19.06.2013 Views

Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

22<br />

Tor Sellström<br />

Quando, em 1969, o governo sueco decidiu apoiar o PAIGC da Guiné-Bissau, foi<br />

a primeira vez que um país ocidental industrializado ofereceu ajuda oficial a um movimento<br />

de libertação naci<strong>on</strong>al envolvido na luta armada com outro país ocidental. Mais:<br />

a Suécia e Portugal eram parceiros na Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA).<br />

Passaremos a seguir a explicar o processo que levou a esta decisão. Entretanto, é de notar<br />

que poucos países ocidentais eram tão diferentes entre si como Portugal e a Suécia no<br />

período pós-guerra e que as ligações ec<strong>on</strong>ómicas eram inicialmente fracas.<br />

Apesar de ambos os países terem passado à margem da segunda guerra mundial,<br />

o fosso, que separava a ditadura fascista do Portugal católico da social democracia da<br />

Suécia protestante, era abissal. Na arena internaci<strong>on</strong>al, Portugal via-se como um importante<br />

portador do estandarte do destino imperial e tinha aderido à OTAN, enquanto a<br />

Suécia fazia gala do seu passado não-col<strong>on</strong>ial. Em termos naci<strong>on</strong>ais, o regime de Lisboa<br />

seguia uma via ultra-protecci<strong>on</strong>ista, que administrava uma ec<strong>on</strong>omia retrógrada e estagnada,<br />

baseada no sector primário, enquanto que o governo social democrata da Suécia<br />

registava um crescimento ec<strong>on</strong>ómico acelerado e era um país cada vez mais exportador,<br />

em resultado directo duma política de transformação industrial assente na qualificação.<br />

No prisma social, as políticas elitistas praticadas em Portugal criaram taxas de analfabetismo<br />

e má saúde pública que colocavam o país mais no terceiro mundo 11 , enquanto as<br />

práticas igualitárias do ”modelo sueco” colocavam este país na vanguarda da educação e<br />

da saúde.<br />

As relações comerciais entre Suécia e Portugal eram bastante marginais até meados<br />

dos anos 60. Em 1950, o valor das exportações suecas para Portugal chegava a 28,3<br />

milhões de coroas suecas, ou seja 0,5 por cento do total de exportações. Os números corresp<strong>on</strong>dentes<br />

para as importações suecas feitas por Portugal representavam nesse mesmo<br />

ano 25,1 milhões de coroas suecas, ou seja 0,4 por cento. Dez anos mais tarde o valor<br />

das exportações suecas tinha aumentado para 60,9 milhões de coroas suecas, mas a parte<br />

de Portugal no total de exportações ficou estável, enquanto a proporção relativa das<br />

importações de Portugal diminuiu para 0,3 por cento. 12 Era fácil de ver que o comércio<br />

externo que a Suécia tinha com Portugal era muito menos relevante do que o que tinha<br />

com a antiga colónia portuguesa, o Brasil. Os investimentos directos em Portugal foram,<br />

durante muito tempo, apenas de relevância marginal. Apenas algumas empresas suecas,<br />

como a SKF e a Electrolux tinham estabelecido sucursais em Portugal nos anos 20, ao<br />

passo que algumas empresas têxteis viriam, mais tarde, a fazer investimentos directos.<br />

Por junto, havia apenas cerca de cinco empresas suecas em Portugal em 1960 e os seus<br />

produtos combinados eram bastante reduzidos. 13<br />

mittén/Actas da reunião com o Comité Maunday Thursday”, 22 de Janeiro de 1962) (Jle). O futuro Presidente de<br />

São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, esteve presente no C<strong>on</strong>gresso Afro-Escandinavo da Juventude em<br />

Oslo em Agosto de 1962.<br />

11. O governo sueco, através da ASDI, deu ajuda oficial ao desenvolvimento a Portugal, depois da queda da ditadura<br />

em 1974.<br />

12. (Para 1950:) Kommerskollegium: Handel: Berättelse för år 1950, Volym I, Sveriges Officiella Statistik, Norstedt<br />

& S<strong>on</strong>er, Estocolmo, 1952. (Para 1960:) Statistiska Centralbyran: Handel: Berättelse for år 1960, Volym II, Estocolmo,<br />

1963.<br />

13. Mats Björnss<strong>on</strong>: ”Svenska företags intressen i Portugal” (Interesses de empresas suecas em Portugal”), Universidade<br />

de Estocolmo, 1972, p. 7.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!