniões com os representantes do ANC em Luanda, Cassius Make and<br />

Max Moabi (ibid.). Paralelamente às c<strong>on</strong>versações com Schori, Neto c<strong>on</strong>firmou, em meados de Junho de 1976 que<br />

”Angola deu à SWAPO bases, <strong>on</strong>de eles mantêm um número elevado de forças armadas” (Pierre Schori: Memorando<br />

”Samtal i Luanda den 15–17 juni 1976”/”C<strong>on</strong>versas em Luanda, 15–17 de Junho de 1976”, Gabinete do C<strong>on</strong>selho<br />

de Ministros, Estocolmo, 23 de Junho de 1976) (LMA). Schori também se enc<strong>on</strong>trou com representantes do ANC,<br />

da SWAPO e da ZAPU durante a sua visita.<br />

217. Em debates com Rui Mateus, do Partido Socialista português, Neto expressou, em princípios de Setembro<br />

de 1976, a sua preocupação quanto a uma possível derrota dos social democratas nas eleições suecas (Telegrama da<br />

Embaixada da Suécia em Portugal para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lisboa, 6 de Setembro de 1976)<br />

(MFA).

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