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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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208<br />

Tor Sellström<br />

em Março de 1984, c<strong>on</strong>tinuou a existir até 1986, ano em que o primeiro ministro sueco<br />

foi assassinado e em que o presidente Machel morreu, vítima do misterioso despenhamento<br />

do avião em que viajava. Entretanto, foram canalizados recursos suecos para a ZANU<br />

e para o ANC em Moçambique, a título de ajuda humanitária oficial. Os refugiados do<br />

Zimbabué no país receberiam ajuda directa e indirecta. Só em 1977, foram atribuídos 22,5<br />

milhões de coroas suecas à ZANU, ao governo moçambicano e ao ACNUR. 222<br />

No seu discurso de independência à nação moçambicana, o presidente Machel declarou,<br />

a 25 de Junho de 1975, que ”[...] c<strong>on</strong>sideramos importante desenvolver os nossos<br />

relaci<strong>on</strong>amentos com os países escandinavos, a Finlândia e os Países Baixos, que tiveram<br />

capacidade de entender a justiça da causa anti-col<strong>on</strong>ial”. 223 No caso da Suécia, a ajuda<br />

humanitária à FRELIMO transformou-se em ajuda ao desenvolvimento para Moçambique<br />

independente, incluído na lista dos estados com prioridade para a recepção de ajuda<br />

ao desenvolvimento disp<strong>on</strong>ibilizada pela Suécia. A transição, nas palavras de Marcelino<br />

dos Santos, foi ”completamente natural”. 224<br />

Dez anos depois de ter recebido ajuda sueca pela primeira vez, destinada ao Instituto<br />

Moçambicano em Dar es Salaam, Janet M<strong>on</strong>dlane pôde, no seu novo cargo de Directora<br />

Naci<strong>on</strong>al da Cooperação Internaci<strong>on</strong>al junto do Ministério para o Desenvolvimento e<br />

Planeamento Ec<strong>on</strong>ómico, manter c<strong>on</strong>tactos com a Suécia e, já com uma base diferente,<br />

discutir o formato a dar ao relaci<strong>on</strong>amento a l<strong>on</strong>go prazo entre os dois países. Inicialmente<br />

centrada na agricultura 225 e na educação 226 , mas incluindo comp<strong>on</strong>entes importantes<br />

de assistência técnica e de apoio orçamental, a ajuda a Moçambique independente começou<br />

rapidamente a aumentar. Durante o período entre 1974–75 e 1994–95, atingiu,<br />

a preços fixos de 1995, um total de 11,5 mil milhões de coroas suecas. 227 Do p<strong>on</strong>to de<br />

vista das transferências totais de recursos, Moçambique tornou-se, em finais da década<br />

de oitenta, no maior beneficiário de ajuda oficial sueca. Desde o início que o país atraíra<br />

um c<strong>on</strong>junto de organizações não-governamentais. Os Grupos de África acabariam por<br />

desempenhar um papel muito apreciado por todos, pois dando apoio financeiro oficial<br />

desde 1976, acompanharam as suas campanhas, recrutando ”trabalhadores para a solidariedade”<br />

qualificados 228 , que eram depois destacados para Moçambique. 229<br />

222. CCAH: ”Biståndsframställning från UANC/Zimbabwe” (”Pedido de ajuda do UANC/Zimbabué”), Ministério<br />

dos Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 27 de Janeiro de 1978 (SDA).<br />

223. Citado em Mozambique Revoluti<strong>on</strong>, Nº 61, Junho de 1975, p. 23. Ver também as entrevistas com Jorge<br />

Rebelo (p. 47) e Marcelino dos Santos. Na última entrevista, Marcelino dos Santos explicou que os únicos governos<br />

ocidentais que foram formalmente c<strong>on</strong>vidados para as cerimónias de independência foram os países nórdicos e a<br />

Holanda. C<strong>on</strong>tudo, recorrendo a artimanhas, o Ministro Britânico da Cooperação Internaci<strong>on</strong>al, que estava de visita<br />

a Moçambique na altura, ” c<strong>on</strong>seguiu infiltrar-se” nas celebrações (pp. 50–51).<br />

224. Entrevista com Marcelino dos Santos, p. 50.<br />

225. Uma das primeiras grandes iniciativas foi o Programa Agrícola C<strong>on</strong>junto Nórdico-Moçambicano, coordenado<br />

pela ASDI. Deve notar-se que o governo da Islândia também c<strong>on</strong>tribuiu para este programa.<br />

226. Tal como, mais tarde, se viria também a verificar no caso de Angola, do Zimbabué, da Namíbia e da África do Sul,<br />

muitos dos ministros moçambicanos tinham, através da ajuda humanitária oficial da Suécia, tido c<strong>on</strong>tactos directos ou<br />

indirectos com a Suécia. A Ministra da Educação e Cultura, Graça Simbine, futura mulher do presidente Machel (e, em<br />

1998, do presidente Mandela, da África do Sul), tinha, por exemplo, deixado Moçambique, com uma bolsa de estudo<br />

dos metodistas para ir estudar em Portugal, <strong>on</strong>de aderiu à FRELIMO e ao Instituto Moçambicano na Tanzânia, em<br />

finais de 1972. O programa de bolsas de estudo metodistas foi em grande medida financiado pelo governo sueco.<br />

227. ASDI op. cit., p. 27.<br />

228. Segundo os AGIS, ”ser um trabalhador para a solidariedade” implica mais do que ter uma profissão adequada.<br />

Significa, por exemplo, encarar o trabalho de solidariedade em África como parte do trabalho anti-imperialista que<br />

é feito tanto em África como em acções de solidariedade na Suécia” (AGIS: ”Actividades de recrutamento pelos<br />

Grupos de África da Suécia”, Estocolmo, Dezembro de 1976; original em língua inglesa) (AGA).<br />

229. O governo de Moçambique e os Grupos de África (AGIS) chegaram, a 1 de Março de 1977, a um acordo

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