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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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206<br />

Tor Sellström<br />

Moçambique independente: C<strong>on</strong>tinuação do relaci<strong>on</strong>amento<br />

Em 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas derrubou o regime de Caetano<br />

em Portugal. 211 Enquanto as forças da FRELIMO prosseguiam o seu avanço no<br />

terreno, chegando à província da Zambézia em Julho de 1974, pouco depois do golpe<br />

dos oficiais do MFA iniciaram-se as discussões políticas com o movimento moçambicano<br />

de libertação. Essas c<strong>on</strong>versações viriam a culminar, em 7 de Setembro de 1974, na<br />

assinatura dos Acordos de Lusaca, que permitiram a transferência inequívoca de poderes<br />

para a FRELIMO, sem eleições prévias, e após nove meses de governo de transição. 212<br />

Esse governo, liderado pelo primeiro ministro Joaquim Chissano e composto por seis<br />

ministros da FRELIMO e quatro portugueses, tomou posse a 20 de Setembro de 1974.<br />

Tratava-se dum governo de transição, até à independência formal da República Popular<br />

de Moçambique, a 25 de Junho de 1975, altura em que Samora Machel assumiu a presidência.<br />

213 Cinco dias depois, o vice presidente da FRELIMO, Marcelino dos Santos,<br />

foi nomeado Ministro para o Desenvolvimento e Planeamento Ec<strong>on</strong>ómico, e Joaquim<br />

Chissano tornou-se no primeiro Ministro dos Negócios Estrangeiros da Moçambique<br />

independente.<br />

As c<strong>on</strong>sultas entre o governo sueco e a FRELIMO sobre o futuro relaci<strong>on</strong>amento<br />

bilateral entre as duas partes, incluindo na área da cooperação para o desenvolvimento,<br />

começaram no início de 1975. Liderando uma grande delegação, Marcelino dos Santos<br />

visitou Estocolmo em meados de Abril de 1975. 214 Para além de se reunir com resp<strong>on</strong>sáveis<br />

do Ministério dos Negócios Estrangeiros 215 , com a ASDI e com os AGIS, que marcaram<br />

presença nas comemorações da independência em Junho, enc<strong>on</strong>trou-se também<br />

com o primeiro ministro, Olof Palme.<br />

Sublinhando o estreito relaci<strong>on</strong>amento com a FRELIMO, Palme declarou que o povo<br />

sueco ”se identificou com a luta da FRELIMO, não apenas como luta c<strong>on</strong>tra o col<strong>on</strong>ialismo,<br />

mas também por causa dos objectivos sociais e ideológicos inscritos no programa<br />

da FRELIMO”. 216 Na sua resposta, Marcelino dos Santos descreveu a Suécia como ”um<br />

modelo” a seguir por outros países ocidentais, declarando que a Suécia havia desempenhado<br />

um papel particularmente importante no Movimento dos Não-Alinhados. 217 O<br />

Vice presidente da FRELIMO explicou também que o governo do agora independente<br />

estado de Moçambique acataria a decisão das Nações Unidas relativa às sanções c<strong>on</strong>tra<br />

211. Janet M<strong>on</strong>dlane estava, na altura, de visita à Suécia, para ter c<strong>on</strong>versações com a ASDI (Torgil Ringmar: ”Brev<br />

till K<strong>on</strong>ungen”/”Carta ao Rei”: ”Stöd till FRELIMO”/”Apoio à FRELIMO”, ASDI, Estocolmo, 10 de Julho de<br />

1974) (SDA).<br />

212. Dois dias depois da assinatura dos Acordos de Lusaca, um movimento de col<strong>on</strong>os brancos tentou levar a<br />

cabo um golpe em Lourenço Marques (Maputo). Apoiados por alguns comandos militares, os auto-proclamados<br />

”Dragões da Morte” tomaram o c<strong>on</strong>trolo da estação de rádio e fizeram explodir um paiol de munições fora da capital.<br />

A rebelião foi esmagada por uma força c<strong>on</strong>junta de soldados portugueses e tropas da FRELIMO. Tiveram lugar<br />

outros distúrbios em Outubro de 1974.<br />

213. A Suécia rec<strong>on</strong>heceu oficialmente a República Popular de Moçambique a 25 de Junho de 1975 (Ministério dos<br />

Negócios Estrangeiros: Documents <strong>on</strong> Swedish Foreign Policy: 1975, Estocolmo, 1977, p. 267).<br />

214. A delegação visitou todos os países nórdicos. Numa entrevista dada em Maio de 1996, Marcelino dos Santos<br />

disse que ”fomos aos países agradecer o apoio de todos durante a luta pela libertação naci<strong>on</strong>al” (Entrevista com<br />

Marcelino dos Santos, p. 51).<br />

215. Ann Wilkens and Arne Ström: Memorandum (”FRELIMO-besök i Sverige”/”Visita da FRELIMO à Suécia”),<br />

Ministério dos Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 6 de Maio de 1975 (SDA).<br />

216. Ann Wilkens and Mikael Dahl: Memorandum (”Besök av FRELIMO-delegati<strong>on</strong> hos statsministern”/”Visita<br />

da delegação da FRELIMO ao primeiro ministro”), Ministério dos Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 14 de Maio<br />

de 1975 (SDA). A reunião entre Marcelino dos Santos e Olof Palme realizou-se a 18 de Abril de 1975.<br />

217. Ibid.

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