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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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24<br />

Tor Sellström<br />

das empresas suecas estabelecidas em Portugal tinham já iniciado a produção. Os seus<br />

investimentos combinados calculavam-se em 310 milhões de coroas suecas 15 e o número<br />

total de empregados r<strong>on</strong>dava os 4.600. 16 Por outro lado, a implantação de empresas de<br />

produção suecas teve um reflexo imediato nas trocas comerciais. Enquanto a quota de<br />

Portugal nas exportações suecas tinha aumentado para apenas 0,6 por cento em 1970,<br />

do lado das importações verificava-se uma diferença marcada, quando comparada com<br />

a década anterior. Em termos relativos, as importações suecas de produtos portugueses<br />

quase triplicaram entre 1960 e 1970, passando de 0,3 por cento para 0,8 por cento. Em<br />

números absolutos, o aumento foi mais acentuado, passando de 51,8 milhões de coroas<br />

suecas para 291,5 milhões. 17 A parte mais importante deste desenvolvimento era dada<br />

pelas empresas têxteis e de c<strong>on</strong>fecções suecas em Portugal.<br />

A mais significativa penetração ec<strong>on</strong>ómica das empresas suecas 18 estava limitada à<br />

metrópole e não abarcava as dependências portuguesas em África. Ainda assim, a c<strong>on</strong>tradição<br />

entre o apoio à causa naci<strong>on</strong>alista em Angola, na Guiné-Bissau e em Moçambique<br />

e a relação ec<strong>on</strong>ómica entre a Suécia e Portugal, que se iniciou nos anos 60, passou a ser<br />

um elemento de destaque neste debate. A adesão de Portugal à EFTA era um dos p<strong>on</strong>tos<br />

mais debatidos, sobretudo pelos deputados do Partido Liberal. Logo em Julho de 1961,<br />

um influente grupo de jovens liberais publicou uma carta aberta ao governo sueco, exigindo<br />

que Portugal fosse expulso da EFTA:<br />

Este grupo de jovens liberais vem protestar c<strong>on</strong>tra a passividade do governo sueco em relação à<br />

ditadura em Portugal e à sua opressão col<strong>on</strong>ial. Fica agora claro para todos que os ”distúrbios”<br />

relatados em Angola são, na realidade, uma guerra entre um movimento de libertação naci<strong>on</strong>al<br />

e uma minoria branca. Ao aceitar a entrada de Portugal na EFTA, a Suécia vem dar tanto apoio<br />

moral como apoio ec<strong>on</strong>ómico indirecto à opressão, bloqueando assim a luta pela liberdade.<br />

[...] Repudiar e isolar de forma clara o repugnante regime salazarista viria auxiliar de forma<br />

decisiva o movimento de libertação em Angola e dem<strong>on</strong>strar que os ideais de Portugal não são<br />

os mesmos do mundo ocidental. 19<br />

Uma semana depois, a União de Estudantes Social Democratas juntou a sua voz à causa<br />

liberal, apesar de limitar as suas exigências a um protesto geral c<strong>on</strong>tra as políticas portuguesas<br />

em Angola. 20 No entanto, enquanto o governo social democrata defendia que a<br />

EFTA não era o palco adequado para tomar medidas c<strong>on</strong>tra Portugal, o regime português<br />

acabou por reagir ao coro crescente de críticas suecas. 21 Por exemplo, no seguimento de<br />

15. O total dos investimentos suecos em Portugal em 1965 calculava-se em 15 milhões de coroas suecas.<br />

16. Björnss<strong>on</strong> op. cit., pp. 13–20; AGIS (1972) op. cit., pp. 182–185; e Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin, No.<br />

15–16, 1972, pp. 56–M.<br />

17. Statistiska Centralbyrån: Utrikeshandel 1970, Volym II, Estocolmo, 1972.<br />

18. Através de Portugal (e da África do Sul), várias empresas suecas tinham aberto lojas em Angola e Moçambique.<br />

19. ”Portugal ur EFTA!” (”Portugal fora da EFTA!”) em Dagens Nyheter, 1 de Julho de 1961. Esta carta foi assinada,<br />

entre outras individualidades, por Per Ahlmark, presidente da Liga da Juventude do Partido Liberal (FPU), Ernst<br />

Klein, Primeiro Vice Presidente da FPU, Gabriel Romanus, secretário da FPU, Björn Beckman, presidente da União<br />

de Estudantes Liberais, e pela jornalista Eva Moberg, que viria posteriormente a formar o grupo sueco da Amnistia,<br />

que viria a ”adoptar” o líder do Zimbabué, Robert Mugabe. Per Ahlmark, que foi eleito deputado liberal em 1967,<br />

viria a fazer campanha, durante toda a década de 60, c<strong>on</strong>tra a adesão de Portugal à EFTA (ver, por exemplo, ”I Lissab<strong>on</strong><br />

där blundar de .. .”/”Em Lisboa fecham os olhos .. .” em Expressen, 27 de Outubro de 1966 e ”Sluta hyckla!”<br />

/”Chega de hipocrisia!”, em Expressen, 9 de Maio de 1968).<br />

20. Expressen, 9 de Julho de 1961.<br />

21. Em Setembro de 1966, ao regressar de um seminário internaci<strong>on</strong>al no Brasil c<strong>on</strong>tra o apar<strong>the</strong>id, Per Wästberg foi<br />

detido e expulso de Portugal (Dagens Nyheter, 3 de Outubro de 1966). Destino igual viria também a ter Pierre Schori<br />

em 1969, enquanto visitava Portugal como representante da Internaci<strong>on</strong>al Socialista (SAP: ”Verksamhetsberättelse<br />

1969”/Relatório anual 1969”, p. 93) (LMA).

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