Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
MPLA de Angola: Um caminho mais difícil<br />
algo nada satisfatório, tanto pela ASDI de Dar es Salaam como na sede da ASDI em<br />
Estocolmo. A seguir a uma reunião com Pedro Petroff, o vice representante do MPLA na<br />
Tanzânia, Olof Milt<strong>on</strong>, o representante indigitado da ASDI escreveu uma carta acutilante<br />
à ASDI em Estocolmo, em finais de Janeiro de 1974, solicitando informações relativas<br />
à situação do pedido do MPLA em Junho de 1973. Na carta acrescenta:<br />
Tanto quanto é do c<strong>on</strong>hecimento do gabinete da ASDI em Dar es Salaam, vários sectores<br />
recomendaram o c<strong>on</strong>gelamento da ajuda ao MPLA, por problemas internos no movimento.<br />
C<strong>on</strong>tudo, dos documentos disp<strong>on</strong>íveis não c<strong>on</strong>sta qualquer c<strong>on</strong>firmação de que, com efeito,<br />
tenham sido tomadas tais medidas [...]. Daí que gostássemos que nos fosse fornecida informação<br />
sobre o assunto, que nos permitisse resp<strong>on</strong>der com c<strong>on</strong>hecimento de causa a perguntas<br />
feitas pelo gabinete do MPLA. 106<br />
A ASDI partilhava essa sua preocupação. Num memorando explicativo de política sobre<br />
a ajuda ao MPLA, a agência de ajuda sublinha, no início de Abril de 1974, que ”a atitude<br />
de esperar para ver, que domina actualmente a posição sueca relativamente ao MPLA<br />
tem de acabar, pois isso nada mais é do que fazer o jogo dos opositores do MPLA”. 107<br />
Acordo e adiamentos<br />
O impasse acabou quando Agostinho Neto, em finais de Abril de 1974, na véspera do<br />
golpe de Lisboa 108 , fez uma visita inesperada a Estocolmo. Na altura, o MPLA estava<br />
muito por baixo, em termos da sua reputação externa. 109 Apesar disso, o presidente do<br />
MPLA foi recebido no Ministério dos Negócios Estrangeiros e na ASDI, <strong>on</strong>de levantou<br />
eloquentemente a questão da ajuda sueca. Decidiu-se então que c<strong>on</strong>tinuava à disposição<br />
do MPLA um valor total não inferior a 3,7 milhões de coroas suecas, relativo a anteriores<br />
acordos bilaterais. Quanto ao ano fiscal de 1974–75, acrescentar-se-ia mais 2,5 milhões,<br />
de um quadro de planeamento total indicativo de 4 milhões de coroas suecas. 110 O total<br />
dos recursos financeiros colocado à disposição do MPLA ascendia assim a 6,2 milhões<br />
de coroas suecas. Indicando preferência por um projecto agrícola no C<strong>on</strong>go-Brazzaville,<br />
por veículos e instalações para reparação dos mesmos, fornecimento de material para os<br />
programas educativo e de saúde do MPLA, bem como alimentos, Neto propôs que futu-<br />
106. Carta de Olof Milt<strong>on</strong> (”MPLAs framställning: Vad har hänt?”/”Pedido do MPLA: O que ac<strong>on</strong>teceu?”) à ASDI,<br />
Estocolmo, Dar es Salaam, 24 de Janeiro de 1974 (SDA).<br />
107. Astrid Bergquist: Memorando (”Angående bistånd till MPLA”/”Sobre a ajuda ao MPLA”), ASDI, Estocolmo,<br />
11 de Abril de 1974 (SDA).<br />
108. Cf. A entrevista com Bengt Säve-Söderbergh: ”Neto estava sentado na minha cozinha, na famosa noite de 24 de<br />
Abril de 1974. Não fazia ideia do que se iria passar em Portugal. Não estava informado da revolta. Partiu na manhã<br />
seguinte, rumo ao Canadá” (p. 338).<br />
109. Cf. A entrevista com Hillevi Nilss<strong>on</strong>: ”Neto veio à Suécia em Abril de 1974. Na altura, ele andava muito preocupado.<br />
Reunimo-nos com os Grupos de África nas nossas instalações em Vällingby. Rolf Gustavss<strong>on</strong> esteve presente,<br />
bem como pessoas ligadas a vários Grupos de África suecos e ao Kommentar. Depois da reunião, Neto perguntou-nos<br />
sem rodeios: ”O que vamos fazer? Na presente situação só podemos c<strong>on</strong>fiar em vós. Não podemos c<strong>on</strong>fiar na União<br />
Soviética, no governo sueco nem em mais ninguém. O que vamos fazer? Poderão os senhores, enquanto movimento<br />
de solidariedade, dar-nos uma resposta a essa pergunta?” Claro que não podíamos. [...] Quem acabou por resolver o<br />
problema não foram as organizações de solidariedade, mas o povo, em Luanda” (pp. 329–30).<br />
110. A 13 de Março de 1974, o CCAH recomendou a atribuição de uma verba de 4 milhões de coroas suecas<br />
ao MPLA, para o exercício de 1974–75. Desse m<strong>on</strong>tante, 1,5 milhões foram reservados para a escola de Dolisie<br />
(CCAH: ”Protokoll”/”Actas” [”Sammanträde med beredningen för studiestöd och humanitärt bistånd till afrikanska<br />
flyktingar och nati<strong>on</strong>ella befrielserörelser”/”Reunião do comité de apoio educativo e ajuda humanitária aos<br />
refugiados africanos e aos movimentos de libertação naci<strong>on</strong>al”], ASDI, Estocolmo, 18 de Abril de 1974) (SDA).<br />
229