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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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MPLA de Angola: Um caminho mais difícil<br />

impasse, relativamente à ajuda sueca.<br />

Até ao eclodir da crise no MPLA, o governo da Zâmbia manifestou-se sempre favorável<br />

à prestação de ajuda ao movimento de Agostinho Neto. Ainda em Março de 1973, o<br />

Ministro dos Negócios Estrangeiros, Elijah Mudenda fez, a título de exemplo, um ”apelo”<br />

pessoal ao representante da ASDI em Lusaca para que ”prestasse apoio ao MPLA”. 96<br />

Quando a crise começou, a posição da Zâmbia mudou profundamente. Numa reunião<br />

com o embaixador da Suécia, Iwo Dölling, em Agosto de 1973, Mudenda criticou fortemente<br />

a liderança de Agostinho Neto, acrescentando (para surpresa geral) que ”a UNITA<br />

não pode ser deixada de lado”. Na verdade, e de acordo com Mudenda, a Zâmbia ”nada<br />

teria a opor à formação de uma frente comum entre a UNITA e os outros dois movimentos”,<br />

ou seja, a FNLA e o MPLA. 97 Em meados de 1973, o governo de Kaunda introduziu<br />

inesperadamente o movimento UNITA, de J<strong>on</strong>as Savimbi, na equação angolana.<br />

Tendo em c<strong>on</strong>ta que Nyerere tinha, quase ao mesmo tempo, feito um c<strong>on</strong>vite especial a<br />

Holden Roberto 98 e que a União Soviética retirou o seu apoio ao MPLA 99 , a posição de<br />

Agostinho Neto era cada vez mais precária.<br />

Foi muito significativo para o governo sueco o facto de Kaunda e Nyerere, os dois<br />

líderes africanos mais próximos da Suécia e que Palme havia visitado, na sua qualidade de<br />

primeiro ministro, em meados de 1971, parecerem estar a mudar as suas lealdades políticas.<br />

A Zâmbia e a Tanzânia eram, para além disso, beneficiários de quantias importantes<br />

de ajuda ao desenvolvimento. No início de Setembro de 1973, a Embaixada da Suécia<br />

em Lusaca propôs que as negociações da ajuda para o MPLA-Neto se realizassem numa<br />

base tripartida, com o governo da Zâmbia, e isso pareceu ser uma forma c<strong>on</strong>strutiva de<br />

sair do impasse. As instruções diziam:<br />

Percebemos a necessidade de se realizarem c<strong>on</strong>tactos mais aprofundados com o governo da<br />

Zâmbia, mas as negociações devem ser directamente feitas com os representantes oficiais do<br />

MPLA. Não parece adequado agir formalmente através do governo da Zâmbia. Afastarmo-<br />

-nos deste princípio poderia, na nossa opinião, abrir a porta à ingerência sob a forma de c<strong>on</strong>flitos<br />

de interesse, de terceiros. Num caso semelhante, relativo à FRELIMO, após a morte de<br />

M<strong>on</strong>dlane, recebemos uma proposta paralela do governo da Tanzânia, que recusámos, facto<br />

rec<strong>on</strong>hecido pelos próprios tanzanianos. 100<br />

Apesar da incerteza da situação, o governo sueco só rec<strong>on</strong>hecia a representação oficial<br />

do MPLA, ou seja, as cúpulas à volta de Agostinho Neto, como interlocutor legítimo.<br />

96. Carta de E.H.K. Mudenda, Ministro dos Negócios Estrangeiros, a Kurt Kristianss<strong>on</strong>, ASDI, Lusaca, 26 de Março<br />

de 1973 (SDA). Cf. a Entrevista com Kenneth Kaunda, na qual o antigo presidente da Zâmbia comenta o seu<br />

relaci<strong>on</strong>amento com Agostinho Neto, nos seguintes termos: ”Eu adorava aquele homem. Era um marxista-leninista<br />

e eu sou cristão, mas éramos grandes amigos” (p. 241).<br />

97. Carta (”Utrikesminister Mudenda om MPLA”/”Ministro dos Negócios Estrangeiros Mudenda sobre o MPLA”)<br />

de Iwo Dölling, embaixador da Suécia na Zâmbia, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lusaca, 20 de Agosto<br />

de 1973 (MFA).<br />

98. O presidente do FNLA fez uma aparatosa visita de quatro dias a Dar es Salaam, em Julho de 1973 (Marcum op.<br />

cit. (Vol. II), p. 227) e o FNLA abriu uma representação na Tanzânia e outra na Zâmbia, em 1974.<br />

99. Agostinho Neto c<strong>on</strong>taria depois a Anders Bjurner, segundo secretário da Embaixada da Suécia em Lusaca, que<br />

a União Soviética, por intermédio da sua embaixada na capital zambiana, havia oferecido ajuda a Chipenda (Carta<br />

”Minnesanteckning angående samtal med MPLAs ordförande”/”Memorando sobre c<strong>on</strong>versa com o presidente do<br />

MPLA” de Anders Bjurner ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lusaca, 24 de Abril de 1975) (MFA).<br />

100. Telegrama de Bengt Säve-Söderbergh, Ministério dos Negócios Estrangeiros à Embaixada da Suécia em Lusaca,<br />

13 de Setembro de 1973 (MFA). Säve-Söderbergh desempenhava, na altura, funções como primeiro secretário do<br />

Departamento para Cooperação Internaci<strong>on</strong>al para o Desenvolvimento. A ajuda oficial sueca aos movimentos de<br />

libertação tinha sido, em princípio, aceite pelos estados destinatários. Para mais informações sobre as relações tripartidas<br />

entre a Suécia, os movimentos de libertação e os países anfitriões, cf. abaixo e a entrevista com Thabo Mbeki<br />

(ANC), pp. 155–56.<br />

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