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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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MPLA de Angola: Um caminho mais difícil<br />

durante a c<strong>on</strong>ferência reflectimos na necessidade de estreitar os laços que unem as nossas duas<br />

organizações, uma vez que os nossos países estão ambos fadados a criar importantes ligações<br />

de cooperação em áreas de interesse comum. As relações que actualmente existem fazem prever<br />

o bom desenvolvimento dessa cooperação. Não somos da opinião que certos mal-entendidos<br />

com o MPLA, ao nível da missão diplomática sueca em Lusaca tenham afectado o bom relaci<strong>on</strong>amento<br />

criado em Estocolmo e noutros locais. 173<br />

Aproveitando as comemorações do décimo aniversário da independência da Zâmbia,<br />

Neto enc<strong>on</strong>trou-se um mês depois com o Ministro sueco dos Transportes e Comunicações,<br />

Hans Gustafss<strong>on</strong> e, no princípio de Dezembro de 1974, Palme resp<strong>on</strong>deu formalmente<br />

ao presidente do MPLA. Apesar de amistosa 174 e correcta, nessa carta não<br />

se debatia o assunto das relações entre o MPLA e o Partido Social Democrata, nem<br />

a questão das futuras relações bilaterais com Angola. Em vez disso, a carta chamava a<br />

atenção para a questão da ajuda sueca ao MPLA, questão de que Neto também falara<br />

na sua carta, sublinhando ”ser necessário realizar novas c<strong>on</strong>versações, de índole prática,<br />

sobre este assunto”. 175 Tal como foi anteriormente dito, as c<strong>on</strong>sultas oficiais sobre a ajuda<br />

realizaram-se em Lusaca na semana seguinte.<br />

Tendo uma relação de grande proximidade com Mário Soares” 176 , com o Partido<br />

Socialista e simultaneamente seguindo os acompanhamentos em Angola, na Guiné-<br />

-Bissau e em Moçambique, Palme e o partido no poder daria, em 1974–75, uma atenção<br />

especial à situação em Portugal. Em Maio de 1974, apenas duas semanas depois do golpe<br />

liderado pelo MFA, deslocou-se a Lisboa uma delegação dos movimentos de trabalhadores<br />

nórdicos. Em princípios de Outubro de 1974, logo após a partida do General<br />

Spínola, o Partido Social Democrata lançou uma campanha de solidariedade, em c<strong>on</strong>junto<br />

com as forças democráticas portuguesas e, no final desse mês, Palme deslocou-se a<br />

esse país. 177 Essa visita incluiu enc<strong>on</strong>tros com Rosa Coutinho do MFA e com o Ministro<br />

dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares. A situação política em Portugal, na altura, era<br />

problemática, também devido ao processo de descol<strong>on</strong>ização e à chegada de milhares de<br />

portugueses retornados de África. Respeitando o papel de Portugal nas negociações com<br />

os movimentos de libertação, Schori comentaria depois que<br />

era inevitável que Portugal tivesse de assumir a resp<strong>on</strong>sabilidade pelas dezenas de milhar de<br />

portugueses [...] A situação política em Portugal era difícil e poderia ter-se virado c<strong>on</strong>tra o<br />

governo, provocando o regresso dos c<strong>on</strong>servadores ao poder. Foi uma questão naci<strong>on</strong>al, interna<br />

de Portugal e percebemos perfeitamente essa situação. O que tentámos fazer foi c<strong>on</strong>gregar<br />

as diferentes partes de Portugal e das colónias. Para tal, servi pessoalmente, várias vezes, de<br />

intermediário, enviando mensagens a uma e outra partes, de e para Soares e alguns líderes<br />

africanos, e penso que foi um trabalho importante. [...] C<strong>on</strong>fiei em ambas as partes e Mário<br />

Soares esforçou-se muito para que tudo corresse pelo melhor. 178<br />

Depois do acordo para a independência de Angola, assinado no Alvor (Portugal) a 15<br />

173. Carta de Agostinho Neto a Olof Palme, Lusaca, 25 de Setembro de 1974; original em francês (MFA).<br />

174. Palme dirigia-se a Neto como ”caro amigo”.<br />

175. Carta de Olof Palme a Agostinho Neto, Estocolmo, 3 de Dezembro de 1974; original em francês (MFA).<br />

176. Resp<strong>on</strong>sável pelas negociações de descol<strong>on</strong>ização, Soares foi Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo<br />

pós-Caetano, de 1974 a 1975. Para mais informações sobre as relações da FRELIMO, do MPLA e da UNITA com<br />

Mário Soares e o Partido Socialista português, leia as entrevistas com Marcelino dos Santos (pp. 51–52), Lúcio Lara<br />

(pp. 19–20) e Jorge Valentim (p. 35).<br />

177. Para mais informações sobre o Partido Social Democrata sueco e Portugal, c<strong>on</strong>sulte Pierre Schori: Dokument<br />

Inifrån: Sverige och storpolitiken i omvälvningarnas tid (”Documentos internos: A Suécia e a grande política na era das<br />

rebeliões”), Tidens Förlag, Estocolmo, 1992, pp. 221–50.<br />

178. Entrevista com Pierre Schori, p. 334.<br />

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