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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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220<br />

Tor Sellström<br />

de estudo sobre África do Kommentar, Elisabeth Hedborg 58 e Hillevi Nilss<strong>on</strong> 59 foram<br />

c<strong>on</strong>vidadas pela Associação Verdandi, no início de 1971, a participar na elaboração de<br />

um livro sobre a Zâmbia. 60 Em Lusaca foram c<strong>on</strong>vidadas por Daniel Chipenda a visitar,<br />

juntamente com o médico Bertil Sörberg, a z<strong>on</strong>a das bases do MPLA junto à fr<strong>on</strong>teira<br />

com Angola. 61 Ao fazer a viagem para a parte ocidental da Zâmbia, em Julho de 1971,<br />

ficaram profundamente impressi<strong>on</strong>ados com os problemas logísticos com que o MPLA<br />

se debatia. 62 Os mantimentos destinados à frente leste provinham quase exclusivamente<br />

do porto de Dar es Salaam na Tanzânia. O transporte era feito em três fases, primeiro<br />

por camião (viagem de 2.000 quilómetros) até Lusaca 63 e depois em veículos de tracção<br />

às quatro rodas, através do norte da Zâmbia, em estradas de brita e caminhos de terra,<br />

percorrendo mais de 1.300 quilómetros, até chegar à fr<strong>on</strong>teira de Angola. 64 A mercadoria<br />

e o equipamento tinham, por fim, de atravessar a savana e alguns rios, correndo sempre<br />

o risco de ataques portugueses, até chegar às z<strong>on</strong>as c<strong>on</strong>troladas pelo MPLA no interior<br />

de Angola. A viagem podia demorar até um mês e meio. Para receber tratamento médico<br />

adequado, os combatentes pela liberdade feridos e os doentes civis angolanos tinham<br />

igualmente de ser levados por grupos de transportadores para as clínicas do MPLA na<br />

parte ocidental da Zâmbia. 65 De volta a esta z<strong>on</strong>a em 1972, Hedborg e Nilss<strong>on</strong> escreveram:<br />

Víamos gente de todas as idades, homens, mulheres e crianças, a caminhar, carregados com<br />

todo o tipo de víveres. Por vezes, na Europa, há a tendência, no caso do Vietname ou de Angola,<br />

para pensar que a luta de libertação é algo de romântico. É fácil pensar na luta essencialmente<br />

em termos de armamento, combate, etc. Mas podemos c<strong>on</strong>firmar, de várias formas, que<br />

o que mais faz falta na luta de libertação de Angola, é muito e árduo trabalho. 66<br />

58. Hedborg acabou por se tornar numa destacada jornalista da televisão pública sueca.<br />

59. Nenhum sueco teve c<strong>on</strong>tactos mais prol<strong>on</strong>gados e próximos com o MPLA do que Hillevi (”Vivi”) Nilss<strong>on</strong>.<br />

Activa no grupo de estudo sobre África do Kommentar a partir do final dos anos sessenta, entrou em c<strong>on</strong>tacto com a<br />

organização quando Daniel Chipenda e António Alberto Neto, futuro representante do MPLA na Suécia, visitaram<br />

Estocolmo em Maio de 1970. Ela aderiu ao Grupo de África de Estocolmo e, depois das suas visitas à z<strong>on</strong>a ocidental<br />

da Zâmbia e ao leste de Angola, participou de forma estreita na luta dos angolanos. Para além do seu trabalho junto<br />

dos Grupos de África, foi secretária do gabinete do MPLA em Estocolmo e ajudou os representantes do MPLA<br />

residentes na Suécia (António Alberto Neto entre 1970–73, Saydi Mingas entre 1973–75 e Maria Jesus de Haller<br />

em 1975). Quando Mingas voltou para Angola no início de 1975, nomeou com efeito Nilss<strong>on</strong> como representante<br />

efectiva do MPLA, até à chegada de Haller, no início do Out<strong>on</strong>o (Saydi Mingas: ”Kreditivbrev/Fullmakt” – ”Credenciais/Procuração”,<br />

Estocolmo, 22 de Janeiro de 1975) (AGA). Foi, em Novembro de 1975, juntamente com<br />

o marido, Lars Nilss<strong>on</strong>, viver para Angola, <strong>on</strong>de trabalhou durante nove anos, designadamente, na tipografia do<br />

MPLA e com a União dos Escritores Angolanos (ver a Entrevista com Hillevi Nilss<strong>on</strong>, pp. 326–30).<br />

60. Föreningen Verdandis Zambiagrupp: Zambia: Ett gränsfall (”Zâmbia: Um caso fr<strong>on</strong>teira”), Folkuniversitetets<br />

förlag/Föreningen Verdandi, Estocolmo, 1972.<br />

61. Entrevista com Hillevi Nilss<strong>on</strong>, p. 326. A primeira decisão sobre ajuda oficial sueca ao MPLA tinha sido tomada<br />

uns meses antes. Nilss<strong>on</strong> viria depois a dizer que ”o próprio c<strong>on</strong>vite que Chipenda nos fez talvez se tenha ficado a<br />

dever à ajuda sueca. Visto a posteriori é claramente provável que assim tenha sido” (ibid., p. 327).<br />

62. Hillevi Nilss<strong>on</strong>: ”En vecka med MPLA” (”Uma semana com o MPLA”), em Kommentar, Nº 8, 1971, pp. 14–15.<br />

Também Hillevi Nilss<strong>on</strong>: ”15 år med MPLA” (”15 anos com o MPLA”), em Kommentar, Nº 5–6, 1983, pp. 22–35.<br />

63. O trabalho de melhoria e asfaltamento da Grande Via do Norte, entre Lusaca e Dar es Salaam estava, em grande<br />

parte, feito no final de 1970. A via férrea Tanzânia-Zâmbia só começou a funci<strong>on</strong>ar em 1975.<br />

64. A distância entre Dar es Salaam e a fr<strong>on</strong>teira angolana era a mesma que entre Estocolmo e o norte de Marrocos.<br />

A distância do porto de entrada até aos utilizadores finais no centro de Angola corresp<strong>on</strong>de a um décimo da circunferência<br />

do globo.<br />

65. O MPLA enfrentou problemas logísticos incomparavelmente mais difíceis do que o PAIGC ou que a FRELI-<br />

MO. Daniel Chipenda, o resp<strong>on</strong>sável pela logística do Comité Director do MPLA tinha, por força dessas atribuições,<br />

poderes muito alargados na frente leste.<br />

66. Hillevi Nilss<strong>on</strong> e Elisabeth Hedborg: ”Segern är säker!: Om folkets kamp i Angola” (”A vitória é certa!: A luta<br />

do povo em Angola”), em Kommentar, Nº 9, 1972, p. 6. No final de 1971, representantes do gabinete da ASDI em<br />

Lusaca visitaram também as z<strong>on</strong>as na retaguarda do MPLA, na parte ocidental da Zâmbia. Tal como Hedborg and

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