19.06.2013 Views

Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

MPLA de Angola: Um caminho mais difícil<br />

rec<strong>on</strong>hecidos pela OUA”. 120<br />

O acordo geral acabou por ser aceite pelo governo sueco, não sem antes o fornecimento<br />

da ajuda ter sofrido um novo atraso. Devido à rápida mutação da situação, a<br />

seguir à queda do regime de Caetano 121 , o MPLA fez um pedido à Suécia, no sentido<br />

de serem feitas novas c<strong>on</strong>sultas. 122 Em finais de Setembro de 1974, o presidente Neto<br />

escreveu ao primeiro ministro Palme, explicando que<br />

a situação actual no nosso país requer a aplicação de uma nova estratégia relativamente à ajuda<br />

recebida de certos países amigos, com a intenção de canalizar a ajuda para as z<strong>on</strong>as libertadas<br />

pelo MPLA. [...] Assim que possível enviar-lhe-emos um esquema completo dos planos assim<br />

redefinidos, e anteriormente apresentados. 123<br />

Rumo à independência e ao entendimento<br />

O processo de independência de Angola foi bastante mais complexo e c<strong>on</strong>turbado do que<br />

o da Guiné-Bissau ou de Moçambique. Estando profundamente dividido, o movimento<br />

naci<strong>on</strong>alista, num primeiro momento, não c<strong>on</strong>stituiu ameaça militar suficientemente<br />

forte para forçar imediatamente os portugueses a iniciarem negociações. O PAIGC,<br />

em 1973, intensificou o esforço de libertação na Guiné-Bissau e as forças da FRELI-<br />

MO aceleraram, em 1974, o seu avanço para sul, entrando nas z<strong>on</strong>as dos col<strong>on</strong>os em<br />

Moçambique, mas as campanhas descoordenadas do FNLA, do MPLA e da UNITA em<br />

Angola foram, em larga medida, sustidas pelos portugueses. Em segundo lugar, sendo<br />

incomparavelmente mais rica e com uma comunidade de col<strong>on</strong>os portugueses maior 124 ,<br />

a Junta de Salvação Naci<strong>on</strong>al de Lisboa, liderada pelo General António de Spínola, não<br />

c<strong>on</strong>templou inicialmente a partida de Angola ”do espaço português”. Para Spínola e seus<br />

apoiantes, ”a perda da Guiné foi lamentável, a perda de Moçambique foi trágica, mas o<br />

aband<strong>on</strong>o de Angola era impensável”. 125 Em Setembro de 1974, pouco tempo antes de<br />

se demitir do cargo de presidente da República portuguesa, Spínola avisou os naci<strong>on</strong>alistas<br />

angolanos que teriam de aprender a distinguir ”a linha que separa a libertação da<br />

usurpação”, prevendo que<br />

em breve nascerá no sul do Atlântico um novo estado de língua portuguesa que c<strong>on</strong>stituirá,<br />

com o Brasil e Portugal, o triângulo que fecha um mar, que esculpiu as nossas histórias e que<br />

perpetuará as ligações que, no futuro, mais uma vez, unirão os três países irmãos. 126<br />

Por fim, através das actividades das empresas transnaci<strong>on</strong>ais, como, por exemplo, a Gulf<br />

Oil dos Estados Unidos, a riqueza de Angola aumentaria as ligações do país com a ec<strong>on</strong>omia<br />

global, muito mais do que com as outras colónias portuguesas. Para além das<br />

120. Declaração da Comissão de Coordenação da OUA para a Libertação de África, à Embaixada da Suécia, Dar es<br />

Salaam, 27 de Maio de 1974; original em francês (SDA).<br />

121. A 7 de Setembro de 1974, Portugal e a FRELIMO assinaram os Acordos de Lusaca, que permitiam a transferência<br />

de poder para o movimento de libertação moçambicano, após nove meses de vigência de um governo de<br />

transição.<br />

122. Carta (”Bistånd till MPLA för budgetåret 1974–75”/”Ajuda ao MPLA durante o exercício de 1974–75”) de<br />

Ernst Michanek, director geral da ASDI, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, ASDI, Estocolmo, 27 de Janeiro<br />

de 1975 (SDA).<br />

123. Carta de Agostinho Neto a Olof Palme, Lusaca, 25 de Setembro de 1974; original em francês (MFA).<br />

124. Angola era um grande produtor de petróleo, café, diamantes e minério de ferro. Em 1974 havia cerca de<br />

335.000 col<strong>on</strong>os brancos em Angola, enquanto em Moçambique havia cerca de 200.000 e 2.000 na Guiné-Bissau<br />

(Ciment op. cit., p. 34).<br />

125. Richard A.H. Robins<strong>on</strong>: C<strong>on</strong>temporary Portugal: A history, George Allen e Unwin, L<strong>on</strong>dres, 1979, p. 212.<br />

126. Citado em MacQueen op. cit., p. 169.<br />

231

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!