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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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MPLA de Angola: Um caminho mais difícil<br />

”acordos anteriormente celebrados pelo MPLA” 146 , a decisão, já nessa altura, tinha sido<br />

ultrapassada pelos ac<strong>on</strong>tecimentos políticos relativos à colónia portuguesa. Os Acordos<br />

do Alvor foram assinados por Portugal, a FNLA, o MPLA e a UNITA, a 15 de Janeiro<br />

de 1975. Dando cumprimento aos acordos, duas semanas depois foi c<strong>on</strong>stituído um<br />

governo transitório, que integrava as quatro partes, dotado de poderes para preparar a<br />

independência total de Angola até 11 de Novembro de 1975. A decisão tomada pelo<br />

governo social democrata sueco foi, tendo em c<strong>on</strong>ta este pano de fundo, alvo de fortes<br />

críticas por parte dos partidos na oposição, argumentando estes que tal movimentação<br />

c<strong>on</strong>stituía uma ingerência indevida em favor dum dos actores políticos, num processo<br />

particularmente sensível. 147<br />

Quando se c<strong>on</strong>seguiu tomar a decisão já o MPLA tinha transferido as suas estruturas<br />

para Luanda. 148 Os detalhes técnicos pendentes e outras questões relaci<strong>on</strong>adas com o pacote<br />

de ajuda não puderam ser resolvidos em Lusaca nem em Dar es Salaam. 149 Uma vez<br />

que o acordo previa a aquisição local de vários artigos, e não havia representação oficial<br />

sueca em Angola, não foi possível dar resposta às necessidades humanitárias urgentes, na<br />

área da alimentação e da saúde. Para resolver o problema, o departamento de compras da<br />

ASDI estabeleceu ”profundos c<strong>on</strong>tactos” com várias empresas em Angola 150 , mas viu-se<br />

forçado a c<strong>on</strong>cluir, em Maio de 1975, que o ”resultado fora altamente frustrante. Ou as<br />

respostas não chegavam ou não eram disp<strong>on</strong>ibilizadas mercadorias”. 151 Por volta de meados<br />

de 1975, tinham sido adquiridos veículos e alimentos no valor total de pouco mais<br />

146. Ibid.<br />

147. O debate a favor ou c<strong>on</strong>tra a ajuda oficial ao MPLA veio para a primeira página dos principais jornais suecos.<br />

Por exemplo, em Fevereiro-Março de 1975, o diário liberal Dagens Nyheter publicou uma troca de p<strong>on</strong>tos de vista<br />

entre o escritor Per Wästberg, membro do Comité C<strong>on</strong>sultivo de Ajuda Humanitária, e David Wirmark do Partido<br />

Liberal. Wästberg estivera em visita a Angola nos primeiros meses de 1975. Estava ”impressi<strong>on</strong>ado com a organização<br />

e a disciplina do MPLA e assustado com o militarismo superficial e propagandístico, bem como os gastos<br />

desc<strong>on</strong>trolados da FNLA”. Wästberg descreveu o MPLA como um movimento ”independente no seu socialismo<br />

africano”, e os seus membros como ”não sendo fundamentalmente soldados, mas trabalhadores, camp<strong>on</strong>eses e<br />

intelectuais com formação ideológica, que sabem porque lutam e têm uma visão da sociedade que pretendem c<strong>on</strong>struir.<br />

[...] O meu coração e intelecto estão por isso com o MPLA” (Per Wästberg: ”Stödet till Angola”/”O apoio a<br />

Angola” em Dagens Nyheter, 21 de Fevereiro de 1975). Wirmark, que, desde 1974, vinha criticando o governo sueco<br />

por ”sabotar de forma flagrante os esforços de unificação da OUA, ao c<strong>on</strong>ceder apoio exclusivamente ao MPLA”<br />

(David Wirmark: ”Sverige saboterar OUA?”/ ”A Suécia sabota a OUA?” em Göteborgs-Posten, 11 de Abril de 1974),<br />

era, apesar disso, da opinião que ”não cabe à Suécia escolher movimentos”. Tendo relações estreitas com Holden<br />

Roberto, via a FNLA como um genuíno movimento de libertação, merecedor da ajuda sueca, acrescentando à sua<br />

argumentação que a ajuda poderia ”possivelmente” ser dada também à UNITA (David Wirmark: ”Inte vår sak att<br />

välja mellan rörelserna!”/”Não nos cabe escolher os movimentos!” em Dagens Nyheter, 5 de Março de 1975). Rebatendo<br />

l<strong>on</strong>gamente as opiniões, Wästberg acabou por comentar que ”a Suécia tem apoiado o MPLA ao l<strong>on</strong>go dos<br />

últimos dez anos. Estou c<strong>on</strong>victo de que nós, para utilizar as palavras do Partido Liberal, não estaríamos a ajudar<br />

”toda a população e a nação no seu todo” se transferíssemos parte da nossa ajuda para putschistas e terroristas” (Per<br />

Wästberg: ”Sverige har rätt att välja sida!”/”A Suécia tem o direito de tomar uma posição!” em Dagens Nyheter, 11<br />

de Março de 1975).<br />

148. Lúcio Lara regressou a Luanda em Dezembro de 1974 e, a 4 de Fevereiro de 1975, vinte e quatro anos depois<br />

da revolta de 1961, Agostinho Neto foi recebido por centenas de milhar de pessoas na capital angolana.<br />

149. Ao mesmo tempo, um c<strong>on</strong>junto de iniciativas descoordenadas do MPLA na Tanzânia e na Zâmbia complicaram<br />

a situação. Por exemplo, em Março de 1975, Pedro Petroff, o representante do MPLA em Dar es Salaam, fez<br />

uma visita à Embaixada da Suécia e declarou que a proposta agrícola de 1974 de Agostinho Neto para o C<strong>on</strong>go-<br />

Brazzaville, que depois tinha sido transferida para o norte de Angola, deveria agora ser aplicada no enclave de Cabinda<br />

e merecer ajuda (Carta de Anders Möllander ”Samtal med MPLAs Dar es Salaam-representant”/”C<strong>on</strong>versa com<br />

o representante do MPLA em Dar es Salaam” à ASDI, Dar es Salaam, 13 de Março de 1975) (SDA).<br />

150. Garcia Neto visitou a ASDI, proveniente de Angola, em Abril de 1975 (Marianne Sundh: Memorando (”Minnesanteckningar<br />

angående biståndet till MPLA under budgetåret 1974–75”/”Notas relativas à ajuda ao MPLA para<br />

o ano fiscal de 1974–75”), ASDI, Estocolmo, 16 de Setembro de 1975) (SDA).<br />

151. Stig Lövgren: Memorando (”Angående stöd till MPLA 1974–75”/”Informações sobre a ajuda ao MPLA 1974–<br />

75”), ASDI, Estocolmo, 13 de Maio de 1975 (SDA).<br />

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